"Capítulo 41"

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Capítulo 41

Não comi o primeiro café da manhã que nos foi servido no serviço de bordo do avião. Me sentia totalmente sem fome e mais enjoada do que nunca. Acompanhei pela janela Londres sendo deixada para trás, até as cidades se tornarem borrões sob meus olhos e nada mais restar do que o oceano azul platina embaixo do avião. Tentei procurar algum filme pra assistir, mas nenhum parecia despertar meu interesse; tentei ouvir alguma música, mas quando vi que One Direction estava nos destaques musicais, também acabei desistindo. A senhora ao meu lado caiu no sono em dez minutos de voo, então eu estava livre de ter que inventar uma conversa fiada com uma desconhecida, o que me deixou bastante aliviada. Peguei o catálogo de informações sobre o voo, mas quando comecei a ler o que deveríamos fazer em caso de pane, despressurização e essas coisas, comecei a entrar em pânico e abandonei exatamente onde o tinha pegado antes; a última coisa que eu queria ler agora era sobre um possível desastre aéreo.

Peguei o cobertor que eles nos dão quando entramos no avião, o abri e me cobri, encostando minha cabeça na janela e tentando pensar nas coisas boas que me esperavam no Brasil... O problema é que eu não conseguia pensar em quase nada, porque tudo me remetia ao que eu já estava vivendo de bom em Londres e tive que deixar pra trás, por uma escolha que não havia sido minha. Apertei a bússola pendurada em meu pescoço e desejei que ela fosse o vira-tempo da Hermione, que eu pudesse voltar no meu primeiro dia e ignorar Louis Tomlinson e seu comportamento infantil e babaca de querer fazer poses pra chamar minha atenção, ou ter sido mais severa com minha mãe pelo telefone e ter dispensando Miriam Rezende assim que tive a primeira oportunidade, ou melhor ainda... Voltar no dia em que me inscrevi pra bolsa de estudos! Pelo menos eu ainda estaria vivendo no Brasil e frustrada com outras coisas, e não por um sonho interrompido. Maldita Rowling que inventa essas coisas e as deixa apenas na literatura e nos nossos sonhos. Pra que colocar algo tão valioso e precioso em uma obra de ficção, sendo que não podemos usar na vida real? Ah, ótimo, agora estou começando a delirar, deve ser a altitude.

Fechei meus olhos contanto até dez, mil, cem, trocentos... Queria ficar inconsciente logo e só acordar quando ouvisse o tão famoso "Tripulação, preparar para pouso", porque aí, sim, eu ia ter plena certeza que meu pesadelo teria começado. Brasil! Tentei pensar em alguma coisa boa, alguma memória que me tirasse daquele ambiente e me levasse de volta pra Londres, nem que fosse por duas horas até eu pegar no sono, ou então que me envolvesse por completo e que não lembrasse de mais nada pelas onze, doze horas que me separavam do meu país. Pensamentos felizes, pensamentos felizes... Tudo Louis.

Novembro - Casa do Tom Fletcher

Don't give me no lip
(Não me desrespeite)
Don't give me no lip
(Não me desrespeite)
Don't give me no
(Não me desrespeite, não)

Assim que entramos, eu já comecei a cantar e sorrir como uma idiota! Estava segurando a mão de Louis e ele gargalhou quando viu minha cara de felicidade, como se esta fosse exatamente a reação que ele estava esperando: eu com uma bela cara de retardada!

Estávamos perto do estúdio e eu podia ouvir Dougie cantando, as guitarras de Tom e Danny e a percussão forte e presente de Judd, e meu coração acompanhava as batidas. Don't give me no lip era um lado B quase nada conhecido do Pearl Jam, e eu sempre imaginei Daniel Jones cantando Eddie Vedder, mas nunca Dougie Poynter. E ele só escolheu a música perfeita pra voz dele, combinou tão certo que, se eu fechasse os olhos, era Eddie no auge dos seus 25 anos cantando... Dá até arrepio.

Don't give me no lip, i've had my fill of it
(Não me desrespeite, eu já estou cheio disso)
Don't give me no lip, i've lost my taste for it
(Não me desrespeite, eu já perdi o gusto por isso)
Don't give me no lip, you've got to face this shit
(Não me desrespeite, você tem que enfrentar essas merdas)
Don't give me no lip, Don't give me no lip
(Não me desrespeite, não me desrespeite)

"500 days in london"Onde histórias criam vida. Descubra agora