Como você se sentiria, se um dia você tivesse que abandonar todos os seus amigos e o lugar onde cresceu?
Como você se sentiria, se você tivesse que deixar tudo para trás e mergulhar em uma nova vida? Um novo país? Uma nova cidade? Uma nova escola? Novas pessoas pelas quais você nunca ouviu falar?
É claro que eu teria o Louis, mas isso não muda o fato de que eu teria que enfrentar uma nova vida em um lugar completamente desconhecido.
Meu nome é Lauren Michelle Jauregui Morgado, tenho dezessete anos, nasci e cresci em Londres – Inglaterra, e estou prestes a embarcar em um caminho sem volta...
- LAUREN MICHELLE, LEVANTE JÁ DESSA CAMA ANTES QUE EU ARROMBE ESSA PORTA!
Isso foi a minha mãe me gritando pela décima vez nessa manhã.
O meu despertador já havia tocado há alguns minutos, mas eu não queria me levantar da cama. Não queria ter que acordar e enfrentar toda a realidade que estava por vir. Por esse motivo, a dona Clara passava em frente ao meu quarto a cada cinco minutos para esmurrar a porta.
Decidi me levantar de uma vez e aceitar que eu não poderia dormir a vida inteira, embora eu quisesse. Também tem o fato de eu não querer que a minha mãe arrombe a minha porta e me coloque para fora de casa na base das vassouradas.
Tirei o meu travesseiro da minha cabeça e me sentei na cama. Observei o meu quarto todo vazio e as dezenas de caixas em que as minhas coisas estavam empacotadas. Meu coração se apertou pela primeira vez ao dia. Era como se aquele quarto nunca tivesse existido, como se eu nunca tivesse morado ali e vivido os melhores momentos da minha infância e adolescência.
Soltei um longo suspiro e caminhei até a minha mochila, que estava em um canto do quarto. Peguei uma muda de roupas e me arrastei até o banheiro para o meu último banho naquele lugar. Enrolei o máximo que eu pude em baixo do chuveiro e quando eu sai do banheiro dei de cara com a minha mãe, sentada na minha cama.
- Eu já estava indo, não precisava vir me buscar - falei, enquanto guardava a minha roupa suja sem um pingo de ânimo na mochila.
- Filha, você vai gostar de lá... – ela começou com o discurso, que eu já conhecia palavra por palavra de trás para a frente. -... é um ótimo lugar pra morar, você vai fazer novos amigos e vai se divertir bastante! - Rolei os olhos.
Qual o problema que ela tem em entender que eu não quero amigos novos? Que eu não quero ir morar em uma droga de um lugar novo?
- Já acabou? - Fechei o zíper da mochila e joguei a alça sobre o meu ombro.
Sabendo que não adiantaria tentar me convencer, ela se levantou da cama bufando para me dar um beijo na testa. A contragosto, dei uma última olhada em meu quarto e desci as escadas atrás dela. Todos já estavam prontos e dentro do carro nos esperando, só faltava eu e a dona Clara que veio me buscar. Passei o mais calmamente possível pelos corredores e cômodos, gravando cada cantinho daquele lugar na minha memória para nunca esquecer. Ao atravessar o enorme jardim, minha mãe segurou em minha mão e sorriu fraco em uma espécie de apoio mudo. Mas eu estava com raiva e tudo o que eu menos queria naquele momento era contato, então logo tratei de me afastar.
Assim que atravessamos os portões da casa, o meu corpo foi atingido por uma vadia magricela.
- Vero? - Perguntei confusa, ela estava agarrada em mim feito um coala prestes a me sufocar. - Você está me sufocando! - Tentei empurra-la, mas ela não me largava.
- Cala a boca! Não estraga o clima! – Estapeou o meu ombro e eu gargalhei antes de retribuir o abraço. – Achou que iria embora sem se despedir mim? - Falou em meu ouvido e eu suspirei pesadamente.
- Pensei que seria mais fácil sem despedidas - enterrei o rosto em seus cabelos e senti o meu peito se apertar.
Era por isso que eu não queria me despedir, para evitar a cena de duas crianças crescidas chorando feito dois bebês.
- Sua vagabunda, eu deveria socar a sua cara! - Ah, como eu iria sentir falta dos xingamentos e ameaças da Veronica. – Primeiro o Lou, e agora você... - sussurrou.
Senti os meus olhos arderem na mesma hora.
Louis e Veronica são irmãos, mas diferente do irmão ela preferiu ficar em Londres com os avós. O pai deles é sócio do meu pai, os dois são donos de uma rede de hotéis internacionais, a"Tomlinson Jauregui". Por causa disso, nós três crescemos juntos e somos praticamente irmãos desde que eu era apenas uma pirralha. O Sr. Tomlinson tomava conta dos negócios em Miami, por esse motivo o Louis se mudou para lá com os pais. E agora, é a vez do meu pai ir para lá para ajudar com os negócios ao lado do sócio. Ele simplesmente decidiu que seria uma ótima experiência e meteu toda a família nisso. Eu não podia ir contra as ordens do meu pai, então estava indo nessa obrigada.
- Eu vou vir te visitar e você também vai para lá, ok? - Sussurrei no ouvido da minha amiga, que assentiu vagarosamente com a cabeça. – Agora chega dessa melação – me afastei dela e sequei as lágrimas que teimaram em escorrer pelas minhas bochechas.
Olhei para Veronica e percebi que ela também secava as próprias lágrimas disfarçadamente.
- Não conte sobre isso pra ninguém, ou eu te mato Jauregay! - Ela disse, se referindo ao choro vergonhoso, e nós caímos na gargalhada.
- Laur, o papai pediu pra te apressar - Taylor apareceu por ali, sorriu triste e acenou para Vero.
- Eu já estou indo - falei e ela assentiu, voltando para o carro.
Dei um último abraço apertado na minha amiga e lá estavam as malditas lágrimas de novo.
- Eu vou sentir a sua falta! – Confessei baixinho.
- Eu também, até mesmo da sua gayzisse – essa é a Vero, nunca leva nada a sério!
Neguei com a cabeça e me afastei. Acenei para ela e entrei de uma vez no carro preto. Todos me olhavam com pena, até mesmo os meus pais. O que era no mínimo irônico, já que foram eles quem me meteram nisso. Encostei a cabeça no vidro e não movi um músculo até chegar na pista de decolagem. Fiquei olhando pela janela as diversas paisagens da minha cidade, passando feito borrões.
Assim que chegamos na pista de decolagem eu sai do carro e fui direto para o jatinho, ignorando completamente os seguranças e o motorista. Me joguei de qualquer jeito em uma poltrona dos fundos e em poucos segundos o meu irmão se sentava ao meu lado.
- Pelo menos fingi que está gostando... – ele disse. – Pelo papai e a mamãe que estão realmente felizes com a mudança – eu sabia que ele estava certo, mas iria demorar muito até eu me acostumar com tudo isso.
- Não enche, Chris! - O cortei logo, só queria ficar quieta no meu canto e tentar digerir o que estava acontecendo.
Meu irmão negou com a cabeça de forma repreendedora e se levantou. Peguei o meu ipod na mochila, coloquei os fones e encostei a cabeça na poltrona ouvindo a musica alta preenchendo a minha mente.
Eu não sei o que esperar dessa nova fase da minha vida, mas eu espero que essa angústia acabe logo.
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The Girl Of My Dreams
FanfictionO que acontece se um dia você mudar de cidade e de escola, e só tiver o seu melhor amigo de conhecido? O que acontece se você acabar virando a melhor amiga da namorada do seu melhor amigo? O que acontece se todos a sua volta disser que você e a na...