(ALGUMAS SEMANAS DEPOIS)
Acordo disposto nessa manhã de sábado, tomo um banho rápido e me arrumo para o café da manhã. Ao abri a porta do meu quarto, dou de cara com o James saindo do quarto dele. Me aproximo, e tocando as suas mãos digo:
— Bom dia.
— Um ótimo dia — ele responde, me agarrando com um beijo.
Os pais do James voltaram para Londres. Ele os convenceu de que já era grande e responsável o suficiente pra continuar aqui sozinho, que os seus pais não precisavam viver por ele, mas por eles. Tudo foi mais fácil quando minha mãe convidou o James para morar conosco, com a condição é claro, de que ele tivesse um quarto só dele, alegando ser o correto nesse início de namoro. Então tudo ficou acertado e ele já está morando aqui há algumas semanas.
Descemos as escadas de mãos dadas e tomamos café da manhã sem pressa, diferente dos dias em que tem aula. Depois cada um sobe para seu quarto e pega o seu novo envelope parto, com novas recordações que queremos rever no futuro. Em seguida pegamos a mesma caixa na sala, guardamos os envelopes lá dentro e a fechamos com sacolas plásticas. Levamos ela até o carro e a colocamos no banco de trás.
— O dia deve está lindo, posso sentir o sol queimando o meu braço — James comenta enquanto entra no carro.
— É o verão cada vez mais próximo — respondo, ligando o carro e dou partida.
— E com ele, as férias — ele comenta, empolgado.
James não desistiu do convite da escola de artes, eu pedi isso pra ele. Ele desenha muito bem para perder essa oportunidade, mas também pedi para ele tentar transferir esse convide para alguma filial da escola aqui nos Estados Unidos. E ele conseguiu transferir para a única filial no país, que fica na cidade de Helena no estado de Montana, onde coincidência ou não, é a mesma cidade em que fica a faculdade de biologia em que fui aprovado. Nos mudamos assim que as aulas terminarem. Minha mãe conseguiu um apartamento para eu morar junto com ele, então não vamos ficar distantes um do outro.
Estaciono o carro na encosta da floresta, que já está ficando com a marca do carro. Pegamos a caixa mais a pá no porta-malas e começamos a caminhar de mãos dadas.
Descemos a mesma colina de dez anos atrás. No solo plano rodeado por árvores, James começa a cavar um buraco.
— Me fala se eu estou cavando certo viu? — ele diz, começando a cavar.
— Pode ir, você está acertando.
O dia está realmente bom; o sol brilha entre algumas nuvens, um ventinho agradável emana entre árvores amenizando o calor, e a sensação de paz presente é inexplicável. James cava o buraco rapidamente, ele ficou só alguns centímetros mais fundo que o antigo. Nós enterramos a caixa com as nossas próprias mãos, utilizando a terra que o James cavou.
— Você acredita que eu já estou curioso para saber o que você colocou no seu envelope? — comento, me levantando ao finalizar o trabalho.
— Acredito — ele me abraça por trás. — Mas você sabe que só vamos abrir...
— Daqui a cinco anos, quando estivermos a caminho da nossa lua de mel — Completo sua frase.
— Falta só mais um coisa — ele me vira de frente pra ele. — Uma nova promessa.
— E qual seria?
— Nós temos que prometer um ao outro que só iremos abri essa caixa juntos e que além de amigos, nós nos amaremos para sempre, não importando o que aconteça. Eu prometo — ele estende o dedo mindinho em minha direção.
— Eu prometo — também estendo o dedo mindinho e encaixo ao dele, formando uma aliança, um símbolo da nossa promessa e do comprometimento de um com o outro. — Obrigado por existir James.
— Obrigado por existir Joe.
Ele me puxa pela cintura para mais perto do seu corpo e nos beijamos, nessa maravilhosa manhã, no fim da primavera.
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Além dos seus olhos
RomanceJoe não vê o seu melhor amigo James a sete anos. E quando eles se reencontram, Joe descobri que James ficou cego. Os dois amigos se reaproximam e descobrem o amor de um pelo outro. Mas esse amor será forte o suficiente para enfrentar todas as dificu...