Capitulo 03

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Fiz Li dar varias voltas, dobramos em ruas estreitas e saímos e avenidas movimentadas, por bairros de pessoas mal encaradas e bairros que nós nem víamos pessoas. Estava me sentindo mal por estar fazendo isso com ele, mas eu só não queria que ele soubesse onde eu morava. Sempre que ele me perguntava se estava perto, eu apenas grunhia algo ininteligível e ele seguia em frente, estava cansado e queria apenas chegar em casa. Mas nem sempre o que a gente quer a gente pode.

- Você mora na china? - Ele perguntou quando eu mandei ele dobrar em uma esquina e saímos em uma rua estreita e larga, poderia parecer que eu estava perdido, mas não estava. Essa rua larga era a rua de trás da minha casa. Nós estamos apenas rodando no meu bairro - Por que pelas suas instruções é o único lugar em que eu consigo pensar.

- Não, - Respondi olhando para frente, não queria olhar para ele, tinha medo que ele descobrisse que eu estava mentindo - Mas se fosse lá, você poderia conhecer seus parentes.

- Eu sou brasileiro - Ele protestou - Nasci e cresci aqui.

- Vire na próxima esquerda - Disse assim que a rua estreita chegou ao fim. Mas Li não fez o que eu pedi, ele pisou no freio e parou. Tirou as mãos e olhou para mim, seus olhos puxados estavam ainda mais repuxados.

- Para de brincar comigo - Ele disse, levou sua mão até o meu queixo quando eu tentei olhar para baixo - Olha para mim. Chris se você quiser nós podemos ficar nesse seu joguinho a noite toda, mas eu sei que você esta cansado, quer dormir. Então para com essa tua graça e me diz logo onde tu mora.

- E se eu dizer que moro debaixo da ponte?

- Eu levaria você até lá.

- Você pode me deixar aqui, Li - Falei, não afastei a minha cabeça do seu contato, estava bom, fiquei momentaneamente surpreso com esse pensamento, depois relaxei e continuei - Eu desço, vou para casa e você vai para sua, simples assim.

- Não.

- Por que?

- Por que se eu não for com você até a sua casa é bem provável que você comece a fazer algo e não durma - Falou, ele puxou a minha cabeça, gentilmente, mais para frente. Meu peito batei no freio de mão, ele estava muito perto de mim - Me de apenas um motivo para eu não ir para a sua casa?

- Só um?

- Um.

Procurei por esse motivo na minha mente, mas não achei nada. Minha mente estava uma confusão enevoada, seu toque estava fazendo loucuras comigo, queria disser que se eu amostrasse onde morava ele iria se afastar de mim, se sentir superior, me olhasse com pena. E eu odiava quem sentia pena de mim. Odiava. Mas ao invés disso não falei nada, apenas suspirei derrotado e falei:

- Certo, nós estamos na rua do fundo. Minha casa é do outro lado.

Ele ligou o carro novamente e a ida até a minha casa não durou 3 minutos, fiquei apreensivo quando mostrei a minha pequena casa para ele e dito para ele parar. Olhei para ele para ver se conseguia ver algum sinal de pena ou repulsa, mas ele não demonstrava isso, seus olhos repuxados brilhavam de felicidade e os cantos da sua boca estavam suspensos. Tirei o cinto, estiquei a minha mão até o banco de trás e peguei a minha mochila, ele também já tinha tirado o cinto e estava saindo do carro agora. Abri a porta e sai. Dei a volta e escutei quando ele travou o seu carro. Segundos depois ele estava do meu lado, começei a vasculhar no bolso pequeno da minha mochila a procura da chave da porta, remexi, tateando varias coisas até senti o material frio e pega-lo. Abri a porta e deixei que ele entrasse primeiro.

- Não repara na bagunça - Falei.

- Que bagunça? - Ele perguntou claramente confuso - Sua casa esta impecável, nada fora do lugar.

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