Capitulo 24

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Entrei sem bater e fiquei parado na porta, em choque. Por que a cena que se passava na minha minúscula sala eu jamais imaginaria, Li sentado em um sofá de frente para os meus irmãos, tendo uma conversa amigável. Eu devo ter batido a cabeça com muito força em uma das quedas de bicicleta. Eles rapidamente viraram suas cabeças na direção no som e seus olhos se arregalaram. Heitor trombou em mim, fazendo assim eu dar alguns passos cambaleantes para frente, me empertiguei e encarei as pessoas que eram o meu tudo para mim a um mês atrás. Um movimento fraco chamou a minha atenção, olhei naquela direção e tive o desprazer de ver a minha copia japonesa, quando o meu olhar encontrou o dele, ele se contorceu desconfortável e enrolou os braços finos no braço esquerdo de Li. Aquele simples gesto de covardia revirou o meu estomago, foi isso que eu disse para mim mesmo, mas na verdade a covardia nem me interessava.

Li se levantou em um pulo do pequeno sofá, fazendo com o seu gesto Chin cair desengonçado no sofá. Veio pisando duro em minha direção, punhos fechados, queixo crispado e olhos em fendas minúsculas. Antes que eu pudesse dar um pequeno passo para frente Heitor com todo aquele corpanzil ficaram em minha frente. Li parou e grunhiu, o meu ex namorado podia ser alto e musculoso, mas Heitor era um pouco mais.

Caio, Pedro e Larissa vieram e se postaram um pouco mais atrás de Li, o outro japonesinho mais atrás dos meus irmãos. Heitor deu um passo para frente e eu coloquei minha mão na curva de seu cotovelo, Li percebeu o movimento e franziu ainda mais a testa, trincou os dentes, mas antes um grunhido raspado escapou por sua boca. Chin se moveu um pouco mais para trás depois do ataque de Li e eu resolvi focar nele.

- Oi, Chin! - Levantei um braço e acenei na direção dele, mas o japonesinho foi muito menos gentil. Chin se limitou a um balançar de cabeça e uma sombra de sorriso apareceu em seu rosto - Não sabia que você conhecia os meus irmãos.

- Eu os conheci hoje - E novamente aquela voz passiva e submissa, afirmando mais uma vez que aquele garoto era uma copia minha, ou eu era uma copia dele - Li-Yang me trouxe aqui.

- E o que Li-Yang veio fazer aqui, Chin? - Fiz questão de demorar alguns segundos no nome de Li, eu nunca tinha chamado ele desse jeito, uma vez tentei, mas Li logo me cortou e disse que aquela segunda parte do seu nome remetia a seu pai, então eu nunca mais tentei. Pra mim ele sempre seria Li - Já que na ultima vez que eu estive com Li-Yang, ele atestava que não gostava de meus irmãos?

- Para, Chris! Para - A voz de Li foi como uma chicotada, a ferocidade da voz ficou zunindo naquele ambiente pequeno como estática - Eu trouxe Chin aqui por que precisava falar com os seus irmãos. Falar que eu tinha te visto.

- Mas não precisava, Li - Coloquei a mão no peito e abri um sorrisinho que destilava falsidade - Eu estava justo vindo para a minha casa.

- E o que Heitor faz com você, Chris - Larissa andou até estar ao lado de Li, olhou desconfiada de Heitor para mim e estreitou os olhos - Você foi treinar, Chris?

- Heitor?! - A voz de Li virou um rugido - Então esse é o nome do cara que raptou, manteve em cárcere privado e fez lavagem cerebral no irmão de vocês, Larissa?

- Serio, Li?! Serio que você vai contar essa besteira? - Gritei e fui até onde ele estava - Você sabe melhor do que todos aqui, que ninguém me raptou.

- Você fez aquilo por que quis, Chris - Ele cuspia as palavras em fúria - Você não me deixou falar nada.

- Uma imagem vale mais do que mil palavras - Destilei sarcasmo em minhas palavras - Essa frase te lembra alguma coisa, Li-Yang?

- Eu não te trai, Chris - Eu dei alguns passos para trás, a fúria de Li já estava quase incontrolável - Eu não te trai em nenhum segundo.

- Para se ser falso e diga a verdade, seu idiota! - Tive que me controlar a minha voz saiu quebradiça e fraca. Eu não queria me agarrar em palavras falsas de atos falsos e depois criar esperança que Li ainda podia me amar - Eu vi você beijando ele.

- Mas eu não te trai - E fez uma coisa que eu jamais poderia imaginar ele fazendo. Ele avançou para cima de mim, com os punhos em ristes. Eu fiquei tão desconcertado que não me mexi, fiquei esperando o soco que nunca chegou. Heitor pegou a mão dele que estava mais próxima de mim e jogou Li para cima do sofá como uma boneca de pano, parecia que todo o ar da sala tinha sido sugada, meu peito estava apertado e senti as lagrimas descerem pelo meu rosto. Li me olhou do sofá, e também começou a chorar - Desculpa, Chris. Desculpa.

- Da próxima vez eu quebro o seu braço - A voz de Heitor era dura, pedra contra pedra - Só pense em bater em Christy-Ann mais uma vez!

- Eu não te trai - Li falou e depois deu um soluço de proporções abaladoras - Você tem que acreditar em mim, Chris.

- Me de alguma prova para eu poder acreditar, Li - Todo o meu corpo estava querendo consolar Li, me manter parado estava se tornando quase doloroso fisicamente. Eu queria Li e não adiantaria a quantidade de vezes que eu dissesse o contrario. Eu era completo e irrevogavelmente de Li - Só uma prova e eu acredito Li.

- Minha palavra não basta, Chris? - Era possível ouvir, sentir e quase ver a dor na voz dele e isso me machucou por dentro - Eu não te trai.

- Só preciso de uma confirmação, Li.

- Você quer uma confirmação? - Virei a minha cabeça na direção do som, Chin andou até está do meu lado e continuou a falar - Então uma explicação você vai ter!

- Não! Não, Chin - Li se levantou rapidamente e se postou na frente do japonesinho - Isso seria ruim, eles iriam ficar zangados.

- Não me interessa, Li-Yang - A voz de Chin adquiriu um tom mais forte, mas a sua postura ainda indicava submissão. Ele estava tentando ser forte - Já cansei de ver você chorando toda a noite por causa de Christian! Vou contar.

- Não tem nada que eu possa fazer para você mudar de ideia? - A voz de Li saiu derrotada, ele deu um suspiro profundo e seus ombros caíram, Chin negou com a cabeça e Li caiu derrotado no sofá - Pode disser.

- Christian, você se lembra de Leah, não lembra? - Confirmei com a cabeça - E você sabia a situação dela, não sabia? - Confirmei novamente - E você sabe que a viagem de toda a faimilia, Wang para o Japão foi por causa dela, não sabe?

- Eu sei disso tudo! Conta o que aconteceu lá - Estava ficando irritado, ele parecia um adulto explicando como se usa o vaso sanitário para uma criança pequena.

- Tudo bem, tudo bem. Não precisa se irritar - Ele levantou as duas mãos acima da cabeça e depois continuou falando - Leah teve uma recaída e ficou um tempo internada em um hospital aqui, com a ajuda da quimioterapia o tumor reduziu significantemente de tamanho. Mas toda essa química prejudicou o fígado dela e ela estava ficando cada vez mais doente. A única solução era um transplante, por isso eles viajaram.

- Mas por que não fizeram o transplante aqui? - Aquele historia estava sendo mal contada, isso não era motivo para uma viagem internacional - Qualquer um dos irmãos dela poderiam ter doado um pedaço do fígado.

- Esse é o começo do problema, Christian - Chin contorcei as mãos de maneira nervosa e Li deu um soluço de partir coração, mas especificamente, o meu coração - Ninguém na família de Leah era compatível com ela.

- Como assim? - Arqueei uma sobrancelha - Mas isso está erado, pelo menos um na família tinha que ser compatível com ela.

- Leah não é irmã biológica de Li, Christian - Ele disse isso rapidamente, quase como se fosse uma maldição - Ninguém é compatível, porque ninguém tem o mesmo sangue que ela.

- Não é irmã biológica? - Essa me pegou de surpresa. Todos na sala tinha virado estatuas perfeitas de choque - Ela é adotada?

- Mais ou menos - Ele se contorceu novamente - Tecnicamente não foi uma adoção, por que não envolveu toda aquela papelada. Mas de certo modo ela foi adotada sim.

- Entendi - Falei - Mas o que eu ainda não entendi é o que eles foram fazer no Japão, podendo fazer o transplante aqui.

- As funções do fígado de Leah estavam funcionando só com 5% de potencia - O japonesinho falou - Ela estava quase morrendo quando chegou no Japão. E lá ela poderia encontrar um doador compatível para ela.

- O.K. - Ainda tinha lacunas em aberto, mas eu tinha assuntos um pouco mais urgente - E como você entra na historia, Chin?

- Eu fui o doador - Arquejei de pavor, não, não, não! Isso era uma tremenda brincadeira, Li com todo o seu cavalheirismo se viu na obrigação de sair com ele, mas logo em seguida ele me surpreendeu um pouco mais - Eu tinha que ajudar a minha irmã.

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