Capitulo 36

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HEITOR.

Nunca imaginei que algum dia eu iria considerar o rosa como a minha cor favorita. Mas não era um rosa qualquer, mas sim o rosa que a pele de Christy-Ann ficava quando estávamos transando. Adorava ver como as suas bochechas ficavam em um rosa quase indo para o vermelho, seus lábios pequenos e carnudos inchados por causa da grande quantidade de beijos e adorava ainda mais o tom de rosa que ficava em sua pele sempre que minha boca fazia pressão nela. Amava cada mínimo som que ele produzia quando eu estava com ele sobre a cama, seus gemidos contidos, uma vez perguntei para ele o por que dele morder os lábios para não gemer alto e ele me respondeu que tinha vergonha que alguém escutasse. Gostava quando ele arfava quando eu fazia minha boca percorrer todo aquele corpo que eu passei a adorar.

Sempre tive um objetivo quando eu vim morar aqui no Brasil, passei quatro longos anos estudando o que eu sempre quis estudar. Educação Física sempre foi a minha paixão, depois que eu me formei meu pai e minha mãe compraram aquele galpão para mim, minha tão sonhada academia só foi finalizada quase um ano depois. Mas eu obtive um razoável sucesso, todos os meus amigos de faculdade que estavam ou não empregados iam se exercitar na "Body Bulding", mas como nós nunca sabemos o que o destino nos reserva meus objetivos foram totalmente invertidos quando um garoto de imensos olhos azuis e cabelos loiros entrou na minha academia.

Não vou disser que foi amor a primeira vista, pois não foi. O que eu senti foi quase tão forte e estranho quanto o amor. Tive que me segurar para não rir quando uns alunos meus disseram que aquele pequeno ser era nada mais nada menos que o irmão mais velho deles. Eu vi como ele ficou quando todos reagiram com espanto a respeito dessa noticia, foi impagável ver a cara de ultraje dele, sobrancelhas levemente arqueadas e boca crispada. Não sei o que deu em mim, em um momento eu estava admirando ele de longe e no outro eu estava consolando ele em uma crise de choro.

Ainda me lembro da sensação da pele dele na minha, tão quente e macia, tive que fazer um esforço hercúleo para não ficar duro e afastar aquele anjo de olhos azuis para longe de mim. Depois disso eu ficava ansioso esperando ele chegar, acho que alguns dos meus amigos notaram primeiro que eu que eu estava começando a gostar dele. Não sabia por que ele chorava tanto, mas a cada lagrima que ele derramava em meus ombros eu ficava cada vez mais fissurado nele.

Em um dia particularmente normal, como sempre tinha fechado a academia depois de meia noite, eu acordei quase dez horas da manhã. Fiz a minha musculação diária, raspei a minha cabeça que já estava com vestígios de meu cabelo natural. Tinha acabado de preparar uma comida de solteiro para matar a fome quando escutei batidas frenéticas e desesperadas na porta da principal da academia. Desci as escadas correndo, atravessei a academia ainda correndo, abri a porta apenas para ver o cara que eu estava começando a amar na pura representação da tristeza e miséria.

Acolhi Christy-Ann, que alias acha o meu modo de falar engraçado, na minha casa por um mês inteiro. Observava como ele agia muito mais como se fosse uma visita passageira do que como um hospede. Tanto foi que eu fingia não saber cozinhar apenas para ver ele fazendo alguma coisa em minha casa. Era tão gratificante ver que aos poucos ele já se sentia tão a vontade que não era preciso eu dar permissão para nada. E eu tinha que confessar, a parte que eu mais gostava era quando íamos dormir, nos primeiros dias dormíamos em lados oposto da cama, temendo tocar um no outro. Mas as coisas foram melhorando, primeiro foi quando passamos a dormir nos encarando, era tão bom dormir olhando aquele par de olhos azuis e acordar vendo eles. E quando vimos já dormíamos abraçados, ele gostava de acariciar a minha nuca e eu gostava de acariciar a parte acima de sua bunda.

Nunca pensei também que quando a felicidade vem de uma maneira rápida e arrebatadora ela é retirada de você com mais velocidade ainda. Vi naquele dia na faculdade o por que meu anjo de olhos azuis chorava tanto. O motivo era um cara que ostentava um par de olhos negros repuxados. O beijo que eu pedi para ele no dia que ele escolheu o outro ao invés de mim não foi para ver se eu conseguiria conquistar seu coração, não foi isso, além do mais eu já sabia que o seu coração não me pertencia. Eu só pedi o beijo para saber apenas uma vez como era ser beijado por ele. E não foi diferente do que eu imaginei, ele mostrava um outro lado de si quando seus lábios tocavam os meus.

Depois disso passei uma semana tão longa que para mim poderia se igualar a cem anos. Sei que pode parecer que eu era um puta babaca, mas eu não estava dando a mínima. Não sei como foi que esse garoto esmirrado conseguiu me prender sem nem mesmo tentar alguma coisa comigo. Cheguei até pensar em uma noite mal dormida se não seria melhor eu ir até onde a minha mãe, afinal ela era brasileira e vinha dela a minha familiaridade com essa língua. Mas não consegui, parecia que ele ainda estava na minha casa, se eu virasse para o lado eu jurava que conseguia ouvir a porta do loft abrindo, rapidamente virava naquela direção e não era nada.

Foi no meio de uma dessas noites mal dormidas que ele me ligou. Eu estava em um estado semi acordado, quase caindo na inconsciência quando ouvi o som estridente do meu celular se propagar por todo o espaço vazio. Não atendi na primeira vez, deixei a chamada ir para a caixa postal, ela não deixou recardo. A segunda tentativa veio minutos depois e foi quando eu tive que me segurar para não chorar, ao ouvir a voz dele eu recordei de tudo que eu passei com ele por um mês inteiro. Mas quando ele me disse que não estava mais namorando com o cara de olhos puxados eu fiquei dividido entre pular de alegria e gritar de frustação. Escolhi a segunda coisa, falei poucas e boas para ele e depois desliguei.

Se arrependimento matasse com certeza eu já estaria morto. Essa foi a noite que eu não preguei os olhos, mas também foi o dia que a felicidade bateu na minha porta novamente. Não tive nem animo de fazer minha cessão diária de musculação, estava sentado no chão olhando para o nada quando novamente a porta principal foi quase colocada abaixo. Era ele! Eu travei no lugar e só levantei novamente quando ele disse que não iria sair dali sem falar comigo. Mas ele não falou comigo quando abri a porta, ele me beijou.

Foi nesse dia que eu fiquei maravilhado com a sua pele e o rosa passou a ser a minha cor favorita. Era tão viciante ver como a pele dele ficava deliciosamente atrativa quando minha boca passeava por todo corpo dele. Christy-Ann me fazia feliz da maneira mais fácil e tosta até as mais complexas e aparentemente sem resolução. Parecia que cada sorriso que ele esboçava era injetado adrenalina em mim, queria fazer mais e mais para ver ele sorrindo. As palavras dele eram musicas para o meu ouvido, ficava encantado com o modo que simples palavras e sua boca viravam forte estimulante sexual. Ele me fazia completo.

Nossa felicidade não foi nem abalada quando o ex namorado dele fez o que fez. Chrity-Ann, depois de um dia cansativo na academia, me puxou até o sofá do meu loft me mandou sentar e enquanto andava de um lado para o outro me falou de tudo que passou durante os quatro anos que viveu dependente de seus irmãos e me contou que com Li, realmente não queria saber o nome dele, foi a segunda fonte de alegria que ele pensava que tinha. De certo modo, mas ainda assim meio a contra gosto, eu consegui ver que se não fosse aquele cara meu anjo de olhos azuis não seria o cara que eu conheço hoje.

Eu resolvi fazer o que fiz com os amigos dele por que ouvi uma conversa dos irmãos dele. Na verdade foi mais que difícil falar com esses amigos dele, já que eles eram um banda. Tivemos primeiro falar com vários assessores para só depois consegui uma conversa de cinco minutos com um deles, se é que em cinco minutos da para ter uma conversa, a nossa conversa foi mais "sims" e "nãos" de uma das integrantes que nos atendeu. Quando eu pensei que ela iria desligar Larissa tomou o celular da minha mão, me olhou, revirou os olhos e sussurrou homens. Gritou para uma das integrantes que o motivo da ligação era que ela era a irmã do meu Christy-Ann.

Foi assim que no dia seguinte recebemos uma ligação perguntando exatamente era a minha academia. Eu deveria ter ganho um premio por ter me comportado tão bem ali, afinal meu namorado estava sendo agarrado, beijado, apalpado por outros homens. Achei super carinhoso, amoroso e real a prova de ciúmes dele um dia antes, mas agora quem estava saboreando esse sentimento amargo era eu. Não resistindo eu não deixei mais ninguém ficar agarrando o que era meu.

Ele não fez parte de meu passado.

Está sendo o meu presente.

E desejava com todas as forças que ele estivesse em meu futuro.

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