8h:02min - MELISSA

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Enquanto Melissa se aproximava, o sabor da escola começou a nausear a sua boca.Nesta distância ele era azedo e frio, como café preso debaixo da língua por um sólido minuto. Ela podia provar a ansiedade da primeira semana e o inescapável tédio misturado juntosem um borrão monótono, junto com a amarga bile do tempo desperdiçado, que escoava para foradas paredes do lugar. Mas Melissa sabia que o sabor mudaria enquanto a escola se aproximava.Em uma outra milha, ela seria capaz de distinguir os sabores individuais de ressentimentos,vitórias insignificantes, rejeições e raiva pouco acobertada pela dominação. Um par de milhasapós isso e Bixby Hight se tornaria quase insuportável, um zumbido visto em sua mente.Mas por enquanto ela apenas fez uma careta e aumentou sua música.Rex estava em pé em frente à casa de seu pai, alto e magro, seu casaco preto envolvidoao redor dele, o gramado morrendo sob seus pés. Mesmo os tufos de ervas daninha pareciamestar lutando com alguma força maligna, invisível. Todo ano, desde o acidente do velho, a casatinha caído ainda mais em decadência.Servia ao velho bem. Melissa levou seu carro até o meio fio. Entre a grama marrom do jardim e o longo casacode Rex, ela quase esperou que o ar frio invernal corresse para dentro do carro, quando ele abriua porta. Mas o odioso sol já tinha aquecido o breve frio da tempestade da noite passada.Era ainda cedo para cair, ainda no início do ano escolar. Três meses à frente antes do inverno, nove meses do penúltimo ano.Ele saltou para dentro e fechou a porta, cuidadoso para não ficar muito perto. Quando Rex fez uma careta para o volume da música, Melissa suspirou e abaixou um ponto. Seres humanos não tinham o direito de se preocupar com música de nenhuma espécie. O pandemônio que ia emsuas cabeças a cada hora passada era uma centena de vezes mais barulhenta que qualquerbanda de trash metal, mais caótico do que um bando de moleques de 10 anos em debandadacom cornetas. Se eles pudessem ouvir a si mesmos.Mas Rex não era tão mal. Ele era diferente, em um canal separado, livre da comoção da multidão do dia. Ele tinha sido o primeiro pensamento individual que ela tinha filtrado entre a repugnante multidão, e ela podia ainda lê-lo melhor do que qualquer um.Melissa podia sentir sua animação claramente, sua ânsia de saber. Ela podia provar de sua impaciência, acentuada e insistente acima de sua calma costumeira.Ela decidiu mantê-lo esperando. "Bela tempestade noite passada.""Sim. Eu fui à procura de um relâmpago por um tempo.""Eu também . Apesar de só conseguir me encharcar.""Qualquer noite nós conseguiremos um, vaqueira."Ela bufou para o apelido de infância, mas murmurou. "Claro. Qualquer noite."Quando eles eram criancinhas, quando eram apenas dois deles, eles tinham sempre tentado descobrir um raio de relâmpago. Um raio que tinha atingido exatamente o momento certoe ido ao chão, perto o suficiente para o alcançar, antes que o tempo se esgotasse. Uma vez, anosatrás, eles gastaram uma hora inteira de bicicleta em direção a um brilhante aguilhão denteadosobre o horizonte. Eles nem tinham feito todo o caminho, nem mesmo perto. Tinha sido o mais deperto que eles tinham olhado. Pedalar de volta na chuva despencando demorou muito mais, éclaro, e no momento que eles tinham chegado em casa, eles estavam ensopados.Melissa nunca tinha tido certeza do que eles iriam fazer com um raio, uma vez que elesencontrassem um. Rex nunca tinha dito muito sobre isso. Ela podia sentir que ele mesmo nãoestava totalmente certo sobre isso. Mas ele tinha lido alguma coisa em algum lugar em uma desuas viagens.A escola se aproximava, a colisão da luta e apreensão de cedo de manhã elevando dosabor da luta, a amargura de sua língua expandindo para a cacofonia que assaltava toda suamente. Melissa sabia que ela tinha que colocar seus fones logo, apenas para fazê-lo até as aulas começarem. Ela diminuiu o velho Ford. Era sempre difícil dirigir, especialmente no início do ano.Ela esperava que sua vaga estivesse livre, através de uma lixeira no terreno vazio do outro ladoda rua de Bixby High. Estacionar em qualquer outro lugar levaria a refletir. O estacionamento da escola por si mesmo era muito perto do redemoinho para uma direção segura."Eu odeio este lugar." Ela soltou. Rex olhou para ela. Seus pensamentos focados e claros fizeram as coisas melhores porum momento, e ela quase foi capaz de respirar fundo."Há uma razão para tudo isso", ele disse.Uma razão para o jeito que ela era? Para a agonia que ela sentia todo dia? "Sim. Fazer minha vida uma merda."

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