Naquela noite o sonho azul voltou. Jessica tinha estado deitada acordada e olhando para o teto, aliviada por ser finalmente final de semana. Amanhã, ela estava determinada a finalizar o desempacotamento. Procurar através das quatorze caixas pilhadas, em torno de seu quarto, estava ficando antiquado. Talvez organizar suas coisas, faria ela se sentir um pouco mais sob controle.Ela devia ter estado mais cansada do que ela tinha percebido. O sono roubado dela tão silenciosamente que, sonhar, pareceu colidir com a consciência. Era como se ela piscasse e tudo mudasse. Subitamente o mundo era azul, o baixo zumbido do vento de Oklahoma engolido pelo silêncio.Ela se sentou, de repente alerta. O quarto estava preenchido com a familiar luz azul."Ótimo", ela disse suavemente. "Isso de novo."Hoje à noite Jessica não perderia tempo tentando voltar ao sono. Se este era um sonho,ela já estava dormindo. E isso era um sonho. Provavelmente. Exceto o assunto do moletom ensopado, é claro.Ela deslizou de debaixo dos cobertores e vestiu um jeans e uma camiseta. A chuva sem movimento tinha sido maravilhosa, então ela poderia muito bem ver que maravilhas que sua subconsciência tinha inventado desta vez.Jessica olhou ao redor cuidadosamente. Tudo estava acentuado e claro. Ela se sentiamuito calma, sem nada nebulosamente doidão. Ela se lembrou de uma aula louca, que ela tinhatido no ano passado, que foi chamada de, sonho lúcido‟.A luz era exatamente a mesma, como em seu sonho da noite anterior, um profundo índigoque brilhava de cada superfície. Não havia sombras, nenhum canto escuro. Ela espreitou em umade suas caixas e pôde ver tudo dentro dela com igual e perfeita claridade. Cada objeto parecia brilhar suave interiormente. Ela olhou para fora da janela. Não havia diamantes flutuando dessa vez, só uma rua quieta, tão imóvel e plana quanto uma pintura."Isso é chato." Ela murmurou. Jessica se arrastou até a porta e a abriu cuidadosamente. Algo neste sonho, a fez querer respeitar o profundo silêncio; na luz azul o mundo parecia secreto e misterioso. Um lugar para se esgueirar. A meio caminho da sala a porta de Beth estava entreaberta. Jess a colocou aberta temporariamente. O quarto de sua irmã estava iluminado no mesmo azul profundo como o dela próprio. Ele estava envolvido no mesmo silêncio e insipidez, porém ele estava preenchido caoticamente comas roupas de Beth em torno do piso. Sua irmã tinha feito ainda menos, do desfazer de malas queJess. Uma forma preenchia a cama. A pequena forma estava enrolada desconfortavelmente nas cobertas. Desde a mudança Beth não tinha estado dormindo bem, o que a mantinha em umconstante estado de irritação.Jessica cruzou até a cama e se sentou gentilmente, pensando em quão pouco tempo elatinha gastado com Beth, desde que elas tinham chegado a Bixby. Mesmo nos meses anteriores amudança, as birras de sua irmãzinha, tinham tornado impossível ficarem juntas. Beth tinha lutadocom a ideia de deixar Chicago a cada passo no caminho, e todos na família tinham tomado ohábito de evitá-la quando ela estava de mal humor.Talvez este fosse o porquê, que este sonho a tinha levado ali. Tendo que se acostumar aBixby, Jessica não tinha pensado muito sobre os problemas de sua irmã. Ela estendeu e descansou uma mão suavemente sob a forma dormindo de Beth. Jessica jogou-se para trás, um calafrio correndo através dela. O corpo embaixo dascobertas parecia errado. Ele estava duro, tão inflexível quanto um manequim de plástico em uma vitrine de loja. Subitamente a luz azul pareceu fria ao redor dela."Beth?" Sua irmã não se moveu. Jess não podia ver nenhum sinal de respiração."Beth, acorde." Sua voz falhou de um sussurro para um choramingar. "Pare de brincar. Porfavor?" Ela balançou sua irmã com ambas as mãos.A forma sob as cobertas não se moveu. Ela era pesada e dura. Jessica alcançou os cobertores de novo, incerta se ela queria revelar o que estava porbaixo, mais incapaz de parar a si mesma. Ela se levantou, dando um passo nervoso para longedo lado da cama, enquanto ela estendia e puxava as roupas de cama para longe com uma frenética sacudida. "Beth?"O rosto de sua irmã era um giz branco, tão imóvel quanto uma estátua. Os olhos semiabertos brilharam como mármore verde. Uma mão branca e congelada apertava os lençóis bagunçados como uma garra pálida."Beth!" Jessica soluçou. Sua irmã não se moveu. Ela se aproximou e tocou a bochecha de Beth. Ela estava tão fria e dura quanto uma pedra. Jessica se virou e correu através do quarto, quase tropeçando nas pilhas de roupas. Elejogou a porta aberta e correu pelo corredor e em direção ao quarto de seus pais."Mãe! Pai!" Ela gritou. Mas enquanto Jessica tropeçava em hesitação em frente, para o quarto de seus pais, ogrito morreu em sua garganta. A porta fechada estava fria e imóvel perante ela. Não havia som lá dentro. Eles deviam tê-la escutado."Mãe!" Não houve resposta. Se ela abrisse e seus pais estivessem como Beth? A imagem de sua mãe e pai tão brancos, estátuas congeladas – coisas mortas – a paralisaram. Sua mão tinha quase alcançado a maçaneta, mas ela não podia fazer seus dedos se fecharem sobre ela."Mamãe?", ela chamou, suavemente.Nenhum som veio de dentro do quarto.Jess se afastou da porta, subitamente aterrorizada que ela abrisse, que algo pudesse sair.Este pesadelo podia ter qualquer coisa armazenada para ela. A casa não familiar parecia completamente estranha agora, azul e fria e vazia de qualquer coisa viva. Ela se virou e correu para seu próprio quarto. A meio caminho de lá, ela passou pela portade Beth, ainda escancarada. Jessica virou seus olhos para longe tarde demais, e viu um terrívelflash da forma branca exposta sem vida de sua irmã sobre a cama.Jessica se trancou em seu quarto e fechou bem a porta atrás dela, caindo em um monte desoluços sobre o chão. O primeiro sonho tinha sido tão bonito, mas este pesadelo era completamente horrível. Ela só queria acordar.Lutando contra seu terror, ela tentou pensar o que o sonho devia significar. Jessica tinha estado tão envolvida em seus próprios problemas, ela não tinha visto o óbvio .Beth precisava dela. Ela tinha que parar de agir como se a raiva da irmã fosse apenas um inconveniente.Ela abraçou seus joelhos em seu peito, suas costas na porta, prometendo a si ser maislegal com Beth amanhã. Jessica esperou pelo sonho terminar. Esperando que desta vez, nada mais dele houvesse sido deixado no mundo real. Nenhuma Beth congelada, nenhum moletom ensopado. Só a manhã ensolarada e o fim de semana. Lentamente, gradualmente, as lágrimas de Jessica se esgotaram, e o sonho azul por si mesmo a envolveu. Nada mudou ou se moveu. A silenciosa luz fria brilhava em toda parte e de lugar nenhum, o silêncio deitava-se total e absoluto. Nem mesmo os rangidos e estalos de uma casa a noite podia ser escutado.Então quando o arranhar veio, Jessica levantou sua cabeça de uma vez.Havia uma forma na janela, uma silhueta de forma pequena escura contra o continuo brilhoda rua. Ela se moveu suave e sinuosamente, dando passos felinos para frente e para trás damoldura da janela, então parou para arranhar contra o vidro."Gatinho?" Jessica disse, sua voz rouca pelo choro.Os olhos do animal capturaram a luz por um momento, refletindo um roxo profundo. Jessica ficou tremendo, suas pernas como agulhas e alfinetes. Ela se moveu lentamente,tentando não assustar o gato. Pelo menos algo mais estava vivo aqui nesse odioso pesadelo.Pelo menos ela não estava mais sozinha com a forma sem vida no quarto de Beth. Ela foi até ajanela e olhou lá fora.Era insinuante e fina, brilhante e preta. Músculos ondulavam embaixo de sua pele cor demeia-noite, o animal parecia tão forte quanto um gato selvagem de alguma espécie, quase comouma miniatura de chita negra. Ela se perguntou por um momento se era mesmo um gatinho. Seupai tinha dito que lá havia linces e pequenos felinos selvagens, na zona rural em torno de Bixby. Mas a besta parecia muito mansa e ela andava impacientemente no parapeito da janela, olhando para ela com suplicantes olhos índigo."Ok, ok", ela disse. Ela empurrou a janela, a abrindo, e desistindo do significado para esta parte do sonho. O gato pulou pesadamente contra ela, enquanto saltava para o quarto, seus músculos sólidos contra sua coxa."Você é um pugilista de verdade", ela murmurou, se perguntando que raça ele era. Elanunca tinha vista nenhum gato tão forte.Ele pulou para sua cama, cheirando seu travesseiro, correu em círculo sobre as cobertas enrugadas, então pulou em cima de uma das caixas. Ela ouviu o vasculhar de coisas dentro da caixa."Ei."O gato saltou da caixa e olhou acima para ela, de repente cauteloso. Ele se afastou lentamente, os músculos tensos e tremendo como se estivesse pronto para saltar."Está tudo bem, gatinho." Jessica começou a se perguntar que se depois de tudo ele nãoera um gato selvagem. Ele não estava agindo como nenhum gato doméstico que ela tenha encontrado.Ela se ajoelhou e ofereceu uma mão. O gato veio para mais perto e cheirou."Está tudo bem." Jessica estendeu um dedo e esfregou levemente o topo da cabeça dele."Rrrrrrrr." O baixo e terrível barulho brotou da criatura, tão profundo quanto um rosnar detigre, e ele se afastou com sua barriga pressionada no chão."Ei, relaxa." Jessica disse, puxando sua mão para uma distância segura.Os olhos negros do gato estavam cheios com o terror. Ele se virou e correu para porta do quarto, zunindo lamentosamente. Jessica ficou de pé e deu uns passos cuidadosos em direção a ele, alcançando a porta aberta.O gato saltou para a sala e desapareceu em um canto. Ela o ouviu reclamando na porta da frente. Não foi um miar como um gato normal. Os gritos agudos soavam mais como um pássaro ferido.Jessica olhou de volta deslumbrada para a janela aberta. "Por que você simplesmente não...?", ela começou, então balançou sua cabeça. Selvagem ou não, este gato era louco. Cuidadosamente para não olhar para o quarto de Beth, ela seguiu os barulhos da criaturaangustiada lá embaixo no hall e na porta da frente. O gato se encolheu enquanto ela se aproximava, mas não escapuliu. Jessica cuidadosamente alcançou e girou a maçaneta. No segundo que a porta estava aberta em uma fenda, o gato se apertou através dela e saiu."Te vejo depois", ela disse suavemente. Isso era perfeito. A única outra coisa viva neste pesadelo estava aterrorizada com ela. Jessica puxou a porta o resto do caminho e foi para a varanda. A madeira velha rangeu sob seus pés, o som reconfortante neste mundo silencioso. Ela tomou fôlego, então saiu para caminhar, feliz em deixar a casa sem vida e estranha atrás dela. Alua azul pareceu clarear, de algum modo mais saudável aqui fora. Embora ela estivesse sentido falta dos diamantes. Ela olhou ao redor por alguma coisa – uma folha caindo, uma gota de chuva– suspensa no ar. Nada. Ela olhou para o céu para procurar por nuvens. Uma lua gigante estava se elevando. Jessica engoliu em seco, sua mente girando enquanto ela tentava dar sentido a maravilhosa visão. A imensa esfera consumia quase um quarto do céu, esticando-se através do horizonte, tão grande quanto um por do sol. Mas ele não era vermelho, ou amarelo, ou qualquer outro tom que Jessica pudesse nomear. Ele era como um ponto escuro queimando em sua visão,como se ela tivesse olhado para o sol por muito tempo. Ele suspendia-se sem cor no céu, um carvão preto e cegantemente brilhante ao mesmo tempo, implacável contra seus olhos. Ela protegeu seu rosto, então olhou para baixo em direção ao chão, a cabeça doendo e osolhos lacrimejando ferozmente. Enquanto ela piscava para longe as lágrimas, Jessica viu que acor normal da grama tinha voltado. Mas apenas uns poucos segundos do gramado parecendo verde e vivo, então o azul frio correu de volta, como uma gota de tinta preta espalhada em um copo de água.Sua cabeça ainda martelava, e Jessica pensou em eclipses, em que o sol era escurecido,mas ainda poderoso, cegando pessoas que inadvertidamente olhavam para ele. Uma imagemposterior de uma imensa lua queimava em seus olhos, mudando os tons da rua inteira.Vislumbres de cores normais – verdes, amarelos, vermelhos – piscavam nos cantos de sua visão.Então lentamente sua dor de cabeça diminuiu, e os calmos tons de azul se assentaram sobre arua de novo.Jessica olhou para a lua de novo e com um lampejo de compreensão viu a sua verdadeiracor: uma escuridão brilhante, um negridão árida, um absorver de luz. A luz azul neste sonho nãovinha dos objetos em si mesmos, como ela tinha pensado primeiro. E ela não vinha diretamenteda lua gigante acima. Antes, o frio azul sem vida era uma sobra, o último remanescente de luzque se mantinha perante a lua escura, que tinha drenado todas as outras cores do espectro.Ela se perguntou se a lua – ou o sol negro, ou estrela, ou seja lá o que isso fosse – tinhaestado no céu no último sonho, escondido entre as nuvens. E o que ele significava? Até omomento Jessica tinha pensado que estes sonhos eram a adição de algo. Mas este era bizarro.Um uivo veio rua abaixo.Jessica girou em direção ao som. Era o gato de novo, desta vez guinchando na estridência de um macaco. Ele estava no fim da rua, olhando para ela. "Você de novo?", ela disse, estremecendo com o som. "Você é muito estridente para um gatinho pequeno."O gato guinchou uma vez mais, quase soando como um gato agora. Um infeliz. Lá fora, naluz da lua seus olhos lampejavam em índigo e seu pelo era ainda mais enegrecido, tão rico eescuro quanto o céu vazio da noite.Ele guinchou de novo."Tudo bem, eu estou indo", Jessica murmurou. "Não jogue toda disfunção mental e físicaem mim."Ela andou após a criatura. Ela a esperou até que teve certeza de que a estava seguindo,então caminhou. Enquanto eles caminhavam, ele ficou olhando por cima de seu ombro para ela,fazendo guinchos e arfares ou ruídos rosnando. Ele ficou bem à frente, muito assustado porJessica para deixá-la se aproximar, mas tomando cuidado para não a perder de vista.O gato a guiou através de um outro mundo vazio. Não havia nuvens no céu, sem carros oupessoas, apenas a vasta lua lentamente se elevando. As luzes da rua estavam escuras, exceto pelo brilho azul uniforme que vinha de tudo. As casas pareciam abandonadas, e um silêncio mortal pairava sobre elas, perfurado apenas pela estranha variação de barulhos do gato ansioso. Primeiro, Jessica reconheceu algumas das casas de sua rota para a escola, mas a vizinhança parecia estranha nesta luz, e ela rapidamente esqueceu quantas voltas ela e o gato tinham tomado."Eu espero que você saiba para onde nós estamos indo." Ela falou para o animal. Como se em resposta, ele parou e farejou o ar, fazendo um som gorgolejante quase como uma pequena criança humana. Sua cauda estava em pé no ar, balançando nervosamente de umlado para o outro. Jessica se aproximou do gato lentamente. Ele se sentou no meio da rua, tremendo, osmúsculos debaixo do pelo contorcendo com pequenos espasmos."Você está bem?" Jess perguntou.Ela se ajoelhou próxima a ele e pôs uma mão nele cuidadosamente. Ele virou para ela comselvagens olhos frenéticos, e Jessica a removeu."Ok. Sem toques."Seu pelo estava ondulando agora, como se houvessem cobras rastejando sobre sua pele. As pernas do gato curvaram-se firmemente contra seu corpo estremecendo, sua cauda estirada rigidamente atrás."Oh, pobre coisinha." Ela olhou ao redor, instintivamente procurando por ajuda. Mas é claroque não havia nenhuma. Então a mudança começou a intensificar. Enquanto Jessica observa em horror petrificado, o corpo do gato ficou maior e mais fino, acauda mais espessa, como se o gato estivesse sendo espremido para seu próprio rabo. Suas pernas estavam absorvidas dentro do corpo. A cabeça começou a encolher e achatar, dentesprotuberando de sua boca, como se eles não pudessem se encaixar em sua cabeça mais. Ele se esticou mais e mais, até que finalmente a criatura era uma longa coluna de músculos.Ele virou para encará-la, longas presas cintilando na luz da lua negra.Ele tinha se tornado uma cobra.Seu pelo preto lustroso ainda brilhava, e ele ainda possuía os grandes e expressivos olhosde um mamífero, mas isso era tudo o que foi deixado do gato que ela tinha confiantementeseguido até aqui.Ele piscou seus olhos de gato e sibilou, Jess foi finalmente libertada de seu terror paralisante. Ela gritou e se arrastou para trás com suas mãos e pés. A coisa ainda estava tremendo, como se não estivesse ainda totalmente em controle de seu novo corpo, mas seu olhara seguiu.Jessica saltou em pé e se afastou ainda mais. A criatura começou a se contorcer agora, torcendo-se em círculos e fazendo terríveis barulhos que soavam entre um sibilar e um gatosendo estrangulado. Ele soava como se o gato estivesse dentro da cobra, tentando lutar parasair.Um calafrio passou pelo corpo inteiro de Jessica. Ela odiava cobras. Afastando seu olharda criatura, ela freneticamente procurou pelas casas ao redor, tentando se lembrar de onde elaestava. Ele tinha que ir para casa e voltar a dormir. Ela já tinha tido o suficiente deste sonho.Tudo nele se transformava em algo horrível e chocante. Ela tinha que terminar o pesadelo antesque ele ficasse pior. Então, outro sibilar veio de detrás dela, e o coração de Jessica começou a pular.Pretas, quase formas invisíveis, deslizavam da grama para a rua em torno dela. Mais cobras, dezenas delas, todas como a criatura que ela tinha seguido até ali. Elas tomaram suas posições em círculo, ao redor dela. Num momento ela estava cercada."Eu não acredito nisso." Ela disse alto, lenta e claramente, tentando fazer das palavras verdade. Ela deu uns poucos passos em direção de onde ela tinha pensado que estava a sua casa, tentando não olhar para as formas deslizando na rua em seu caminho. As cobras sibilavam e se afastavam nervosas. Como o gato, elas estavam desconfiadas dela.Por um louco momento Jessica se lembrou do sermão de sua mãe sobre animais selvagens antes deles terem deixado a cidade. "Lembre-se, eles estão mais assustados que você está por eles.""Sim, certo", ela murmurou. Não havia espaço em um cérebro de cobra para o quanto elaestava assustada.Mas ela se manteve andando, dando lentos e deliberados passos, e as cobras abriam espaço para ela. Talvez elas estivessem realmente muito mais assustadas do que ela estava. Mais uns poucos passos, e ela estaria fora do círculo. Ela caminhou rapidamente, até queela tinha deixado as cobras na metade de uma quadra para trás.Ela se virou e falou. "Não me admira que vocês sejam do mesmo tipo. Vocês são uns covardes."O novo som veio de detrás dela.Era um profundo rugir, como um trem se elevando enquanto passava a uma quadra adistância de sua velha casa. Jessica não tinha só ouvido como sentido ele através das solas deseus pés.O som pareceu viajar por sua espinha antes que ele se partisse em um audível rosnar."O que é agora?" ela disse, se virando.Ela congelou quando o viu no fim da rua.Ele parecia como o gato, mas muito maior, seus ombros quase da altura do nível dosombros de Jessica. Seu pelo negro ondulando com grandes músculos, como se uma centena decobras rastejassem sob o revestimento meia noite.Uma pantera negra. Ela se lembrou da história de Jen na biblioteca, mas esta criatura nãoparecia como se tivesse escapado de algum circo. Jessica escutou as cobras atrás dela, um coro crescente de sibilares. Ela se virou paraolhar para trás dele. As formas negras se contorcendo estavam se agitando, como se reunindo em direção ao gato. Eles não pareciam mais ter medo dela.

VOCÊ ESTÁ LENDO
MIDNIGHTERS - A Hora Secreta
Teen FictionO dia não tem apenas 24 horas. Ao menos não em Bixby, uma cidadezinha no Oklahoma. Lá, à meia-noite, coisas muito estranhas acontecem: o tempo para, e ninguém se move... Ou quase ninguém...