11h:35min - LENDAS RURAIS

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  "Ok, dez coisas estranhas sobre Bixby..."Constanza Grayfor folheava seu caderno para uma página em branco e o colocavarecatadamente sobre seus joelhos. As outras garotas na biblioteca esperavam em silêncio enquanto ela escrevia os números de um a dez em uma coluna no lado esquerdo."Eu tenho uma", Jen disse. "A dois invernos atrás, quando eles descobriram o carro doxerife Michael no deserto." Ela se virou para Jessica com uma sobrancelha levantada. "Mas semo xerife Michaels.""Número um: o desaparecimento do xerife Michaels", Constanza pronuncioucuidadosamente enquanto ela escrevia."Eu ouvi dizer que ele foi morto por traficantes de drogas", Liz disse. "Eles têm uma pistade pouso secreta no deserto para quando eles trazem coisas do México. Ele deve ter descoberto onde isso estava.""Ou eles o estavam subornando e o traíram." Constanza disse."Sai dessa", Jen disse. "Eu ouvi dizer que eles descobriram o uniforme, o distintivo e aarma.""E daí?""E também seus dentes e cabelo. E as unhas dele. O que quer seja que há no deserto émuito pior do que traficantes.""Isso é o que traficantes querem que você pense.""Oh, como você soubesse." Liz e Jen olharam para Jessica, como se fosse para ela resolver o assunto."Bem", Jessica ofereceu, "o deserto parece...ruim.""Totalmente.""Garotas", uma voz chamou da mesa da frente da biblioteca. "Era para ser um período deestudo, não um período de conversinha.""Eu só estou trabalhando no meu artigo para o jornal, Sra. Thomas," Constanza explicou."Eu sou a editora deste ano.""E todo mundo na biblioteca tem que fazer o trabalho com você?""Sim, eles têm. Eu estou escrevendo sobre as dez coisas que fazem Bixby... especial. OSr. Honório disse que eu preciso de uma grande variedade de dados. É assim como eu deveriaescrever, então eu estou trabalhando, não papeando."Sr. Thomas levantou uma sobrancelha. "Talvez os outros tenham seus próprios trabalhos afazer?""É a primeira semana de escola, Sra. Thomas", Jen apontou. "Ninguém tem nenhumestudo a sério ainda."A bibliotecária passou seus olhos pelas cinco, então se voltou para a tela de seu computador. "Ok. Só não façam disso um mau hábito." Ela cedeu. "E tentem manter a algazarra baixa."Os olhos de Jessica caíram em seu livro de trigonometria. Ela na verdade já tinha alguns trabalhos sérios a fazer. A aula do Sr. Sanches tinha passado através do primeiro capítulo com a velocidade de um relâmpago, como se eles tivessem começado o livro no ano passado. Jessica estava bastante certa que ela entendia o que Sanchez tinha tratado no capítulo dois, mas alguns conceitos que se mantinham pipocando, eram simplesmente incompreensíveis. O Sr. Sanchez parecia convencido que Jessica tinha estado em uma classe avançada em Chicago e que ela só permanecia quieta por que ela estava muito a frente do resto deles. Não exatamente. Jessica sabia que ela deveria estar estudando, mas ela se sentia, muito inquieta, muito cheia de energia. Seu sonho da noite anterior tinha feito algo com ela. Ela não tinha certeza doque. Ela não estava nem certa de que tinha sido um sonho. Ela realmente tinha saído caminhando sonâmbula? O moletom de Jessica tinha ficado molhado de algum modo. Mas você realmente poderia andar por ai na chuva sem acordar? Talvez ela estivesse ficando levemente louca.Mas o que quer que tenha acontecido na noite passada, foi maravilhoso. Sua irmã, Beth, tinha atirado seu habitual mau humor do café da manhã, gritando que ela nunca poderia começarde novo em Bixby, depois de passar os treze anos de sua vida em Chicago. Papai, sem nenhum trabalho para ir, não tinha se levantado. E mamãe tinha estado em uma imensa pressa parachegar a seu novo trabalho, deixando para Jessica a ingrata tarefa de levar sua irmãzinha porta afora. Mas de algum modo os dramas matinais não a tinham incomodado. O mundo parecia estarajustado hoje. Jess finalmente sabia o caminho de todas as suas aulas, e sua combinação do armário, tinha girado como sem dedos, sem nenhum raciocínio. Tudo parecia de repente familiar,como se ela tivesse vivido aqui em Bixby por anos.Em qualquer caso, Jessica estava muito agitada para estar lendo um livro de matemática. E escutar seus novos amigos falarem sobre a estranha história de Bixby era muito mais interessante que trigonometria. Constanza Grayfoot era bonita, com cabelo liso e preto e pele corde oliva e só um traço de um sotaque. Ela e suas amigas eram todas juniores, um ano mais velhaque ela, mas Jessica não se sentia mais jovem em torno delas. Era como se ser a nova garota dacidade grande tivesse adicionado misteriosamente um ano a sua idade."Eu tenho outra", Maria disse. "Como há um toque de recolher aqui?""Numero dois: Toque de recolher irritante", soletrou Constanza."Toque de recolher?" Jessica perguntou."Sim." Jen rolou seus olhos. "Acima, em Tulsa, e mesmo no condado de Broken Arrow,você pode ficar fora tão tarde quanto você queira. Mas em Bixby, se é depois das onze, você estáproibida. Até que você tenha mais de dezoito. Você não acha isso estranho?""Isso não é estranho, só é pouco convincente" Disse Liz."Tudo em Bixby é estranho.""Tudo em Bixby é pouco convincente.""Você acha que Bixby é estranha, Jessica?" Jen perguntou."Bem,não na verdade. Eu gosto daqui.""Você está brincando", Liz disse. "Depois de viver em Chicago?""Sim, é legal aqui." Jessica se sentia estranha em dizer as palavras, mas elas eramverdade. Ela tinha estado feliz esta manhã, pelo menos. Mas as outras quatro garotas estavam olhando para ela como se elas não acreditassem nela. "Eu aposto que haja alguma coisa maisestranha em Bixby. Como a água. Ela tem gosto engraçado. Mas vocês já sabem disso."Elas olharam para ela como expressões pasmas."Mas vocês sabem, eu acho que uma vez que eu me acostume a isso – " Jessicacomeçou."E quanto aos poços de cobra?" Interrompeu Maria.Um momentâneo silencioso caiu sobre a mesa. Jessica viu a Sra Thomas olhar para cima,seu interesse provocado no momento pelo súbito silêncio, então voltou para sua tela.Constanza acenou. "Numero três: Poço de cobra." Sua voz estava apenas acima de umsussurro"Ok." Jessica disse. "Eu vou supor que este poço de cobras é mais do lado estranho que opouco convincente?""Sim", Liz disse. "Se você acredita em toda aquela coisa.""Que coisa?" Jessica perguntou."Lendas idiotas", Liz disse. "Como, supostamente as panteras que vivem lá.""Ela escapou de um circo que veio há muito tempo atrás", Jen disse. "Há artigos sobre issona biblioteca, vinda do cartório de Bixby nos anos de 1930 ou algo assim.""Artigos que você na verdade leu?" Liz perguntou.Jen rolou seus olhos. "Talvez eu não tenha, mas todo mundo –""E esta pantera é, tipo, de oitenta anos?" Liz interrompeu."Bem, talvez não em 1930...""De qualquer modo, Jessica", Liz disse. "O poço de cobras é apenas este lugar brega ondevocê encontra velhas pontas de flechas. Dos indígenas. Grande coisa.""Nós o chamamos de nativos americanos." Constanza corrigiu."Mas isso vem dos verdadeiros velhos tempos", Maria disse, "antes dos anglos mudarem todas as outras tribos daqui para o leste. Era uma vila onde os nativos originais de Oklahoma costumavam viver – povos das cavernas da idade da pedra, não os nativos americanos quevivem aqui agora.""Você está certa, isso não é brega", Jessica disse. "Mas é difícil imaginar Bixby da idade dapedra.""Não são só pontas de flechas", Jen explicou séria. "Há esta pedra grande que se projetado chão, bem no meio do poço das cobras. As pessoas vão lá à meia noite. E se você fizer um certo símbolo de rochas, ele mudará bem em frente a seus olhos, exatamente na badalada das doze.""Mudar no que?" "Bem...  as pedras não mudam em nada", Jen disse. "Elas ainda são rochas. Mas elas semovem.""Folclore", Liz declarou."Meu irmão mais velho fez isso um ano atrás", Maria disse. "Isso o assustou horrivelmente.Ele nem mesmo fala sobre isso agora."Jen se inclinou a frente, ainda falando em uma silenciosa voz de história de fantasmas. "Emesmo embora os arqueólogos tenham estado trabalhando lá a muito tempo, você ainda podeencontrar pontas de flechas se você procurar. Elas são, tipo, de uma centena de anos." "Dez mil anos você quer dizer."Jessica e as outras se viraram para olhar através da biblioteca. Era Dess, a garota da aulade matemática de Jessica, sentada sozinha em um canto."Ok..." Liz disse lentamente, seus olhos rolando um pouco para as outras garotas na mesa.Então ela sussurrou, "Falando em brega."Jessica olhou de volta para Dess, que não parecia ter escutado. Ela tinha descido suacabeça de volta a seu livro, lendo através dos óculos escuros, como se não estivesse maisinteressada na conversa delas. Jessica não tinha notado Dess, mas ela deve ter estado lá operíodo inteiro, acampada em seu canto na biblioteca, livros e papéis espalhados em torno dela."Número quatro..." Constanza começou, sua caneta verde pousada acima do papel. Jen soltou uma risadinha, e Maria fez um gesto de silêncio, abafando.Jessica olhou abaixo para seus livros, especialmente para o pesado volume de trigonometria. Sua energia estava começando em seu costumeiro desvanecer pré-almoço. Ela gostava de Constanza e seu grupo, mas o modo que elas tinham caçoado de Dess, deixara umgosto ruim em sua boca. Ela se lembrou de como as coisas tinham sido para ela em Chicago,antes dela se mudar para cá e se tornar a senhorita popular.Jessica olhou para Dess de novo. Um de seus livros sobre a mesa era Iniciação à Trigonometria. Se Dess fosse metade do quão inteligente ela fingia ser, podia valer à pena pedirpor sua ajuda."Eu na verdade devia ter alguns trabalhos feitos", Jessica disse. "Minha mãe ficou maluca eme colocou em todas essas aulas avançadas. Trigonometria já está me matando.""Ok", Constanza disse. "Mas se você pensar em algo mais estranho sobre Bixby, se certifique de me dizer. Eu quero ter a perspectiva da nova garota.""Eu manterei você informada."Jessica reuniu seus livros e foi para o canto. Ela se sentou do outro lado da mesa baixa deDess. Os pés da garota estavam apoiados sobre a mesa, brilhantes anéis de metal decorando seus tornozelos acima da meia-calça preta.Jess pensou ter escutado um sussurro da mesa de trás, mas o ignorou."Dess?"A garota olhou para ela inexpressiva. Sem impaciência ou aborrecida, só estranhamente neutra atrás dos óculos. Os dedos de Jessica começaram a puxar seu livro de trigonometria da pilha de livros."Você acha que..." Sua pergunta titubeou. O olhar de Dess era tão frio e direto. "Eu sóqueria perguntar a você", Jess começou de novo, "Umh... você sempre usa óculos escuros quando você lê?" "Nem sempre. Eles me fazem tirá-los na aula.""Oh. Mas por que – ""Eu sou fotofóbica . A luz do sol machuca meus olhos. Muito.""Ow. Eles então deviam deixar você usar óculos escuros na sala."          

  "Eles não deixam. Não há regra. Mas eles não deixam.""Talvez se você conseguir um atestado de seu médico.""E quanto a você?" Dess perguntou."Quanto a mim, o quê?""Seus olhos doem na luz?""Não", Jessica disse."Isso é estranho."Jessica piscou. Ela estava começando a desejar que ela tivesse ficado na outra mesa. Dess tinha sido interessante para conversar na aula de trigonometria, mas não interessante deum modo divertido. As garotas na mesa de Constanza deviam estar se perguntando o que ela estava fazendo aqui, falando com esta garota. Jessica certamente estava.Mas ela tinha que perguntar: "Como isso é estranho?"Dess colocou seus óculos para baixo, metade de um centímetro, e fitou dentro dos olhosde Jessica, uma expressão concentrada em seu rosto. "É só que algumas pessoas, certas pessoas, que andam em Bixby descobrem que a luz do sol aqui é terrivelmente brilhante. Elas derepente precisam de óculos de sol e de usá-los o tempo todo. Você não?""Eu não. Isso realmente acontece com muitas pessoas?""Uma seleta quantidade." Dess empurrou seus óculos de volta. "Esta é uma das dez coisas estranhas em Bixby."Jess se inclinou de volta a cadeira e murmurou. "Dez mil, você quer dizer."Dess sorriu de volta para ela, acenando em concordância. Vendo a expressão satisfeita,fez Jessica se sentir melhor. De certo modo ela lamentava por Dess. As outras garotas tinham sido grossas, e Dess não era tão mal."Então, Jessica, você quer sabe uma coisa realmente estranha sobre Bixby?""Claro. Por que não?""Olha só", Dess empurrou um livro da biblioteca ao acaso de uma prateleira atrás dela e o estendeu para Jessica."Hmm. Vanity Fair, exceto que não é uma revista, é um livro de cento e cinquenta páginas. Assustador.""Não, na lombada. O selo de Bixby."Jessica olhou para o pequeno adesivo branco que marcava o livro de propriedade dabiblioteca de Bixby High. Debaixo do código de barras estava um logotipo: um sol radiante."O que, o solzinho?""Não é um sol, é uma estrela.""O sol é uma estrela. Eu ouvi em algum lugar.""No espaço, a mesma coisa. Na simbologia, eles são diferentes. Vê as pontinhas saindodele? Conte-os."Jessica suspirou e apertou os olhos para o adesivo. "Treze?" "Isso mesmo, Jess. É uma estrela de treze pontas. Parece familiar?"Jessica apertou seus lábios. Isso parecia familiar. "Sim, na verdade há uma placa comoessa em nossa casa. Uma antiga. O corretor disse que nos velhos tempos ela mostrava se vocêpossuía seguro. Os bombeiros não apagariam um incêndio, se sua casa ao menos tivesse um.""Isso é o que todo mundo diz. Mas há uma placa como esta em cada casa em Bixby.""Então as pessoas não queriam que suas casas sofressem um incêndio. O que há deestranho sobre isso?"Dess sorriu de novo, estreitando seus olhos. "E há uma grande estrela na entrada da prefeitura. E uma no topo do cartório de Bixby e pintado sobre o chão dentro de cada entrada desta escola. Todas aquelas estrelas tem treze pontas também." Ela se inclinou para frente,falando rápido e silenciosamente. "O conselho da cidade tem treze membros, quase cada lance de escadas na cidade tem treze degraus, e Bixby, Oklahoma tem treze letras.Jessica balançou sua cabeça. "Que quer dizer?""Que quer dizer que Bixby é a única cidade que eu tenha ouvido de onde o treze é considerado um número de sorte. E não é só sorte, mas necessidade."

  Jessica tomou um fôlego. Ela olhou acima para as prateleiras atrás da cabeça de Dess.Agora que Dess tinha apontado elas, ela podia ver adesivinhos brancos claramente, fileiras após fileira pairavam sobre as duas. Centenas de estrelas de treze pontas.Ela deu de ombros. "Eu acho que é bem estranho, Dess.""Você ainda acha sonhos engraçados?", a garota perguntou.Um calafrio percorreu lentamente acima pela espinha de Jessica. "O que?" "Lembra em trigonometria? Eu disse a você que a água daqui daria a você sonhos engraçados. Eles já começaram?""Oh, sim", A mente de Jessica começou a correr. Por alguma razão, ela não queria dizer a Dess sobre seu sonho. Ele parecia tão perfeito, tão acolhedor. E então ela teve certeza de que Dess diria algo para arruinar o sentimento que aquele sonho tinha deixado a ela. Mas a garota estava olhando para ela tão intensamente, os olhos exigindo uma resposta."Talvez", Jess disse lentamente. "Eu meio que tive um sonho estranho. Mas talvez nãofosse um sonho. Eu não tenho certeza.""Você descobrirá em breve o suficiente." Dess olhou acima para o relógio da biblioteca esorriu. "Em 43, 207 segundos, para ser exata."Sete segundos depois o sinal tocou para o almoço.  


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