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Entrei na banheira, mesmo com pouca água, tenho certeza que seria suficiente para meu banho. Peguei o barra de sabonete gordurento e esfreguei nas mãos. Pelo uso, já estava áspero, mas continuei do mesmo jeito, esfreguei, esfreguei mas a sensação que estavam sujas não passava. Joguei o sabonete na parede e deixei os acontecimentos do dia flutuarem em minha cabeça. O dia inteiro eu repetia comigo "você tem que ser forte". Me permiti viver tudo outra vez, para aceitar que minha vida mudaria para sempre dessa vez.

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Após Antonieta pegar a carta, a dobrou e enfiou no decote.

- Isso pode esperar. - ela me levantou, e estava com o rosto sério, sem emoções - Recomponha-se Sofia.

- T-tia - eu gaguejei, todo o meu corpo tremia e o ar não entrava direito em meus pulmões.

- Nós não temos tempo para choro. - ela disse se dirigindo para gaveta e pegando um lençol - temos trabalho a fazer, o banquete para comemoração de aniversário do Rei está chegando, e todos os servos são necessários. Se sumimos, irão perceber. - ela me entregou o lençol.

- Não podemos deixar ela aqui!

- Podem até notar a presença dela, mas não irão procurar-la nesse aposento. - ela me deu dois beijos e me olhos nos olhos - Você precisa ser forte! Hoje à noite iremos cuidar dela. - e saiu.

Eu tentei respirar e enxugar as lágrimas para poder ver claramente, mas meu corpo não respondia. Sentei no chão e coloquei a cabeça entre as pernas. "Você tem que ser forte".

Me levantei, fechei os olhos por dois segundos, e coloquei todos os meus sentimentos no fundo da minha cabeça. E como movimentos automáticos, fechei os olhos de Daianne, arrumei todo o seu corpo para que aparentasse um ângulo correto, e a cobrir com o lençol.

Após ter lavado minhas mãos meladas de sangue e trocado meu pijama, corri para a cozinha, mas já era tarde. Antonio zangava de um lado para o outro berrando ordens, gritando com os criados. Corri e me posicionei ao lado da bacia de pratos, e comecei a lavá-los.

Percebi que ele se aproximava de mim, andando devagar, mas com passos pesados. Meu corpo ficou em alerta e cerrei os punhos. Ele se posicionou por trás de mim, colocando suas mãos na minha cintura.

- A senhorita me honra com sua presença aqui na cozinha.

- Me perdoe, houve...

Comecei a falar, mas minha cabeça foi puxada para trás. Ele enrolou sua mão nos cabelos da minha nuca e os puxou. Sua boca estava tão próxima ao meu ouvido que pode sentir sua respiração quente. Meu sangue ferveu de raiva, mas me mantive calada e só pensava "Você tem que se manter invisível"

- Você é muito ousada, Sofia. - ele sussurrou - desacatou as minhas ordens e ainda tem a ousadia de aparecer na cozinha após o horários correto.- "Eu te odeio! Você vai pagar por tudo! TUDO! - Você sabe o que garotas malcriadas merecem? Castigo!

Ele me soltou e eu deixei aparecer uma careta de dor, veio até o meu lado e segurou minha mão.

- Espero por você hoje, depois dos serviços. - disse beijando minha mão - se você se atrasar, eu te mato. E esse castigo será eterno, senhorita.

A Princesa PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora