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Esta é a melhor cama que já deitei. E tão macia e com lençóis tao confortáveis! O travesseiro se encaixa perfeitamente com minha cabeça que mal o sinto, e como se eu estivesse flutuando.
"Acho que estou apaixonada", pensei assim que acordei. Olhei para o quarto e meus olhos se prenderam ao vestido vermelho. Eu realmente não quero sair daqui, está tão confortável! "Talvez eu ainda possa passar mais um minutinhos aqui", pensei, mas no mesmo instante lembrei com quem me encontraria e no que poderia acontecer comigo se me atrasasse, levantei em um pulo, fazendo questão do meu primeiro passo ser com o pé direito. Nunca fui supersticiosa , mas depois que a consciência do que estava me metendo surgiu, me agarro a forças espirituais para me manter segura, ou pelo menos com a sensação de protegida. A falecida irmã Faustina sempre me consolava quando nova, dizendo que enquanto eu lembrasse e pedisse ao meu anjo da guarda para cuidar de mim, ele atenderia sem demora. E esse é o meu primeiro pedido dessa manha, não só hoje, mas por toda a minha vida.

Eu encaro o cômodo, em dúvida, onde eu supostamente devo tomar o desejum? Estou com fome, parece que se passou semanas desde minha última refeição. Minha barriga roncou só de pensar que dessa vez não comeria os restos ou os queimados, comecei a rir sozinha.

As poucas vezes que usei um espartilho e crinolina foi nas aulas insuportáveis etiqueta que Antonieta insistia em praticar. Pelo menos elas estão servindo de alguma coisa agora. Mas como e que eu vou colocar essas coisas sozinha? Impossível! No mesmo segundo em que pensei, escutei duas batidinhas na porta.

- Entre! - não sabia como deveria tratar os servos, afinal, ate ontem eu era uma criada.

Uma moça tão jovem quanto eu entrou no comodo, fez uma reverencia e ficou me encarando. Fiquei olhando de volta, sem saber o que falar.

- Bom dia, senhorita - ela disse, ficado encabulada.

- Oi! - acenei, e ela continuou me encarando, perto da porta, sem mudar a postura.

Continuei olhando em sua direção e ela logo abaixou a cabeça. Eu não sei como tratá-la! Não posso trata-la como uma megera mandona, pois é impossível esquecer toda a humilhação que já passei nas mãos delas. Nós somos iguais!"Quer saber? Eu faço o que quiser". Não posso ignorar as coisas que acredito! Não vou conseguir.

Andei em sua direção, sorrindo, quando cheguei perto dela, seu rosto parecia pegar fogo de tão vermelho, fazia um contraste perfeito com seus cabelos loiros presos em uma trança simples.

- Mil perdões, não me apresentei, sou Sofia Br... - engoli em seco - Monteiro! - seus olhos cresceram de surpresa quando levantou a cabeça, seu rosto parecia ficar quase roxo de tão rosado - Qual é o seu nome?

- Posso chamar outra pessoa para ajudar a senhorita a se vestir - ela disse tão baixo que mal pude escutar.

- Oh, não por favor! - me sobressaltei - Porque não poderia ter você? Fique e me ajude!

- Como desejar - respondeu, fazendo uma nova reverência.

- Você ainda não me disse seu nome - disse me sentando e pegando as uvas de ontem que ainda estavam na bandeja em cima do sofá.

- Camille, sua criada - abaixou a cabeça novamente, olhando para o chão - o que pedir, irei fazer.

- Ótimo! - disse com a boca cheia - meu primeiro pedido é: pode relaxar, Camille! - seu rosto foi tomado pela surpresa de novo, sua testa franziu como se ela estivesse em dúvida do que estava falando - E isso mesmo, para de se ruborizar por minha causa! Aqui dentro desse cômodo não há regras de etiqueta, nada de senhorita ou reverência, não sou uma nobre para você e não será uma criada para mim, somos iguais! - sorri - Posso te chamar de Cami? Pode me chamar de Sofi... se quiser, claro!

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⏰ Última atualização: Jun 05, 2016 ⏰

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