Minha cabeça latejou, me forçando a abrir os olhos. Passei a mão em cima e me arrependi, a dor fez os pelos do meu braço arrepiarem. Olhei em volta e não reconheci onde estava, todos os meus sentidos apuraram. Estou em cima de uma cama, com um colchão confortável demais para ser de um criado, sinto um travesseiro em baixo da minha cabeça com certeza feito com penas e não lã ou palha. Estou deitada em seda? Não sei. Algum tecido luxuoso. Vejo ao me redor um quarto amplo, com escrivania de carvalho, sofás, uma bainheira individual, tudo perfeitamente decorado com capricho e atenção aos detalhes. Tem até um quadro imenso na parede em minha frente. Um cheio deliciosos de chá chega até mim, atraindo minha atenção a bandeja ao lado de minha cama com um bule e ervas ao lado de uma porção de biscoitos doce. Eu preparei esses nesse biscoitos essa semana.Assim que levantei da cama, colocando os pés descalços no tapete, sorri. "Deu certo"
Tudo que eu falei ontem é mentira, desde os boatos as acusações. Usei a situação ao meu favor, pois tudo que eu precisava era um lugar no palácio para poder observar os Rodrigues e ao mesmo tempo, ganhei de bandeja, o privilegio de perceber - e aprender - as manobras da realeza, pois com certeza seria útil daqui há um tempo.
- Te que fim você acordou!
Virei rapidamente, me assustando, em direção a voz da Rainha. Ela estava sentada sentada em um sofá, desleixadamente, comendo uvas. Olhei com curiosidade para a cena, pois nunca tinha visto Anne tão relaxada, sem a postura monárquica, ela parecia tão... normal.
- Pensei que teria que ficar a noite inteira lhe esperando. - ela se aconchegou mais no sofá - Não que eu esteja reclamando, porque no meus aposentos eu não tenho nem um minuto de paz!
- Majestade! - falei, fazendo uma reverência.
- Pare com essas formalidade! - ele levantou em um salto, vindo em minha direção - Já somos íntimas! Você apontou uma arma para mim, eu quase cortei seu pescoço fora, te ameacei, talvez tenha machucado um pouquinho. Bom, eu tenho exagerado com você, mas estou decidida a deixar tudo para trás. - sem reação, somente fiquei olhando para o seu rosto enquanto tagarelava - Eu sei, temos a questão Antônio entre nós, mas refleti sobre o assunto enquanto você estava desmaiada e cheguei a uma conclusão: a culpa é dele. Não posso colocar em suas costas a culpa de todas as traições que ele cometia, então eu te perdoo por isso.
"O que essa mulher está falando?"
A poucas horas atras ela, literalmente, apontou uma arma para mim e agora está sendo amigável. Tem algo estranho aqui.
- Espera um minuto, você disse íntimas? - interrompi.
- Só aceita, Sofia.
"Ela me chamou de Sofia! Me chamou pelo meu nome!"
- Depois de tudo que aconteceu, não dá para você declarar algo assim, sem que eu questione - reagi com força - E sim, você não pode me culpar por Antônio, e na verdade, eu deveria perdoar você e não ao contrário.
- Você é realmente irritante! - disse, gesticulando - Repito: só aceite.
Minha resposta foi bem clara pois cruzei os braços e encarei. Anne soltou uma longa respiração e andou em direção a cama, se sentando.
- Estou tentando ser amigável, então por favor - ela tirou a coroa, deixando ela cair pesadamente na cama - podemos deixar a briga para depois?
Sem a coroa, ela nem parecia uma rainha e deixava bem claro a idade que tinha, já cansada pelo dia agitado.
- Tudo bem - respondi - Afinal, o que aconteceu lá em baixo? Quem me atingiu na cabeça?
- Foi um engano - ela deixou escapar um sorriso - Um dos guardas que estavam próximos do lugar, escutou o tom exaltado de nossa conversa e seguiu o barulho, então ele viu você apontado a lâmina para mim e logo a tratou como inimiga, assim que abaixou a arma ele bateu na sua cabeça com o punho da espada - falou, dando de ombros - Temos poucos guardas como Diego por aqui, os tempos não são mais os mesmos, temos que trocar a ronda com frequência pois eles são comprados pelo dinheiro dos inimigos reais em troca de informações... ou assassinatos.
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A Princesa Perdida
Fiksi RemajaSofia Bragança Moura, herdeira legítima do trono de toda a península das Planícies das Rosas, ainda lembra do dia em que seu pai, Rei Hugo, foi usurpado do poder. Impossível esquecer, mesmo tão pequena do caos que se formou no palácio, os gritos, a...