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Já se passou uma semana e eu ainda rezo pela alma de Antônio. Ele abusava das mulheres e da sua autoridade, tinha um caráter horrível e muitos dizem que ele teve o que mereceu, que tudo que plantamos, colhemos e o dia dele tinha chegado. "Deus tarda, mas não falha". Não me sinto culpada pela sua morte, mas com certeza não cabia a mim decidir o dia da sua sentença e é por isso que rezo. A Rainha Anne fez da sua morte um espetáculo, chamou alguns nobres para um banquete e no meio da festa anunciou, "Meus amigos, não sei se sabem, mas entre nós há um traidor! Eu e o Rei Guilherme entregamos nossas confianças em suas mãos e vocês são livres para usá-las como bem preferirem. Antônio Garibaldi, meu braço direito, foi pego em flagrante subornando guardas para ficarem em silêncio sobre suas negociações com um mercenário, na qual pedia A MINHA CABEÇA!". Claro ela inventou tudo, a final não poderia dizer que ele a traiu, se deitando com uma mulher, ainda por cima criada do palácio, nos aposentos reais. Soaria ridículo. "É agora, felizmente, será castigado. Além disso, espero também que sirva de exemplo para todos aqui". Disseram que ele entrou na sala, imobilizado por um guarda, chorando e clamando por misericórdia, foi posto de joelhos e teve sua cabeça apoiada na guilhotina. Antes que ele pudesse implorar mais uma vez, um leve acenar da Rainha levou a lâmina ao encontro do pescoço. Eu realmente fiquei com medo de Anne depois dessa. Apesar do "convidado" sem cabeça, banquete continuou como se nada tivesse acontecido.

Eu segurava a carta que deixaram como aviso junto a Dainne. Ainda me assustava saber que alguém a matou só para me ameaçar, dois dias depois, quando Antonieta aproveitou da minha distração e me obrigou a falar com ela. 

- Nós precisamos conversar! - ela segurava meu pulso com força, como se eu fosse fugir mais um vez.

- Eu sei, Tia - No final das contas, era melhor eu saber. Mas conversar sobre o assunto, seria reviver aquele dia que eu queria evitava.

- Quem escreveu essa carta e poderoso, Sofia! Nós realmente não sabemos com quem estanha lidando! - ela me entregou a a carta, já com o selo aberto. - Leia!

Eu abri. A letra era elegante. Respirei fundo e comecei a ler.

"Querida Sofia,

Você não me conhece, mas eu conheço você. A observo desde quando você morava no convento, aliás, a observo desde o ventre da sua mãe, fui amigo de seu pai, Hugo, mas ele realmente não sabia valorizar as amizades que tinha. Você não precisa saber da minha história, mas, agora e para a eternidade, sou leal ao Rei Guilherme. Sempre soube de que você era a princesa perdida e não a condeno por ter se escondido no palácio, afinal, fazemos o necessário para sobreviver.

Como disse, sempre a observei e se está lendo esta carta agora, pode ter certeza que em poucos minutos serei avisado que recebeu minha mensagem, ou melhor dizendo, ameaça. A alguns meses atrás, fui informado de que você procurou se informar sobre o passado do Rei e da Rainha, sobre como ocorreu o golpe e alguma brecha nas leis do nosso parlamento, principalmente sobre as maneiras legais de subir ao poder e em quais casos a família real poderia ser deposta. Não gostei da sua pesquisa. Na verdade, me sinto ameaçado, pois a nossa majestade me valorizou como amigo e me concede privilégios na corte.

Perceba, minha querida Sofia, que o pequeno acidente com a senhorita Daianne e o mínimo do que posso fazer. Receba esse efeito colateral de nossa negociação como um aviso, pois a família Bragança não subirá ao poder, vou me certificar de manter esse juramento que lhe faço agora. Os próximos acidentes podem acontecer com Antonieta ou talvez até você. E lembre-se, eu sei de cada passo que você dá, então cuidando onde está pisando.

Percebo que estou prendendo a respiração e a solto. Minhas mãos tremem e eu olho para todos os lados, qualquer um poderia está sendo pago para me dedurar. "Que inferno!". A algumas semanas atrás, eu troquei de serviço com uma mas moças que cuidam da limpeza do palácio, em especial, a do escritório do rei e a biblioteca real. Eu posso não ter dinheiro, terras ou aliados políticos, o que na visão da maioria dos nobres me torna uma ninguém, entretanto existe uma coisa simples, mas que ninguém valoriza: o conhecimento. Ele é um trunfo, o coringa em um jogo. Eu só fui atrás dos meus coringas, afinal, não sei ao certo o que o meu futuro aguarda, mas será uma grande jogo, com bons jogadores.

A raiva esquentou meu corpo e quando percebi, já havia esmagado a carta em minhas mãos, o sangue corria rápido em minhas veias. Quero gritar!

- Sofia, se acalme! - Antonieta se aproximou de mim, segurando em minha mão.

Me soltei da sua mão bruscamente. Joguei a carta no chão e a amacei com eu pé.

- Eu espero que essa mensagem chegue ao destinatário! - falei alto, na esperança de que alguém escutasse.

Antonieta se apressou, recolheu a carta amassada e me arrastou para longe. Quando dei por mim, percebi que estávamos indo em direção ao jardim, lugar perfeito para uma conversas em particular, pois era imenso, com alguns branquinhos aqui e ali, mas era um local amplo, impedindo que as pessoas se escondessem para bisbilhotar a vida alheia.

- Não é mais seguro ficar aqui, Sofia. - suas mãos estavam geladas. Ela realmente estava com medo. - Alguém próximo ao Rei sabe da verdade, só basta um deslize e nossas vidas acabarão!

- Não vou embora agora, Tia. Por favor, me entenda, não posso viver fugindo! - friccionei suas mãos nas minhas, amenizando o frio - Quem mandou está carta, poderia ter me matado a muito tempo, mas só se sente ameaçado agora. Ele se expôs com essas... atitudes, o que torna muito mais fácil identificá-lo. - parei de andar e olhei em seus olhos - Eu posso descobrir quem estar por trás disso!

- Sofia! Você já se mostrou demais! Leu a carta e viu o aviso! Você realmente quer mexer em um ninho de marimbondos?

- Não se preocupe tanto! Vai encher de cabelos brancos antes do tempo, aliais, deve ser por isso que suas marcas de expressão estão tão evidentes! - ri um pouco, apesar da expressão séria de Antonieta

- Não brinque com isso! Eu a proíbo de fazer qualquer coisa! Me escutou ? - seus olhos praticamente imploravam por compreensão.

- Não, Antonieta! Não vou ser controlada por ninguém, me recuso a aceitar essa ameaça! Ele matou Dai, provavelmente pode estar atrás da investigação nos conventos, que levou a morte da irmã Faustina! - senti meu rosto ficar quente novamente, tomado pela raiva - Eu vou ter minha vingança!

- Se você investigar, ou fizer qualquer coisa relacionada a quem realmente é, vai morrer! E, provavelmente, me levar junto! Prometi a sua mãe cuidar de você, e agora você vai me prometer não fazer nada de perigoso.

- Eu prometo. - eu menti. E em meu coração sei que não me sinto mal por isso.

Ela quer me proteger, afinal, é responsável por mim desde que fiquei órfão, mas eu também quero mantê-la segura, se esconder e fingir que nada aconteceu é ridículo, uma maneira de submissão e eu não irei baixar minha cabeça para ninguém! Procurarei uma maneira de entrar no palácio, descobrirei o autor das ameaças e depois me vingarei.

- Tia, acho melhor a senhora entrar em contato com antigos amigos, cedo ou tarde, vamos precisas de abrigo. - "Porque eu vou cutucar um ninho de marimbondos".

- Entrarei em contato com antigos aliados dos seus pais - ela juntou as mãos como em oração - Tomara que eles acreditem que você é você, pois a anos pensam que está morta.

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Oi! Então gente, estão gostando? O que vocês acham que a doida da Sofia vai fazer agora? Porque eu duvido muito que ela deixar barato essa ameaça. Alguma teoria ? Me falem nos comentários. Não se esquecem de me dar uma estrelinha e ajudar na divulgação do livro.
Beijoooos!

A Princesa PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora