Estou agora no meu quarto, nem mesmo sei como cheguei aqui, meu rosto está molhado das lágrimas que caem sem parar do meu rosto. Ainda não acredito que é verdade, que minha mãe se foi, agora estou sozinha no mundo.
Fazem 5 dias que eu a enterrei, foi algo simples e rápido. Todos que trabalhavam com ela compareceram, assim como meu pai, também foram pessoas que eu não conheço, mas que tinha algum tipo de relação com o trabalho dela.
Olho no relógio e vejo que são 7 horas da manhã, passei mais uma noite em claro, chorando, mas tenho escola daqui a pouco e já faltei demais esse ano para me dar o luxo de faltar mais um dia sequer.
Saio da cama e vou para o chuveiro, tomo meu banho e escovo meus dentes, logo estou vestida e pronta para mais um dia. Vai ser estranho voltar para casa a partir de hoje e não á encontrar aqui. Sei também que na escola vai ser outro inferno, pois apesar de não ter amigos, sei que todos ficaram sabendo do que aconteceu pelos jornais, e vai ser difícil para mim suportar as caras de pena deles para mim hoje.
Decido que não quero ir de ônibus para a escola hoje, então pego as chaves de um dos carros de cima da bancada e vou até a garagem, assim que chego lá, vejo que peguei o carro da minha mãe e rapidamente as lágrimas se formam, mas as seguro e entro no carro.
Dez minutos depois chego a escola, e como sempre sou uma das primeiras, vou logo para a sala e me sento no lugar mais ao fundo da sala, assim ninguém ficará olhando para mim. Coloco meus fones, fecho meus olhos e deixo a música que saí deles me acalmar.
Os minutos passam sem que eu me dê conta, por isso,quando abro meus olhos a sala já esta cheia, e os cochichos sobre mim já estão rolando, finjo que não percebo, e fixo meu olhar no quadro negro, segundos depois o professor entra na sala, e imediatamente começa a aula, não deixando espaço para conversas.
Agradeço ao professor com um sorriso fraco e ele me responde com um quase imperceptível aceno de cabeça. Sinceramente não sei o que foi passado na aula, uma vez que não conseguia sequer compreender o que era dito e mostrado na sala, saio do meu transe quando ouço o sinal tocar, e como um autômato começo a guardar minhas coisas, sinto alguns olhares em mim, mas não ligo, aos poucos a sala vai se esvaziando, e eu estou sozinha.
As aulas que transcorreram a seguir foram tal qual a primeira, nada que era dito nelas eu compreendia, finalmente o último sinal tocou e fui até a biblioteca, pegando uma água no refeitório antes. Eu sabia que devia comer algo, fazia quase 3 dias que não comia nada, mas não conseguia, eu não sentia fome. Pra ser bem sincera, eu não sentia nada, fome, frio, sede, nada apenas um vazio.
Sentei-me em uma das mesas mais escondidas da biblioteca, sabia que se fosse vista com uma garrafa de água ali teria problemas, mas não me importei muito com isso, a verdade era que eu queria ficar sozinha, sem ouvir os sussurros e cochichos a respeito de mim e da morte da minha mãe.
Outra vez coloco meus fones de ouvido, e começo a pensar nela, sinto as lágrimas tomarem meu rosto mais uma vez, nem tento controla-las, sei que será inútil, então sinto alguém me abraçar e reconheço o cheio, era o professor Tiago que eu considerava como meu melhor amigo, costumávamos sair juntos até, mas dentro da escola éramos apenas aluna e professor, sendo assim fiquei surpresa com sua presença naquele lugar.
Por alguns momentos me deixei ser abraçada, mas então lembrei de onde estávamos e me afastei dele.
-O que faz aqui? Sabe que se verem a gente juntos aqui vão pensar besteira e teremos nós dois grandes problemas.
-Não importa, não podia deixar você sozinha agora. E a diretora sabe que somos amigos, ela é a minha mãe lembra, portanto não se preocupe não vai dar problemas nada. Ele me respondeu e me puxou para mais um abraço.
O abracei bem forte dessa vez como se assim pudesse tirar um pouco de sua força para mim, desabei pela segunda vez em poucos dias
Depois disso percebi que não tinha mais condições de permanecer na escola naquele dia e fui para casa, consegui chegar na mesma sem causar nenhum acidente, o que era uma façanha, uma vez que dirigia com os olhos embaçados pelas lágrimas que rolavam.
Uma vez em casa fui para meu quarto e caí na cama, não consegui dormir outra vez, mas mesmo assim fiquei enrolada e como uma bolinha, tentando não me despedaçar ainda mais.
Saí desse transe quando meu despertador tocou, eram 6 horas da tarde outra vez, hora de me preparar para minha patrulha, desci até o porão passando pela cozinha, mas não comi nada apenas peguei uma garrafa de água outra vez e desci.
Fiz patrulha naquela noite, mas não teve nada demais, apenas alguns assaltos a pequenas lanchonetes, coisas que a polícia seria capaz de resolver sozinha, mas eu precisava ocupar minha mente, então acabei resolvendo as coisas, foram lutas rápidas, porém desgastantes e quando o sol começava despontar, voltei para casa, tomei um banho para tirar o sangue de minha pele, peguei as chaves de uma carro qualquer que não fosse o da minha mãe e fui para a escola.
No caminho decidi que assim que chegassem em casa ia tomar um dos remédios para dormir que Dr. André tinha me receitado e dormiria pois começava a me cansar. A aula transcorria tranquila, ninguém mais apontava para mim, e eu agradecia por isso, mas então enquanto ia para a aula de física, senti uma tontura e tudo ficou escuro, a última coisa que vi foi Tiago correndo em minha direção e depois o nada.

VOCÊ ESTÁ LENDO
A filha do Batman
FanfictionSeu pai era um justiceiro e mesmo sem saber disso,ela seguiu seus passos.