tomando a iniciativa

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Hoje Nova York Diário de Dulce Maria

Querido diário, Quanto mais tempo passo com ele, mais ele invade meus sonhos. Não quero me lembrar de nada, mas ele abre caminho.
Ele está aqui sob minhas mãos. Seus lábios na minha pele. São quentes, tudo é perfeito. Digo a mim mesma que ele não vai fugir desta vez. Eu o abraço, afastando o medo, querendo que ele se perca em mim. Que fique. E mesmo que ele já tenha escrito uma tragédia, quero que ele mude de ideia. Então ele está dentro de mim, e é a perfeição. Dou a ele a parte de mim que não me imaginei dando a nenhum outro. Ele me diz que é uma preciosidade. Que ele não merece. Depois que terminamos, ele me abraça como se nunca quisesse me deixar. Acredito que vai ficar assim. Que as coisas não vão mudar. Claro que mudam. Ele se cobre novamente, tão disfarçado por camadas que eu nem o vejo mais, apenas a dor que ele deixa para trás. Eu o culpo, mas a culpa é minha. Da idiota, romântica e ingênua que sou. Vi o que queria ver. Senti o que queria sentir. Ele só fez a parte dele. Às vezes consigo enxergá-lo, chorando e exposto, e é a coisa mais linda que vejo.
Mas é só uma encenação. Ele é um ator. E é muito, muito bom.

Seis anos antes Westchester, Nova York Grove

Segunda semana de aula Eu saio da minha aula de história do teatro com o cérebro revirado de informações sobre anfiteatros romanos, quando bato de cara no peito de alguém alto que está parado. Claro que minhas anotações voam para todos os lados.
*** Cacete! O cara alto ri, e me arrepia. Levanto o olhar para o sorrisinho de Christopher.

Minha expressão deve gritar por uma violência iminente, porque seu sorriso se desfaz mais rápido do que as calcinhas da Zoe descem.
Quando me abaixo para pegar meus papéis, ele se abaixa ao meu lado. Quero bater na mão dele afastando-a, porque desde aquele exercício de "conhecer você" no nosso primeiro dia ele não falou uma palavra comigo. E estou bem com isso.

Dulce: Deixe aí. - E pego os papéis. Ele os segura, e eu os arranco da mão dele sem levantar o olhar.

Engulo o instinto de dizer "obrigada", porque, depois do jeito com que me tratou, ele não merece.

dulce:Obrigada - murmuro involuntariamente. Droga, educação automática!

christopher:Não tem de quê - ele responde numa voz idiotamente suave.

Então, olha para mim como se fosse dizer algo, mas não diz. Passo por ele e avanço pela escada em direção ao prédio central. Em poucos segundos, ele está andando ao meu lado, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

christopher: Semana comprida, hein? - ele comenta. - Achei que a Erika ia expulsar o Lucas quando ele apareceu chapado, mas acho que ela percebeu que ele é um ator melhor quando está viajandão.

Eu paro e me viro para encará-lo.

Dulce: Christopher, você não pode me ignorar por uma semana e depois começar a puxar papo como se nada tivesse acontecido.

christopher:Não estava te ignorando.

dulce:Ah, sim, estava sim.

christopher: Não, ignorar você seria ignorar sua presença. Notei você. Só preferi não falar com você.

Dulce: Isso é melhor ou pior do que me ignorar completamente?

Christopher: Levemente melhor.

dulce:Bem, graças a Deus. Então não vou me ofender.

Christopher: Bom para você.

dulce: Eu estava sendo sarcástica.

christopher: saviñon , por que você é sempre tão rabugenta? Está de tpm?

MEU ROMEU{vondy}Onde histórias criam vida. Descubra agora