Escolhas....

107 7 1
                                    

Seis anos antes Westchester,
Nova York Grove
Sexta semana de aula

Ele está me encarando.
Mantenho o foco em Erika e tento me concentrar. É difícil.
O olhar dele me dá um arrepio elétrico que começa na minha nuca e se espalha por todo meu corpo.
Eu diria a ele para parar com isso, mas seria como reconhecer a existência dele e não há a menor chance de isso acontecer num futuro próximo. Desde que leu meu diário, uma semana atrás, o evitei a todo custo. Sempre que olho para ele, sou inundada por uma gran-de onda de humilhação, seguida rapidamente por uma raiva enorme, que acaba numa forte vontade de me esfregar nele. Achei que ele ia me beijar.
Parecia que ia. Então ele foi embora, e não tenho ideia do que se passa na cabeça dele. Só de pensar no nosso quase beijo minhas partes íntimas ficam todas excitadas.
Não tenho coragem de dizer a elas que vamos morrer sem nunca experimentar um orgasmo.
Ficariam muito deprimidas, e não posso me dar ao luxo de ter uma vagina triste.

- Srta.savioñon?

Dulce : Me desculpe, o quê?

Erika está olhando para mim. Assim como todo mundo. Exceto ele. Oh, a ironia.

Erika: Eu te perguntei por que você acha que nos tornamos atores - repete. - O que nos leva a buscar essa profissão?

Tá, fique fria. Responda à questão corretamente. Não dê a ela simplesmente a resposta que você acha que ela quer ouvir.

Erika: Srta. Saviñon, prometo que essa não é uma pegadinha. Por que acha que atuamos?

Dulce: Bem - começo, respirando fundo e tentando ignorar os olhos em mim -, acho que é uma forma de comunicar ideias e conceitos. Acho que somos como médiuns. Canalizando diferentes personas e personagens para dar vida ao trabalho dos outros.

Erika:Você não acha que é colaboradora nesse trabalho? Que as escolhas do seu personagem acrescentam algo à visão original?

Dulce : Bem, sim. Mas só se minhas escolhas não forem uma droga.

As pessoas riem. Uckermann bufa.

Erika:Sr. Uckermann? Suas reflexões. Ele se inclina de volta em sua cadeira. - Somos atores porque queremos atenção. Ficamos por aí dizendo palavras de outras pessoas e tentando não estragar tudo. Erika sorri. - Então você não acha que exista algo artístico no que faz?

Ele dá de ombros.

Christopher; Não particularmente.

Erika: E quanto ao músico, interpretando a música de outro? Você o considera um artista?

Christopher : Bem, sim...

Erika: E um artista visual? Um pintor que interpreta imagens através de suas pinceladas? É artístico?

Christopher : Claro.

Erika: Mas atores, não.

Christopher : Não exatamente. Somos papagaios, não somos? Aprendemos frases e as repetimos.

Erika : Então, se você não acha que interpretar é uma ocupação artística, por que interpreta, sr. Uckermann ? Por que atua, se você é meramente um fantoche e não tem investimento pessoal no que está fazendo? Por que dedicar três anos de sua vida para aprender a fazer isso? Com certeza você pode encontrar algo pelo qual tenha mais paixão.

Christopher : Eu não disse que não tinha paixão. Só acho que estamos nos iludindo se achamos que é difícil.

Erika:Talvez não seja difícil para você. Mas para a maioria subir no palco na frente de centenas ou milhares de pessoas seria impossível.

MEU ROMEU{vondy}Onde histórias criam vida. Descubra agora