O merda que partiu meu coração

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Christopher:Você está bonita, dulce.

dulce:Você também.

Christopher: Seu cabelo está mais curto.

dulce:O seu também.

Ele dá um passo à frente. Odeio a forma como olha para mim, Elogiando e aprovando. Faminto. Essa atitude me atrai contra minha própria vontade, como se ele fosse um papel pega-mosca. E tudo dentro de mim está zumbindo e tentando se soltar.

christopher: Faz muito tempo.

dulce: Sério? Nem notei. - Estou tentando soar entediada por fora. Não quero que saiba o que está fazendo comigo. Ele não merece essa reação. Mais importante: eu também não.

Christopher: Como você está? - ele pergunta.

dulce: Estou bem. - Resposta automática. Não significa nada. Tenho estado tudo, menos bem.

Seu olhar permanece em mim, e eu realmente sinto vontade de estar em outro lugar.
Porque agora ele parece com o que costumava parecer, e dói lembrar.

Dulce: E você? - pergunto com uma polidez exagerada. - Como está?

Christopher: Estou... bem. - Há algo em seu tom de voz. Algo enterrado.

Ele deixou uma pontinha de fora para atrair minha curiosidade, mas não quero escavar isso para descobrir mais porque sei que é o que ele quer.

dulce:Uau, que ótimo, christopher- respondo, controlando a animação para apenas irritá-lo. - Bom saber.

Ele olha para o chão e passa a mão pelo cabelo. Sua postura fica tensa com a forma familiar do babaca que conheço tão bem.

christopher:É isso, então. Três anos e é tudo o que você tem a me dizer. É claro.

Meu estômago revira. Não, seu merda, não é tudo o que tenho a dizer, mas qual é a questão? Tudo já foi dito, e fazer rodeios não é minha ideia de diversão.

dulce: É, é isso - confirmo com a voz leve e passo por ele.

Abro a porta e desço as escadas batendo os pés, ignorando a comichão na pele, onde nos tocamos. Há um "porra" abafado antes de eu escutá-lo correr atrás de mim. Tento ser mais rápida, mas ele pega meu braço antes de chegarmos lá embaixo.

christopher:Dulce, espere. Ele me puxa e acabo me virando para encará- lo, e espero que ele pressione o corpo contra mim. Para me destruir com sua pele e cheiro como fez tantas vezes antes. Mas ele não se move.
Apenas fica ali parado, e todo o ar da estreita escadaria fica espesso como algodão.
Sinto claustrofobia, mas não vou demonstrar. Sem fraquezas.
Ele me ensinou isso.

christopher: Escute, Dulce. - Odeio sentir tanta saudade de ouvi-lo dizendo meu nome. - Você acha que a gente consegue colocar toda aquela merda para trás e começar de novo? Eu realmente quero voltar. E achei que você iria querer também.- A expressão dele é cheia de sinceridade, mas já vi isso antes. Toda vez que confiei nele, terminei com o coração destroçado.

dulce: Quer começar de novo? Ah, claro. Sem problema. Por que não pensei nisso?

christopher:Não precisa ser assim.

dulce: Então, como seria isso, hein? - As palavras saem como ácido. - Por favor, uckermann, me diga. Afinal, era você quem tomava as decisões sobre nosso relacionamento. Como quer brincar desta vez? Amiguinhos? Parceiros de sexo? Inimigos? Ah, espera, já sei! Por que você não banca o merda que partiu meu coração e eu faço a mulher que não quer mais nada com você fora dessa sala de ensaios? Que tal?

Seu queixo trava. Está bravo. Bom. Disso eu entendo. Ele esfrega os olhos e expira. Espero que ele grite, mas ele não grita.

christopher: Nada do que eu disse nos meus e-mails significou alguma coisa para você, né? Achei que podíamos ao menos ser capazes de conversar sobre o que aconteceu. Você ao menos leu? - Seu tom de voz é baixo.

dulce: Eu li. Só não acreditei. Tudo tem limite. Quer dizer, eu tenho um limite para a quantidade de vezes que posso engolir suas baboseiras sem vomitar. Como é a frase? Me engane uma vez, a vergonha é sua. Me engane duas...

chridtopher:Não estou enganando você desta vez. Nem a mim. No passado, fiz o que precisava ser feito para nós dois.

dulce:Está brincando comigo? Você precisa mesmo que eu lembre a você o que você fez comigo? Isso foi minha culpa?

christopher: Não. - Sua voz está repleta de frustração. - Claro que não. Eu só queria...

dulce:Quer que eu dê outra chance para você acabar comigo? Quão idiota você acha que eu sou? Ele balança a cabeça.

Christopher: Quero que as coisas sejam diferentes. Se quer que eu me desculpe, eu me desculpo até perder a porra da voz. Só quero que as coisas fiquem bem entre nós. Fale comigo. Me ajude a consertar isso.

dulce: Não dá.

Christopher:dulce...

dulce:Não, christopher! Desta vez, não. Nunca mais.

Ele se inclina para a frente. Está muito próximo.
Próximo demais. Tem o cheiro que costumava ter, e eu não consigo raciocinar.
Quero empurrá-lo para longe para eu poder esfriar a cabeça. Ou bater nele até que ele entenda que não sou realmente feliz há anos, e é tudo culpa dele.
Quero fazer tantas coisas, mas tudo o que faço é ficar parada ali, odiando o quanto ele ainda suga minhas forças.
Sua respiração está tão ofegante quanto a minha.
Seu corpo, tão tenso quanto.
Mesmo depois de tudo o que passamos, a atração que sentimos um pelo outro ainda nos tortura. Como nos velhos tempos...

MEU ROMEU{vondy}Onde histórias criam vida. Descubra agora