Parte 4

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3:27 am


À passos entrelaçados e sem energia, caminhei em direção ao que outrora poderia ser considerado um acampamento. Me apoiei em uma das árvores perto da fogueira apagada. Tudo ainda era muito confuso. A realidade dançava em meio aos muitos indícios de insanidade que não cansavam de brotar em minha cabeça.


Respirei fundo.


Tosse.


- Dave, o que infernos aconteceu com o chalé?! – A voz era grave e pronunciava as palavras num tom ofegante. Sua fonte vinha de dentro da floresta escura. A ventania atrapalhava ainda mais sua identificação.


Um intenso arrepio tomou conta e todo o meu corpo. Suor. A dor de cabeça ameaçava voltar.


Adrenalina.


- Jack?! – Disse enquanto andava para trás, procurava algum pedaço de lenha que pudesse usar como arma.


O barulho dos gravetos se quebrando enquanto a sombra humanoide delatava a posição do portador da voz eram ensurdecedores.


Chuva.


- O que aconteceu aqui David? – Perguntou a voz novamente. Podia identificar a voz naquele momento. Era Jack.


Meu primo estava sujo e com alguns rasgos em suas roupas. Havia sangue. Sua falta fôlego denunciava uma longa corrida até aquele local. Recuperando sua respiração normal, o garoto se direcionou a mim tentando gesticular alguma mensagem com suas mãos, porém falhou em transmitir seus pensamentos.


- O que aconteceu com você, Jack?!


- Jeff... Ele fez merda... De novo... E parece que você conseguiu... Fazer muito pior! – Rapidamente, meu primo correu em direção à barraca dos pais com seu semblante assustado.


Eu estava praticamente sem reação. E a única coisa que me passava o mínimo de conforto era a ideia de que Jack ainda estava ali.


A ventania aumenta.


A lona trêmula da barraca vibrava intensamente, parecia uma tentativa falha de levar embora qualquer indício de que meus tios ainda estavam ali. "Não quero acreditar".


Ao abaixar o zíper o qual permitia adentrar a barraca de meus tios, Jack desfez seu semblante desesperado instantaneamente. Seu rosto estava pálido e sem expressão. "Não quero acreditar".


O garoto se ajoelhou em prantos. "Não quero acreditar que estão...".


- Mortos! – Jack acabava de perder o controle e anunciava isso à todos os cantos daquele local.


Descansem em paz, Georgia e Carlson Harrison.


***


Um Conto de TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora