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Fito a bifurcação pensando em qual dos dois caminhos escuros percorrer. O corredor da direita projetava um caminho sinuoso, este iluminado pelo brilho fraco das tochas presas às paredes do túnel. O caminho da esquerda estava totalmente escuro e somente o som das correntes de ar circulando pelo local se fazia em meio a atmosfera pesada da caverna. "Que tal iniciarmos isso com o 'pé esquerdo'? Talvez o lado mais escuro da caverna é o que guarda a solução de meu problema! Talvez Jack esteja trancado em algum tipo de sala de tortura ou algo do tipo. Talvez ele ainda não tenha morrido" , penso dando um trago profundo em meu cigarro. Nada mais importava além de cumprir minha missão vingativa de salvar Jack e por um fim às atrocidades daquela criatura nefasta, responsável pelo roubo do pouco de família que me restava. Meus olhos cerrados e envoltos pela leve fumaça do cigarro fitam o escuro corredor, e quando menos imagino, já estou caminhando dentro do mesmo. Tento, portanto, utilizar o esqueiro para iluminar meu caminho, mas ainda estava muito escuro para conseguir ver para onde estava indo. O barulho de roedores correndo em direção à luz da tocha posicionada na bifurcação, me provocavam calafrios.
Após alguns passos escuridão a dentro, a temperatura do solo esfriava lentamente. Olho para trás, verificando a possível presença da criatura a me espreitar, porém consigo ver somente o brilho distante da tocha ardente da bifurcação. Ao dar mais alguns passos, esbarro suavemente no que parecia ser uma porta. No mesmo momento, aproximo o celular local onde esbarrei. Parecia ser uma porta normal, não possuía inscrições nem fechadura. Não penso duas vezes e pressiono a superfície da porta na intenção de desemperrá-la caso estivesse com problemas em seu entravamento. Sem sucesso, estava trancada. Vasculho novamente por alguma marca que poderia ter deixado passar pelos meus olhos atentos, e encontro então algo como um buraco retangular logo mais ao lado da porta de madeira rútica. Ilumino o Lugar com o brilho do esqueiro e encontro uma vela, antiga e bem desgastada, completamente envolta por teias de aranha. Retiro as teias com a minha mão e acendo a vela. A região próxima à porta, tivera um aumento relativo de iluminação, mas nada significativo. Não havia o que fazer, apago a vela e volto para bifurcação em meio às sombras do corredor escuro.
Ao me aproximar da tocha ardente, percebo que meus tênis, antes deixados em um canto escuro do corredor, não se encontravam mais lá. Passos leves em um ritmo leve se aproximam. Rapidamente apago meu cigarro esfregando-o no chão e me distancio das chamas de tocha, em direção ao corredor que levava à entrada da caverna, misturando-me com as trevas do úmido e imundo túnel. Fito o vazio, até que uma figura encapuzada segurando uma tocha aparece andando vagarosamente do corredor da direita para o da esquerda. Este andava com suas costas inclinadas para frente e sussurrava palavras desconhecidas, como se fosse algum tipo de reza pagã. Procuro a silhuetas desgastadas dos meus sapatos em uma das mãos do homem encapuzado, mas não encontro nada. A cada passo dado pela figura estranha, um tilintar metálico ecoava pelos corredores mal iluminados. A adrenalina flui por todo meu corpo, conduzindo-me cuidadosamente até o sujeito encapuzado. O suor escorria pela minha face e meu coração batia cada vez mais rápido. Um sentimento estranho de prazer se faz presente ao ouvir o som da faca indígena perfurando os panos e o coração do que parecia ser um monge. A tocha que o homem segurava cai no chão, junto ao seu corpo inerte. Afasto as chamas do corpo rapidamente. É assim somente que percebo o que acabara de fazer. Me senti culpado por alguns segundos, porém um só pensamento vem à minha cabeça "Ou se é a caça ou o caçador", um sorriso se faz em minha face, "Parece que isso vai ser uma grande caçada...". Viro o corpo buscando quem era o homem encapuzado e para minha surpresa, era quem eu menos esperava que estivesse ali.
O guarda florestal estava vendado e ensanguentado. O sangue escorria pelos seus lábios, porém ainda respirava dificultosamente. Em seu último suspiro, o homem tosse algumas palavras:
- Que a ira de Arkhantus sele seu destino, verme! - logo após essas palavras, podia sentir a vida deixando o corpo inerte do monge sombrio.
Agora sabia que o que enfrentava tinha um nome, e este era Arkhantus.
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Um Conto de Terror
Детектив / ТриллерDavid está em seu apartamento quando é surpreendido por um antigo inimigo. Um flashback acontece e tudo o que ocorrera com ele torna a aparecer em sua mente. Acompanhe este jovem garoto resolvendo o primeiro mistério de sua vida. Para o sucesso de a...