Parte 7

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3:37 am

Após alguns passos, mergulhando-me na escuridão da floresta, ouço um rugido imponente. Podia sentir o sopro da vida deixando de me habitar por uma curta fração de tempo. Um calafrio se estende por todo o meu corpo. A mão que segurava a faca indígena se descontrai e deixa o objeto afiado cair sobre o solo. Fito a escuridão temendo o pior. Vejo as trevas tomarem conta do ambiente, podendo ser vista somente a luz do céu chuvoso, a qual emitia seu brilho fraco em meio as figuras retorcidas do que pareciam ser pinheiros. Minhas pupilas dilatam, turvando toda a minha visão. O desespero já se espalhara por todo o meu ser. Ajoelho-me, indiciando uma postura de rendição em relação ao que ocorria. A chuva não para de cair, e em meio as sombras, outro rugido ressoa pelo ambiente de maneira ainda mais forte, como se algo me desafiasse. "Droga! Por que comigo?! Por que minha família?! Já não basta eu ter perdido meus pais? Tenho que perder tudo de novo?! Não... Não,dessa vez... Dessa vez vai ser diferente! Não vou deixar essa coisa tirar tudo de mim tão fácil assim! Meus tios... Jeff... E Jack... Ainda tenho fé de que esteja vivo... Não me deixarei levar pelo medo... Parece que vivo ou não... terei que fazer essa coisa pagar pelo que fez... Não se sai ileso quando se tira tudo de mais valioso para um homem de maneira tão repentina... Consigo sentir exatamente a ira e a dor de Jack. Você vai pagar! Seja quem for!", as últimas palavras de meu pensamento saíram de minha boca instintivamente, sendo seguidas de um grande grito te fúria.

O medo, se torna ira.

O desespero, seu torna coragem.

A tristeza, sede de vingança.

Empunho a lâmina indígena e me levanto olhando para os céus. Tento procurar a fonte dos rugidos em meio a escuridão fria e acolhedora, mas não consigo distinguir a direção certa por causa da chuva, que ainda caía agressivamente. Meus dedos apertam a bainha da faca com uma força descomunal. Outro rugido toma o ambiente. Em minha face, esboço um riso malicioso e corro na direção do som monstruoso. Grunhidos saíam de minha boca em maio à correria e saltos sobre as raízes da floresta.

Chego no que parece ser uma caverna, que se projetava numa grande parede de rochas. Escritas estranhas circundavam a entrada da caverna. Podia ver um rastro de sangue que seguia para dentro do grande buraco que compunha a entrada da caverna. Percebo então rastros de um líquido negro e malcheiroso perto de alguns arbustos, os quais se localizavam em meio a colunas pontiagudas de pedra, próximos da entrada da caverna. Um grito seguido de um rugido sai do interior da caverna:

- David! Socorro!

Podia reconhecer a voz cansada de Jack em seus últimos esforços, gritando por ajuda desesperadamente. Jack ainda estava vivo, porém em sérios apuros. Determinado, vou em direção aos arbustos para ver se conseguia encontrar algo que poderia me ajudar no resgate de meu primo e em minha vingança contra aquela criatura. Ao chegar perto dos arbustos, noto que ocorrera uma batalha pela vida no local. O sangue malcheiroso do monstro estava encrustado nas colunas de pedra e o canivete quebrado de Jack se encontrava embalsamado daquele líquido negro. Escondida entre os galhos retorcidos dos arbustos, estava a mochila de Jack, a qual se encontrava totalmente em frangalhos. Porém, mais ao chão podia ver suas coisas espalhadas pelo chão. Lembrei do celular de meu primo, que ainda estava comigo. Peguei então o carregador e o esqueiro, no entanto, percebi que não havia resquícios de energia no carregador portátil ao conectá-lo ao celular.

Somente 7% de bateria era o que me restava. Desbloqueei o celular de Jack e tentei ligar para todos os contatos disponíveis, mas o sinal telefônico ainda estava cortado inexplicavelmente. Guardo o aparelho no bolso procuro pelo meu maço de cigarros, o qual carregava para onde quer que eu fosse. Acendo o último cigarro do maço com o esqueiro de Jack, este, lavado com seu próprio sangue. As lembranças de todos os acontecimentos tornam à minha cabeça. A chuva piora. A adrenalina corre por todas as minhas veias e artérias. Meus olhos se estreitam em meio a fumaça produzida pelo cigarro. "Inferno não é mesmo?" penso eu me dirigindo para dentro da caverna escura.

***



Um Conto de TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora