Parte 8

17 2 0
                                    

7% de bateria restantes

Meus olhos refletiam a luz do esqueiro, cujo brilho fraco iluminava vagamente o caminho caverna a dentro. O chão onde pisava, era preenchido por algo que parecia ser o mesmo líquido negro que havia lidado anteriormente, mas de alguma forma, não era tão pegajoso como antes. Ando pelo lado direito da caverna, iluminando a parede com o esqueiro, de modo que eu não ficasse totalmente exposto às trevas que compunham o lugar. O cheiro que vinha em minha direção, era podre e refletia o que eu poderia encontrar logo mais a frente. Algo me chama atenção. A parede de rochas, iluminada pela fraca luz do esqueiro, mostrava algo que parecia ser um óleo avermelhado e malcheiroso, o qual se deslocava em meio a veios rochosos de toda a superfície da caverna. 

Quanto mais avançava na direção do interior do da construção rochosa, mais meus pés eram envolvidos por aquele líquido estranho. Minha respiração se encontrava em um ritmo confiante e determinado. Pingos ecoavam por toda a úmida caverna, sendo o som de cada um deles, equivalente a uma rocha caindo do teto da escuridão. Um dos pingos acerta meu couro cabeludo e escorre lentamente pela minha nuca, provocando um rápido arrepio. Movo, então, a mão que tateava a parede úmida em direção da minha calça, de forma que pudesse guardar a faca indígena antes de pôr um fim no rastro que o líquido deixara em minha nuca. Após posicionar a faca cuidadosamente em minha calça suja, movimento meu braço de modo que o mesmo descrevesse a trajetória de um arco para trás. Porém, ao erguer meu braço, esbarro em algo que parecia estar suspenso logo mais acima de mim. Um arrepio torna a correr pela minha espinha. Engulo seco. Minha respiração aumenta abruptamente. Gotas de suor congelante escorrem sobre meu rosto, cuja feição tentava se manter o mais focada possível. Elevo a mão, rígida, que segurava o esqueiro em direção ao objeto que esbarrei anteriormente. Ao encostar o esqueiro naquilo que julgava estar suspenso, o fogo se espalhou, provocando a imediata liberação de uma fumaça branca. Ao perceber a rápida expansão do fogo, dou um passo para trás e elevo minhas mãos a poucos centímetros à frente de meu rosto, visando me proteger das labaredas e fumaça da combustão. A medida que a fumaça se dispersava pelos ventos que sopravam em direção à porta do imenso túnel rochoso, podia entender a imagem que se formava logo à frente de meus olhos entreabertos. Corpos mutilados e suas partes mutiladas, eram envoltos pelas chamas, as quais se espalhavam por algo que parecia ser uma teia, responsável por ligar cada um dos pedaços de carne entre si por correntes de ferro embebidas por sangue e óleo negro. Cada labareda que o fogo produzia, era mais vermelha que a escarlata. Via aquilo atônito, ver aquilo provocava meu estômago revirar. O cheiro piorava a cada vez mais.

Um grito feminino aterrorizado vindo do interior da caverna, ecoa pelas paredes rochosas da mesma.

Percebendo o grito vagamente familiar, corro a passos largos em direção ao interior da caverna. Uma luz fraca do que parecia ser uma tocha, iluminava o final do grande corredor inundado pelo sangue das vítimas do monstro. Ao chegar no final do corredor, me deparo com uma bifurcação. Sinto meus pés encharcados deixar o líquido escorrer em meio meus dedos. O chão não se encontrava mais inundado, mas sim seco e preenchido por terra vermelha. Descalço meus sapatos e os coloco posicionados em um dos cantos mal iluminados do corredor. Iria seguir do modo mais silencioso possível dali para frente. Qualquer barulho fora do normal, poderia significar meu fim. Um vento quente soprava suavemente pelos dois corredores. O chão era quente e só provava cada vez mais que eu estava no "inferno" que Jack dissera anteriormente. Um sorriso malicioso mais uma vez é esboçado pelo meu rosto.

***




Um Conto de TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora