Um Conto de Terror

Parte 3

3:25 am

Ao subir as escadas, a falta de ar piorava a cada passo dado. Me apoiei no corrimão e tentei me recompor.

- Sangue, fogo, caos, perdição.

Me pus subir as escadas novamente. Minha cabeça permanecia perturbada e perseguida pelo loop constante daquela voz. Cheguei ao corredor que levava aos quartos. No total haviam cinco portas, quatro posicionadas uma em frente da outra e a porta entreaberta do quarto onde deixei minhas coisas logo no final do corredor. Podia ouvir o vento assoviar pelas frestas de madeira no rodapé de cada uma das portas.

A dor de cabeça aumentava. Fechei os olhos.

Ventania.

Nenhum sinal da chuva.

Um alto barulho de impacto. Minha porta havia se fechado. O ranger inquietante e rítmico das janelas no lado direito do corredor tornava tudo mais confuso e difícil de discernir.

Ao abrir os olhos novamente, mal podia enxergar o corredor. A luz que chegava pela janela estava comprometida pelos pinheiros inclinados pelo intenso vento.

Melodia.

Caminhei pelo corredor me apoiando na parede de madeira maciça em busca da fonte musical.

Respirei fundo. Expirei.

A dor de cabeça persistia. Cai de joelhos em meio ao corredor mal iluminado.

"Worked for thirty years
Sharing hopes and fears
Dreamin' of the day"

O momento não poderia ser pior para essa música.

"Poor Tom, work's done,
Been lazin' out in the noonday sun"

A letra variava. O volume Oscilava. O som se distorcia constantemente. Não conseguia pensar direito. Era ensurdecedor.

"Poor Tom, seventh son,
Always knew what's goin' on

Ain't a thing that you can hide from Tom
Ain't a thing that you can hide from Tom"

A música lentamente se dissipava em conjunto com o vento.

Trovões.

As portas antes fechadas vibravam intensamente até agressivamente se abrirem por completo. Sombras distorcidas do que pareciam ser meus familiares se formavam no chão.

"Sangue, fogo, caos perdição".

Me levantei de olhos fechados e corri em direção ao quarto ao final do corredor.