3:30 am
Eu me encontrava paralisado mediante aquela situação. Minha boca encontrava-se seca. Um calafrio toma conta de meu corpo. Vejo Jack ajoelhar-se em prantos após insistentemente tentar reanimar os cadáveres de seus pais. O ar sai do meu corpo, coloco minhas mãos sobre a cabeça vagarosamente. Andando de costas à passos inseguros, afasto-me daquela cena triste. Uma lágrima escorre pelo meu rosto pálido e inexpressivo. Em minha cabeça, a lembrança do que havia acontecido comigo há poucos minutos no segundo andar da casa principal atormentava meus sentidos. Minhas mãos tremem ao apertar meu couro cabeludo com uma força descomunal.
- O que vamos fazer agora?! Meu Deus! Que porra é essa que ta acontecendo? Por que com a gente?! Por que?! - berro para o céu nublado e amedrontador, como seu esperasse uma resposta divina para toda aquela situação. Uma luz se faz no céu. Um raio deixa seu rastro em meio a escuridão que nos circundava naquele momento. Ouve-se um estrondo gigantesco. Nuvens liberam seu conteúdo gradativamente. O vento aumenta ainda mais.
As árvores à minha frente dançam de forma incerta. Desesperado, procuro pela figura de Jeff ou algo que indicasse sua posição. Sem sucesso.
Engulo seco.
A chuva aumentara seu ritmo, deixando o solo cada vez mais lamacento. Ao tentar procurar novamente por meu primo mais novo, vejo algo se movimentando em meio às formas encurvadas da floresta puntiforme. Algum tipo de luz no ventre de seus domínios. Algo como...
- Fogo! - Grito apontando em direção das árvores. É então que vejo a figura de Jack se levantar com um semblante rancoroso e sério. Seus punhos estavam o mais contraído possível. Seus braços tremiam de tanta força que imprimia em seus músculos naquele momento. Podia ver seus dentes totalmente cerrados tremendo de tamanha fúria que sentia. Jack olhava fixamente para a chama ardente dentro da floresta.
- Aquela coisa! Aquela coisa os matou! Aquela coisa levou meu irmão! Aquela coisa... Vai pagar muito caro pelo que tirou de mim! - murmura Jack caminhando a passos pesados em direção à floresta. Com um um movimento rápido imponho minha mão esquerda sobre seu peito de forma que impedisse-o de continuar sua caminhada; via em seu rosto a agonia de alguém que perdera tudo e lutava para se manter são e forte o bastante para continuar de pé.
- Não Jack! Você ta maluco? Tá querendo morrer também? - grito para a figura parada de meu primo. Jack esboça um sorriso estranho e assustador. Ao olhar para mim, meu primo sorri friamente, e tentando recuperar a sanidade fala de maneira séria, empurrando seu corpo contra o meu braço:
- Não vê? Já estamos todos mortos... E esse aqui... Primo Dave... Esse aqui é o inferno! - Jack ignora totalmente minha tentativa de impedi-lo de seguir em frente e sai correndo em disparada para dentro dos corredores escuros da floresta.
Não penso duas vezes e corro atrás de meu primo. Tento usar meu celular para iluminar o chão totalmente preenchido pelas raízes que compunham o solo barrento da floresta, mas a bateria do mesmo estava inativa já havia um bom tempo.
A chuva aumenta.
Após alguns metros de corrida floresta a dentro, a escuridão toma conta de meus olhos turvos. Viro meu rosto para trás e vejo as luzes da casa principal dançando em meio as sombras que compunham o interior da floresta. Pareciam meros vagalumes dançando em meio à todo o desespero que aquela situação que eu e Jack passávamos nos proporcionava. Meu suor se misturava à chuva, que aumentara seu ritmo e a cada pingo que caía em meu corpo, era como se uma faca afiada cortasse minha carne superficialmente. Viro meu rosto para frente novamente. Corríamos em direção do fogo, que diminuía e aumentava sua intensidade devido aos pingos congelantes daquela chuva. A silhueta disforme de Jack correndo e saltando as raízes de forma ágil e veloz.
Jack era viciado em filmes de terror, e mesmo com tudo o que se passava naquela noite, não se esquecera de nada do que já havia aprendido com tais filmes. Ele sempre levava consigo na mochila que carregava, uma bateria portátil para seu celular, um canivete de tamanho médio, um esqueiro e comida (meu primo era o cara mais paranóico em relação à sobrevivencia que eu conhecia até então), ele alegava que, se algum dia acontecesse algo , ele certamente teria a chave do possível "mistério", mas naquela noite, algo lhe dizia que tudo aquilo que sempre portava consigo, não o ajudaria em nada.
- Conseguiu ligar para alguém? - grita Jack esperando uma resposta rápida e positiva.
- Meu celular está morto como nós - respondo eu fazendo uma piada. Jack esboça um sorriso em meio ao seu rosto borrado, mas ambos sabíamos que aquele não era o momento para fazermos piada sobre aquilo tudo, talvez algum tempo depois de todo o ocorrido, mas aquela não era a hora certa. Jack rapidamente saca seu celular e liga para a guarda florestal. Sem sucesso. Tenta então ligar para a polícia, mas o sinal foi cortado. Algo se movimenta ao meu lado esquerdo. Um vulto. Um grito ecoa por toda a floresta. Jack, anda mais alguns passos à minha frente e para de forma abrupta, deixando o seu celular cair no chão barrento da floresta. A luz estava à alguns metros de meu primo. O garoto de 17 anos tremia mediante a o que via. Eu, distraído com o que via, tropeço em uma das raízes e me lanço no chão batendo a cabeça no solo enlameado.
***
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Conto de Terror
Misterio / SuspensoDavid está em seu apartamento quando é surpreendido por um antigo inimigo. Um flashback acontece e tudo o que ocorrera com ele torna a aparecer em sua mente. Acompanhe este jovem garoto resolvendo o primeiro mistério de sua vida. Para o sucesso de a...