Together. For Survival.

Depois: Quinze

A vida dos dois continuava conturbada. Havia altos e baixos, e um turbilhão de emoções dentro e fora daquela suíte, a qual se referiam como casa, já que não faria sentido se mudarem dali quando respiravam trabalho e o parque dependia deles de forma integral. Se um dia estavam comemorando um aniversário surpresa para Claire na sala de operações, durante o qual ela teve que ser simpática com todos e esconder sua real vontade de matar Lowery e Owen por tê-la trancado dentro do banheiro feminino enquanto organizavam tudo rapidamente, no outro ela relevava os pequenos desacordos conjugais, convencendo-se de que eram totalmente normais para a maioria da população mundial.

No fim das contas, o amava. E agora tinha noção de que sempre se sentiu pelo menos um pouco atraída por Owen. Aliás, graças à atração mútua, tiveram o desastroso e agora cômico primeiro encontro. É claro que, se a perguntassem há meses, ela teria dito que aquele foi um "erro, carregado por um momento de fraqueza imatura e sem motivo aparente". Assim como Owen teria dito que ele "achava que a chefe devia ser gostosa". Hoje em dia, os dois já conseguiam rir de algumas lembranças. Desde o segundo encontro, Claire já tinha a certeza: nunca foi tão bom voltar atrás e corrigir um erro.

Claire Dearing não era mais a mesma mulher de três meses atrás. Ela aprendeu a apreciar as qualidades únicas de Owen Grady, ainda que de uma forma complicada. Apenas sentia nojo de ver, na sua vez de entrar no banheiro, a pasta de dente aberta em cima do sabão e a toalha dele estendida na pia.

-Grady. - ela resmungou, arrumando a bagunça rapidamente e fazendo uma nota mental para reclamar com ele mais tarde.

O último mês foi mais ou menos assim - Claire limpando, e Owen dando motivos para ela limpar.

Sim, eles eram felizes, apesar de tudo. Exceto pela manutenção e tarefas domésticas, ela sabia que podia contar com ele para absolutamente qualquer coisa.

Owen praticamente tinha expediente dobrado, indo do resort para a sala de Claire, e da sala de Claire para o paddock dos raptores, onde ainda teria muito trabalho com sua equipe até manter toda a ordem. Se conseguisse, um dia. Os animais estavam completamente desconfiados e apreensivos pelo retorno de Owen Grady e a nova equipe de treinadores. Blue ainda o respeitava esporadicamente, mas parecia um pouco revoltada, talvez por influência das irmãs. O treinador chegava em casa acabado, direto para o banho. Claire sempre pedia ao refeitório para providenciarem comida para o quarto deles no fim do expediente, e organizava o jantar dos dois, com Owen praticamente cochilando à mesa. Mas ele não reclamava. Nunca.

Agora, praticamente de papeis trocados, ela o indagava se não seria melhor ele parar de acompanha-la pela manhã. Seu trabalho da tarde estava exaustivo demais. Mas Owen estava destinado a aprender tudo o que precisava para poder ajudá-la de alguma forma significante na direção do Jurassic World. E para Claire não restava outra alternativa, senão ensina-lo o básico do seu ofício e mostrar seu raciocínio estatístico de forma compreensível. Em troca, Owen compartilhava com ela a parte humana do que ela chamava de mecânica, a instruindo sempre a pensar na melhor forma de preservar os animais e garantir o futuro do parque, antes de começar a pensar em lucros ou expansões. Ele registrava o que julgava necessário para alimentação, controle de natalidade e alternativas para o treinamento, segurança e crescimento dos animais que restaram, além dos trabalhadores.

Claire não podia ter um noivo mais dedicado. Sempre o acompanhava à cama, encantada pelo esforço que ele fazia, quando ela sabia que nem era seu propósito ser dono do parque. Isso a dava forças, de uma forma surpreendente. Mesmo sem tempo, ainda encontrava algum para ele. Tanto para agradá-lo de formas mais calorosas, principalmente nos fins de semana, quanto para deixá-lo ciente de que ainda estava em fase de avaliação ali, entre quatro paredes.