Together. For Survival.

Depois: Dezesseis

Ninguém poderia ousar duvidar dos talentos múltiplos de Claire Dearing. Se ela disse que a viagem seria a lua-de-mel, seria mesmo a lua-de-mel. Mesmo com olhares e comentários suspeitos de conhecidos e família. "Não teremos outro feriado assim em cinco anos!", falava antes de tentar convencer a todos, um por um – estilistas, buffet, ornamentação e recepção. A escolha do local foi um problema. Owen queria um casamento na praia, com música alta, e regado a bebidas. Ela achava aquilo o cúmulo da cafonice. Preferia algo minimalista e só para os íntimos, bem sofisticado. Venceu o meio termo, uma ideia totalmente inesperada e muito mais prática: um casamento pronto, oferecido pela ex-colega de quarto de Claire, agora representante do cruzeiro Marriott, do hotel onde antes se hospedaram na Costa Rica, com direito a passagens para a viagem de navio pela Turquia para as famílias dos dois. Na cerimônia, estariam apenas a família e amigos mais próximos, que praticamente se resumiam a alguns funcionários do Jurassic World, já que respiravam trabalho. Neste sentido, aliás, Claire diminuiu o ritmo do papel de gerente, no escritório. Mas intensificou o de organizadora de eventos, em casa.

E Owen, esse estava ficando de cabelos em pé no treinamento de novos raptores do parque. Para o sucesso do controle de natalidade, os animais deveriam estar mais do que preparados para conviverem em harmonia desde cedo. Ele caminhou pela recepção do resort, e nem tinha mais consciência de onde estava. Os pés o levavam de volta ao quarto do casal, mas sua mente estava consumada por preocupação e dúvidas. Blue voltaria ao ser normal e a obedecê-lo por completo algum dia? Os filhotes, produzidos artificialmente em laboratório, seriam bons raptores? Teria Indominus acabado com o equilíbrio daquele parque por completo? Estaria ele ajudando no que deveria na direção do parque? Os pensamentos o arrastaram pelo lugar. Um grande receio emergiu entre tantos pensamentos aleatórios. Teria sido Claire? Por que ela não foi ferida? Teria ela se estabilizado como alpha de Blue? Seria impossível existir um alfa sem interações com raptores. Frustrado e sem respostas, entrou no quarto que dividia com Claire. Não teria coragem de pedi-la para ir com ele de novo ao paddock de raptores, mas gostaria de ver se uma nova tentativa de dinâmica entre Claire e os bichos tornaria aa natureza do lugar estável novamente. Ou talvez ela não tivesse a ver com absolutamente nada daquilo.

Ao abrir a porta, todos os seus pensamentos se dissiparam. Ela, que tivera uma reunião sem fundamento algum com representantes da InGen pela tarde, compartilhava com ele o sentimento de exaustão. Enquanto não chegou em casa, tirou os saltos altos e se atirou numa taça de vinho, não era a mesma. Talvez "casa" não fosse o termo correto para um quarto no local de trabalho, mas era uma casa, um verdadeiro lar, principalmente quando estavam juntos. Owen a fazia sentir assim. E ela dançou, distraída.

Sim, Claire dançava. Bem, tentava. Balançava os ombros. Na cozinha. Preparando um jantar. No fogão.

Owen coçou os olhos sem ter certeza do que via, e a observou por alguns instantes, em completo silêncio, admirando sua futura mulher.

Claire discretamente começou a mover os quadris e parecia querer acompanhar a música, ainda que do seu jeito. Mas seu telefone tocou, e Owen imediatamente se mandou dali.

–Owen, é você? – a voz aqueceu seu coração e imediatamente a felicidade invadiu seu peito.

–Sim, sou eu. Está fazendo o que? – ele se aproximou novamente, perto da geladeira, mas nem precisava de respostas. O aroma de especiarias e macarrão entorpeceram seu nariz. Não pôde conter um sorriso ao vê-la mais de perto, diante de seus olhos.

Claire cozinhava, ainda vestida com roupas do trabalho. Naquela ocasião, uma saia preta e camisa rosa clara de botões. Ele imaginou que antes ela usava uma jaqueta preta e saltos combinando, pois saiu mais cedo naquela manhã. Mas era apenas uma aposta, e àquela altura, ele nem entendeu por que diabos estava preocupado com o que ela vestia. Olhou seus pés e notou que calçava chinelos pretos com laços, e não conseguiu segurar uma risada.