Diego
UMA SEMANA DEPOIS - uma semana, esse é o tempo em que estamos separados, eu estava péssimos, a sensação de perda era a pior parte de tudo isso. Eu me sentia anestesiado, passava o dia todo na rua e quando voltava de madrugada dormia e saia de novo.
Eu era um fraco, não sabia como lidar com tanta dor, então acabava fazendo besteiras, a única coisa que me ajudava de alguma forma era as malditas drogas. Mesmo que eu me sentisse um lixo depois de usar, na hora em que estávamos juntos eu ficava em êxtase, meu corpo relaxava, eu sentia que nada poderia me derrubar, o que era mentira. Assim que o efeito passava a realidade voltava e o ciclo recomeçava. A droga destrói você de dentro para fora, ela finge que te ajuda, faz você pensar que está tudo bem, quando você cai na real já está na merda vendo sua vida caindo pouco a pouco na sua frente.
Quando eu estava na rua costumava ficar observando as pessoas ao meu redor, tentando entender o que as levou até ali. Pessoas que aparentemente tem a vida perfeita e que por alguma razão descem tão baixo, nas ruas não tem diferença se você é pobre ou rico, todos estamos ali por um razão, queremos achar o remédio que nos tire da realidade, infelizmente não é tão simples como pensávamos.
Eu tinha acabado de chagar em casa depois de passar a noite inteira fora, caminhei até o banheiro e entrei embaixo do chuveiro gelado ainda de roupa, fiquei em pé apenas sentindo a água passando pelo meu corpo, fechei meus olhos e a primeira coisa que veio na minha cabeça foram dois pares de olhos castanhos. Sara nunca saia da minha cabeça, eu estava morrendo de saudades da dona do sorriso mais lindo que eu já vira. Sorri lembrando da minha garota e comecei a tirar a roupa para tomar banho direito.
Depois de tomar banho e vestir uma calça de moletom preta, sai do meu quarto e fui em direção a cozinha. Desde que Sara foi embora eu não tenho mais voltado na casa do meu pai, eu e Luiz fizemos um acordo, eu ajudaria nas contas e ele me deixaria ficar um tempo com ele e desde em tão eu tenho morado com meu amigo. O que não está sendo uma boa ideia, Luiz e Sara estão muito amigos nesses últimos dias e as ligações diária que os dois trocam estão me incomodado de mais.
Depois de prepara meu lanche – um sanduíche natural com suco de laranja - eu peguei o prato e o copo em cima da pia e quando estava passando pela sala – em direção ao meu quarto – escutei Luiz falando ao telefone. Ele estava sentado no sofá e pelo jeito meloso que pronunciava cada palavra eu tinha certeza que era ela.
- oi linda - saldou e ficou um tempo em silêncio - como você está? Eu também estou com saudades, como estão as coisa?
Eu dei meia volta e me sentei ao seu lado, fingindo não presta atenção na sua ligação. Mais era difícil quando ele se referia a ela como "linda", eu queria entender da onde saiu tanta intimidade.
- não fica assim princesa...
Princesa? Senti meu sangue ferver e meu coração acelerar, será que Luiz estava tendo alguma coisa com a minha Sara? Será que ela Sara capaz de ficar com o meu melhor amigo? Minha vontade era de pegar o celular e enfiar na garganta dele.
- tudo bem, mais tarde eu te ligo – se despediu e desligou o celular em seguida.
- como ela está? – perguntei interessado, desde que ela foi embora eu não tive mais notícias.
Meu amigo me lançou um olhar gelado - o que já estava virando um hábito - e levantou do sofá ficando de frente para mim.
- como você acha? - perguntou sarcástico e jogou o celular no sofá sumindo pelo corredor.
Soltei um longo suspiro e peguei a prima coisa que vi pela frente, - um jarro com flores em cima da mesinha – e joguei com força na parede, escutando logo em seguida o barulho alto do vidro se espalhando pelo chão. Passei a mão com força no rosto e olhei para o lado avistando o celular do Luiz. Sem pensar eu peguei o aparelho e liguei percebendo que não tinha senha - o que facilitava muito as coisas - fui até "chamadas efetuadas" e senti um ódio me consumindo quando vi o número da Sara várias vezes, ainda bem que eu não estava com nenhuma faca por perto.
Fiquei um tempo encarando o parelho em minha mão, até que por impulso disquei seu número e antes que eu pudesse me arrepender e desligar sua voz calma e doce invadiu meu ouvida.
- Oi... - atendeu - Luiz? - meu coração acelerou escutando sua voz, tinha uma semana que eu não escutava, estava morrendo de saudade dela - Oi, você esta aí? - perguntou sem resposta.
Eu não sabia o que dizer, estava em transe e quando ia desligar Luiz apareceu na sala me olhando, seu rosto estava sério, mas eu podia jurar que ele estava contendo um sorriso.
- o que está fazendo com o meu celular Diego? - perguntou alto o suficiente para Sara ouvir, e pelo sorriso que soltou em seguida eu percebi que foi de propósito.
- Diego? - Sara perguntou e na mesma hora eu desliguei.
- qual o seu problema? - perguntei jogando o celular na sua direção e por sorte ele pegou antes que caísse no chão.
- meu problema? Você que está agindo como uma criança. Diego para de ser idiota cara! A garota está sofrendo, você esta sofrendo, pra que isso? Você acha que ela vai te esperar para sempre? Uma hora ela vai cansar de sofrer - falou me olhando -deixa de ser orgulhoso Diego e segura essa chance que a vida está lhe dando - dito isso ele virou e saiu batendo a porta com força.
Fiquei um tempo encarando a parede branca na minha frente, e pensando, porque era tão difícil de entender que eu estava fazendo isso por ela? Não importa se eu estou sofrendo, a questão aqui é ela. Desde o princípio a única coisa que importa é ela. Quanto a mim... Eu supero. porque no fim das contas, ela é a única coisa que importa nessa droga de vida.
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A babá (COMPLETO)
RomansaDizem por aí que o amor muda as pessoas. Você acredita nisso? Sara uma órfã que tem o sonho de se formar em medicina. Um ano depois da morte dos seus pais a jovem se ver totalmente sem dinheiro. Com isso Sara arruma um emprego como Babá da filha m...