#02

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Sua mãe está esperando por eles no aeroporto, vestida em um traje social preto simples. Sua mãe não é o tipo de mulher que usa saia. Na verdade, Liam está quase certo de que ela nunca usou um vestido ou saia ou shorts durante seus vinte e seis anos de vida.

"Querido," ela diz, puxando-o para um abraço. "O disfarce é realmente necessário?"

Ele não está disfarçado, na verdade. Um boné de baseball e óculos de sol fazem partes do vestuário normal para alguém da Califórnia. Embora o fato de que Harry o forçou a usar as peças antes que eles deixassem o apartamento pela porta dos fundos não seja normal.

"Apenas uma precaução," Harry diz vividamente. "E como você está hoje, Sra. Payne? Adorável como sempre."

Sua mãe olha fixamente para o Harry. "Não me chame assim." Ela empurra Liam para poder olhá-lo. "Como você está se sentindo?"

Liam encolhe os ombros; ele tem um pressentimento de que ela não o levaria a sério se ele dissesse que se sente como um merda, que quer estar em sua cama e que todo seu lado direito está latejando. "Eu estou bem."

"Isso é ótimo, querido," ela diz sem fazer muito caso. "Agora, nós vamos perder nosso voo a menos que vocês se apressem."

Harry dá um largo sorriso e a segue, Liam permanece parado por instantes. Ele odeia voar tanto quanto odeia aeroportos, o que é bastante.

Ele dorme a maior parte do vôo, com Harry irritando a aeromoça o tempo inteiro e sua mãe lendo um pequeno livro. Ao tempo em que o avião pousa, ele continua exausto e ele só quer pegar um quarto de hotel em Londres e ficar ali. Mas não, ele não pode, porque Harry tem um carro esperando por eles no aeroporto, o mesmo que Harry dirige por duas horas até a cidade natal de Liam.

A reunião de negócios de sua mãe é em poucas horas, então ela os abraça e se apressa para pegar um táxi. Liam a observar partir e, então, abraça seu suéter contra o corpo. Ele quase se esqueceu de como era o tempo aqui. É cinza e fatigante, a calçada continuava descolorida pela chuva que parou quando chegaram. E está frio.

Liam se apressa para o lustroso carro preto. É algo que ele nunca compraria para si (Liam não costuma ser espalhafatoso com suas coisas, mas ele tem um ponto fraco por carros legais), mas não é horrível.

Assim que Harry se ajeita no banco de motorista, o celular toca em seu bolso. Ele suspira e levanta um dedo para Liam enquanto retira o objeto. Quem quer que seja do outro lado da linha apenas diz por volta de dez palavras antes da expressão de Harry murchar.

"Agora?" ele interroga, soando nada como o melhor amigo despreocupado de Liam. É assustadora a forma como Harry pode ir de "cupcake" para "psycho" em segundos, mas não é algo com que Liam não esteja acostumado. Também não é algo que Liam nunca tenha direcionado a ele. Ele age dessa forma apenas com pessoas que merecem genuinamente. "Eu não posso fazer isso agora. Não, eu não ligo se tem um escritório em Londres, eu estou ocupado com meu cliente e –,"

Liam finge não ouvir porque ele odeia quando Harry se refere a ele como "meu cliente" em vez de seu nome de verdade. Novamente, isso não é algo que acontece com muita freqüência. Liam nunca se arrependeu da decisão de permitir alguém com quem tem um relacionamento pessoal para cuidar dos negócios de sua carreira. Harry faz um trabalho fantástico e ele não iria querer trabalhar com outra pessoa.

"Não está definido", Harry sibila. "Eu estou ciente, obrigado, mas se alguém pudesse— sim, precisaria de um milagre, mas—, você já conheceu o Liam?" ele grita, perdendo o resto de sua paciência e acabando com o que restava do seu tom profissional. "Se alguém pode voltar disso, é ele. Sim, seis meses para recuperar o psicológico, e então vamos programá-lo para uma terapia física intensa para o seu quadril quando ele voltar pra casa. Marque minhas palavras, se ele quer voltar a jogar, ele vai voltar. Sim, eu estou. Mhm. E isso pode esperar até—" ele suspira. "Okay, tudo bem. Eu estarei aí em quarenta minutos. Tchau."

Permanent [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora