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#08

A primeira coisa que ele faz quando acorda é ir direto para o banheiro para tomar seus remédios e um banho. O shampoo que ele comprou não é o mesmo produto caro e normal de salão que ele usa, mas tem cheiro de morango, então ele não se importa tanto. Ele raspa a barba por fazer que já se acumulou, e então escova os dentes antes de voltar para o quarto pra vestir nada além de calças de moletom, sem camiseta. A primeira coisa que Harry fizera quando chegou foi localizar os termostatos, e então ele dobrou a temperatura da casa inteira, fazendo-a agradavelmente quente.

Ele pode ouvir alguém no andar de baixo e isso o confunde um pouco. Liam não está acostumado a viver com outra pessoa, mas mesmo que ele tivesse, ele nunca adivinharia que Harry se levantaria antes dele. E então ele olha o relógio em seu pulso (um presente de Harry do ano passado) e se espanta porque já passou do meio dia.

Ele está tão ocupado olhando a hora que ele nem nota as caixas até chegar ao salão, e então ele está cercado por elas. Elas estão empilhadas em todo lugar em uma bagunça imensa, nenhum sinal de organização à vista de Liam. Metade delas está aberta também, e ele nota alguma de suas coisas dentro das caixas.

"Harry?" Liam chama, se abaixando para pegar um de seus troféus do tempo de colegial.

Harry vem pela sala de jantar. Seu cabelo está colado em sua testa com seu suor e suas bochechas estão vermelhas. Ainda assim, ele está sorrindo abertamente.

"Bom dia," ele diz, enquanto Liam observa seu moletom e camiseta larga, e as pantufas de coelho ridículas em seus pés. "Ou tarde, na verdade, eu achei que você fosse uma pessoa da manhã, Payne. O que aconteceu com o cara que costumava me acordar às seis da manhã quando dividíamos o quarto na universidade?"

"Ele foi atingido por um carro," Liam diz em tom baixo.

Os olhos de Harry se arregalam e ele passa uma das mãos pelo cabelo enquanto sussurra "Merda, desculpe. Mãos, conheçam os pés. Ah, parece que vocês já estão bem familiarizados."

"Eu não entendo isso de forma alguma," Liam o diz enquanto coloca o troféu de volta na caixa. "O que meter os pés pelas mãos tem a ver com ser um babaca?"

"Quem sabe," Harry diz prontamente, seu ombro roçando contra o de Liam quando ele caminha até o mar de caixas. "Isso tudo chegou apenas umas horas atrás. Eu acho que terminaremos de ajeitar tudo a tempo de arrumar a casa para a festa."

Liam se endireita e entreabre os lábios em surpresa. "Não," ele diz firmemente. "Nós não vamos dar uma festa, Harry."

Harry olha para ele, o choque evidente em seu rosto. "Por que não?"

"Porque!" Liam o olha de forma incrédula. "Você não sabe como as pessoas fazem as coisas por aqui. Se nós vamos dar uma festa de boas-vindas, todo mundo virá. Tipo, todo mundo. E eles vão trazer tortas e caçarolas e todo tipo de merda, e eles todos vão elogiar a casa e gentilmente beber vinho e perguntar sobre minha vida, e eu não quero falar sobre isso."

Harry leva uma das mãos à cintura e ele tem o olhar psicótico em seu rosto. "Você precisa parar com essa atitude," Harry o diz. "Isso é exatamente o motivo de estarmos aqui. Você não é um idiota, Liam. Eu conheço você, e eu também conheço idiotas, e idiota você não é. Mas agora? Agora você está meio que sendo um. Então pare."

Liam chuta uma caixa, apenas para ser o idiota que Harry diz que ele é. Ele tem um pressentimento de que acabara de descobrir onde os livros de Harry estão porque o chute dói de verdade. "Porra," Liam resmunga, os dedos ardendo. "Talvez eu tenha merecido o direito de ser um idiota um pouco, você não acha?"

"Não," Harry diz instantaneamente. "Sua vida é ótima, Liam. E esse não é o fim do mundo. Você vai ficar melhor, você vai jogar de novo, mas até lá você não pode andar por aí com o nariz empinado, excluindo tudo e todos ao teu redor. Incluindo eu mesmo, porque, caso não tenha percebido, eu estou tentando ajudar. Eu sou praticamente o único tentando ajudar. Então talvez você possa parar de tentar dificultar pro meu lado."