#17

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Na segunda-feira, assim que ele está saindo pela porta para fazer sua corrida matinal, ele quase atropela Zayn, vestido com moletom, um casaco de zíper e uma touca na cabeça, que está com a mão levantada para bater na porta. Liam hesita, observando o outfit.

"Imaginei que você—", ele boceja, "iria correr hoje. Pensei que poderia—," mais um bocejo, "me juntar a você, mesmo que seja uma hora satânica."

"Sério?" Liam pergunta, surpreso.

Zayn assente e boceja de novo. "Se você quiser, sim."

"Você sabe que eu não vou conseguir chegar nem a estrada, certo?"

Ele encolhe os ombros. "Ótimo. Menos exercício pra mim."

Liam balança a cabeça e desce a escada, Zayn logo atrás dele. Ele passa da árvore que marcou, mas por pouco. Ele tem que parar para se apoiar no ombro de Zayn por um momento enquanto alivia a dor. Passando a mão pelo cabelo o tempo todo e Zayn murmura encorajamento atrás de encorajamento, dizendo a Liam de novo e de novo que ele está se saindo bem, que ele só tem que se dar tempo. Ele está frustrado de novo, mas ele assente e, juntos, eles voltam para casa.

Eles continuam assim. Toda manhã. Ele não faz ideia de como Zayn chega lá todos os dias, mas Liam imagina que ele ande, ou que Louis o deixe no final da rua. Às vezes ele chega cedo demais, esperando na escada da sacada com um livro, vestindo um suéter e uma calça de correr. Algumas vezes ele está atrasado, e Liam fica ouvindo seu iPod enquanto vê a rua, observando a figura de Zayn se aproximar.

Em novembro eles já têm uma ótima rotina, e Liam pode fazer metade do caminho até a estrada sem lágrimas surgirem em seus olhos. Algumas vezes eles levam Ellie e Stark com eles, mas normalmente é só os dois, correndo lado a lado até a estrada, caminhando de mãos dadas de volta a casa. Ocasionalmente Harry está esperando lá dentro por eles, café da manhã e água na mesa. Mas Zayn nunca fica muito. Eles correm, entram, e em vinte minutos ele vai embora, saindo pra trabalhar, ou pra casa, ou pra qualquer coisa que Zayn faça no seu tempo livre.

Na mesma época em que o chão fica coberto por uma fina camada de neve, Liam consegue correr até a estrada. Agora é Zayn que fica pra trás, ofegando sem fôlego. Ele reclama o tempo inteiro, enquanto continua com os encorajamentos para Liam, o animando, mesmo que ele pare no meio do caminho e espere Liam alcançá-lo. Zayn é rápido também, quando ele quer. Mas normalmente ele não quer ser. Ele nunca se esforça, nunca ultrapassa Liam, mesmo que Liam saiba que ele pode. Ele está fora de forma, mas ele poderia facilmente voltar a ficar se quisesse.

No dia mais dolorosamente frio do ano, Liam sai da casa e considera não correr. Está frio e o ar parece queimar suas bochechas, e o chão parece estar escorregadio. Zayn está de luvas e ele está tremendo no seu agasalho, mas ainda assim eles vão.

"Então o que— você vai fazer— no Natal?" Zayn pergunta quando eles passam pela antiga árvore marcada por Liam. Ele quase lança o olhar a ela antes de continuar, ele não para lá há um bom tempo. Mas então ele para, as palavras de Zayn pegando-o desprevenido.

Ele se vira e encontra Zayn um pouco abaixado, sua respiração visível no ar frio. "O que?" Liam pergunta.

Zayn se ergue e balança a mão. "Natal. Você vai ficar aqui?"

Ele honestamente não pensou sobre isso, mas ele provavelmente deveria. Harry já reservou um vôo. Ele está indo para casa para passar os dias com sua família. Ele convidou Liam, mas Liam recusou educadamente. Ele ama a mãe de Harry. Ela é ótima, sim, mas ele odeia passar o feriado com a família dos outros. É estranho porque, por mais que eles tentem ser acolhedores, é sempre óbvio que você não se encaixa ali. E então tem sua própria mãe, indo para algum país tropical por algumas semanas. Ela não sabe lidar com frio. Desde que ela começou a ganhar dinheiro suficiente para viajar durante o feriado, ela viaja. Liam não passa um Natal em família desde que tinha dezessete anos.

Permanent [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora