Capítulo 3

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Era feriado e não consegui inventar uma desculpa plausível para não visitar meus pais. No inicio, senti uma tremenda preguiça de ter de dirigir quatro horas, mas agora na estrada, sozinha, ouvindo uma boa musica, me dei conta que foi um dos únicos momentos de paz que tive desde o tufão de acontecimentos ruins passaram por minha vida. Já na metade do caminho, parei para um café e antes de retomar viagem fui até a sessão de revistas e livros e lá estava ele, Jack Kufner e seus best sellers. Não tive duvida, o primeiro que peguei foi 'Ainda Amor', afinal eu fiquei impressionada com a profundidade dos sentimentos abordados e claro, eu queria ter o quer falar na próximo encontro ao invés de ficar com cara de paisagem. Eu não estava lidando muito bem com a ideia de ir ao próximo encontro do grupo de leitura mas eu não tinha nada melhor para fazer mesmo e uma vez por mês não iria matar ninguém. Paguei e continuei a viagem.

- Meu amor que saudades – gritou minha mãe antes mesmo que eu saísse do carro.

- Oi mãe, que saudade, dá uma abraço na sua pequena garota vai – pedi com cara de dengo.

- Ah, as mulheres da minha vida, eu não poderia ter um feriado melhor.

- Oi papai.

- Como esta minha querida, estou com saudades, dá um abraço no seu velho.

- Também senti saudades – disse abraçando-o.

- Vamos entrar, te ajudo com as malas.

Era bom estar em casa, sentir o carinho e o aconchego paterno. A verdade era que as vezes eu sentia tanta falta deles. Ter o Daniel me ajudava a não sentir tanta saudade, mas agora, era só o que eu sentia.

- Como esta o jantar querida?

- Delicioso mãe, obrigada.

- Então querida, vai me contar o que houve no trabalho? De homem de negócios para mulher de negócios?

- Querido não perturbe a Naila, ela já disse que foi uma injustiça, que promoveram a tal da novata líder de torcida no lugar dela, isso é a total falta da meritocracia nas organizações.

Terminamos o jantar e mamãe subiu, tinha o costume de dormir cedo, segundo ela dormir tarde causava rugas e ela não era obrigada a ter rugas. A dona Regina era literalmente uma figura, uma rainha dos truques de beleza, muita coisa eu havia aprendido com ela e tinha muito do que me orgulhar dos resultados. Minha pele era bonita, não tinha manchas e nem espinhas, meu cabelo loiro escuro era brilhante e bem cuidado, graças a mania que herdei de ir ao salão toda semana. As unhas impecáveis, eram feitas a cada cinco dias, a mesma cor de esmalte, vermelho, marca registrada das mulheres da família. Nunca saiamos de casa sem maquiagem e no mínimo muito bem vestidas. Primeira impressão era tudo, se bem, que nas ultimas semanas, se ela me visse, com certeza teria tido um infarto.

- Enfim a sós – disse papai sentando-se na poltrona ao lado com seu costumeiro copo de uísque.

- Enfim – sorri.

- Podemos ter aquela conversa agora?

- Sim Sr, podemos.

- Me conte então.

- Eu estava viajando de férias com o Daniel quando recebi um whatsapp com os nomes dos promovidos, saiu o da Elisa como sócia, eu surtei, voltei para casa no dia seguinte, fui até o escritório, xinguei meu chefe, o mandei a merda e pedi demissão – respirei.

O Fracasso não mora ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora