Capítulo 16

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Quinze dias haviam se passado desde minha briga com Alan. Eu estava realmente levando a sério esse lance de ficar "sentadinha na encruzilhada esperando o primeiro ônibus passar", deixar a vida rolar. O primeiro ônibus que peguei, foi o de volta para casa da Ali, afinal eu ainda estava desempregada e não queria gastar toda minha poupança com despesas, então alugar o apartamento e utilizar o dinheiro para honrar as parcelas do financiamento, me pareceu uma boa alternativa. Dona Regina surtou quando lhe contei sobre minha decisão, não pelo fato de ter a filha de trinta anos dividindo apartamento com a melhor amiga como adolescentes, mas de preocupação com os moveis e com a decoração que ela ajudou a fazer, com tanto carinho. "Naila querida, te emprestamos dinheiro, moradores que pagam aluguel não cuidam dos imóveis como se fossem deles, no final do contrato tudo estará destruído e malcuidado" ela argumentou pesarosa. Porem seus medos e argumentos não foram suficientes para me fazer mudar de ideia, e ficar longe do Alan me faria bem.

Voltar a dividir apartamento não foi tão ruim. Nos finais de semana a Luiza sempre vinha ficar com a gente. Meu pai havia ido pessoalmente a instituição solicitar autorização para tê-la conosco nos finais de semana, ou comigo e com a Ali ou no interior com ele e a mamãe. O intuito dele era ajuda-la com as atividades extracurriculares e demais temas de aplicação para bolsa da universidade. Eu achei ótimo, assim ele não pegaria muito no meu pé, e eu adorava tê-la por perto. Luiza havia se tornado a irmã mais nova que não tive. O segundo ônibus que eu tomei foi o de começar a correr todas as manhãs. Um dos benefícios da corrida era com minha parte psicológica, estava ajudando a diminuir o estresse a e ansiedade, diminuindo assim meu risco de tentar suicídio. Humor negro a parte, eu estava lutando contra as palavras do Alan, de que o fracasso não morava ao lado e sim em mim. Apesar de todas as estatísticas estarem a favor dele, eu tentava me convencer de que voltar a morar com a melhor amiga depois dos trinta e estar sem emprego, não era assim o fim do mundo. Eu estava tentando me convencer de que nada mais era, do que um período sabático, isso, um Período Sabático! O terceiro ônibus passou bem rápido na encruzilhada. Em forma de um panfleto que me entregaram na rua; era sobre um curso de fotografia em um estúdio novo no bairro, e advinha quem era o professor interino? O Marco, ele mesmo, meu amor platônico super gay. Reconhecendo como que um aviso dos céus, corri me matricular, isso me manteria ocupada por semanas.

Cheguei no estúdio e me apresentei a recepcionista simpática que me entregou uns papeis para preencher enquanto registrava meus dados no computador. Me entregou a grade do curso, seriam seis meses de aula, ótimo, era o que eu precisava. Após assinar todos os papéis e fazer o pagamento perguntei pelo Marco, ela indicou uma sala no fundo do corredor a esquerda. Bati na porta que estava entreaberta e empurrei.

- Marco, esta ai?

- Olá, quem é? – Respondeu de uma outra sala.

- Sou eu, Naila.

- Naila, não acredito – disse vindo até mim – Meu Deus, que bom te ver, que surpresa – abraçou-me - O que faz por aqui? Como me achou?

Ergui o panfleto.

- Que bom que veio visitar meu estúdio.

- Na verdade não vim somente visitar – mostrei-lhe a matricula – vim estudar.

- Serio? Que boa noticia. Você tem um talento artístico e tanto para desperdiçar com o mundo corporativo, fico lisonjeado que tenha confiado em mim para voltar, obrigada.

- Eu que agradeço, Marco. Sei que progrediu muito, vi os artigos sobre seu trabalho, é um fotografo renomado e se tenho a intenção de voltar a fotografar profissionalmente, você esta mais do que apto a ser meu professor.

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⏰ Última atualização: Apr 03, 2017 ⏰

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