Capítulo 15

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No dia seguinte bem cedo já estávamos a caminho de casa. O mais estranho foi perceber a tristeza na cara dos meus pais quando nos despedimos. Não sei se foi o feriado que os deixou emotivos, mas pude ver os olhos de dona Regina marejar e olha que essa mulher era dura na queda. Como eu não quis atrasar nossa saída, preferi partir sem perguntar nada e decidi que mais tarde ligaria para saber se estava tudo bem.

O trafego estava intenso e demoramos mais do que o pretendido para chegar. Exatamente às nove da noite eu entrei no meu apartamento, vinte minutos após deixar a Luiza na instituição. Mal entrei, tive de dar meia volta para atender a campainha. Eu realmente não estava preparada para vê-lo ali, parado, de pijama e sem camisa, com aquele tradicional sorriso idiota estampado na sua cara de bobo. O que senti, foi uma mistura de alegria, alivio e ira. Minha reação foi tão rápida quanto involuntária quando fechei a porta na sua cara.

- Não seja mal criada Naila, vamos, abra a porta – reclamou Alan.

- Vá embora Alan.

- Vamos, estou com saudades.

- Vai para o inferno.

- Meu Deus, quanta magoa nesse coração, por favor, abra a porta, precisamos conversar.

Eu abri a porta, não porque ele havia me convencido, mas porque eu precisava olhá-lo nos olhos, enquanto falava tudo que tinha para falar.

- Precisamos conversar sim, Alan. Deixa-me ver por onde começo.

- Posso entrar então?

- Não, não pode entrar. Pode ficar aí mesmo enquanto me diz onde você se enfiou que não pôde ao menos mandar uma porcaria de um whatsapp para dizer que estava vivo?

- Trabalhando.

- Não me venha com essa babaquice de trabalho, já passamos dessa fase Alan, sei bem que sua profissão é de desocupado.

- Certo, quer que eu minta para você então? Ok, eu estava com minha família.

- Como assim família? Pai, mãe, irmão?

- Não, mulher e filhos – respondeu enfático.

- Oi? – Perguntei em transe.

- Com minha mulher e filhos, esse é o motivo de eu sumir de vez em quando – concluiu com um sorriso sarcástico.

Sem raciocinar parti para cima dele aos tapas e pontapés. Eu estava furiosa, queria mata-lo, acabar com ele, não deixar um fio de cabelo em pé.

- Eu te odeio Alan, te odeio – eu gritava histérica enquanto desferia meus fracos golpes contra ele, em uma tentativa frustrada de deixa-lo com a cara roxa.

- Ei ei ei.....calma mocinha – ele dizia enquanto segurava meus braços e pressionava-me contra a parede usando seu corpo e forçando-me a ficar não mais que um palmo de distancia.

- Eu te odeio – sussurrei ofegante.

- E você costuma beijar quem você odeia? – Provocou-me

- Não ouse Alan. Não pense que pode sumir e voltar e .................. – não pude terminar, pois minhas palavras foram enterradas pela pressão dos seus lábios, deixando-me incapaz de recusa-lo.

O Fracasso não mora ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora