Capítulo 11

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Era noite e eu estava deitada no sofá com o note no colo, enviando mais currículos. Eu havia algumas entrevistas agendada para o decorrer da semana, mas nada muito promissor no meu ponto de vista. Já cansada de digitar aqueles formulários infinitos de solicitação de emprego, apoiei o computador na mesa de vidro que ficava ao lado do sofá pois a mesa de centro estava totalmente tomada pela caixa da pizza que havia me servido de jantar horas antes. Aproveitei para dar uma boa olhada na parede recém pintada de vermelho e conclui que ficou realmente muito bom. Confesso que eu fiquei aterrorizada quando vi pela primeira vez, mas agora aquela parede já me era familiar e começava a me passar um sentimento de casa. Entediada com os programas disponíveis nos canais da tv a cabo, deitei no sofá e respirei profundo lamentando o péssimo dia de hoje. Eu costumava adorar as segundas feiras, pois o mercado de investimentos já abria fervendo. Minha especialidade era a gestão de clubes de investimentos. Geralmente eram investimentos realizados em comunhão de recursos financeiros, por um grupo que não ultrapassava cinquenta pessoas, que confiavam em minhas preciosas mão a administração desses recursos, e eu modestia parte, era muito boa em diversificar o investimento em variados setores da economia e ações de diferentes empresas. "É, eu era muito boa, já não sou mais", pensei. Resumindo, minha segunda feira não poderia estar pior, eu havia brigado com minha melhor amiga; o Alan não havia me mandado sinal de vida e isso dia após nossa tórrida noite de amor, o que fazia com o que eu me sentisse muito pior; e para piorar eu havia comido pizza novamente no jantar, o que com certeza me renderia algus quilos e celulites a mais, definitivamente uma péssima segunda feira. O bom era que eu não desistia fácil, como boa escorpiana, eu não me conformava fácil então peguei o telefone e decidi acabar logo com esses dramas. Primeiro liguei para Ali;

- Alô – ela respondeu do outro lado da linha como se não tivesse meu numero gravado.

- Ali me desculpa, sinto muito – já disse de cara.

- Naila? – Perguntou se fazendo de louca.

- Não, é bela adormecida, claro que sou, não conhece meu numero?

- Desculpe, mas não posso falar, estou no meu encontro com o "Feirante" esqueceu?

- Ah é, desculpe de novo, e como esta indo? – Perguntei curiosa.

- Muito bem obrigada – ela respondeu com tom de poucos amiga.

- Ali para vai, já pedi desculpas, eu te amo amiga, não briga comigo, sabe que sou cabeça dura, eu só tenho você na minha vida, por favor não me abandona – implorei choramingando.

- Ok Naila – ela respirou pesado – Te perdoo porque também te amo, mas saiba que você precisa melhorar essa sua personalidade. Não pode sair por aí desmerecendo as pessoas só porque elas não trabalham no mercado financeiro. Promete?

- Prometo amiga, prometo. Me conta, já beijou ele?

- Já – ela riu abafado – E muito, ele beija muito bem.

- Não esta falando isso na frente dele né, ele não precisa saber que você adorou e que esta caidinha por ele.

- Não sua doida, estou no banheiro, estamos jantando em uma restaurante tailandês, alias, super indico, comida ótima.

- Ali estou feliz por você amiga, aproveita muito e me conta tudo amanha.

- Combinado, vou voltar agora ou ele vai achar que estou com algum piriri – ela riu.

- Vai lá amiga, arrasa, te amo viu.

- Também te amo Naila. 

Metade da minha missão estava cumprida, já havia pedido perdão para minha amiga e agora só faltava ligar para o Alan. Eu odiava brigar com a Ali, ela me fazia tão bem; ela era o substituto do meu lado emocional, quando esse dava pane, e isso acontecia com frequência. Quando conheci a Ali na faculdade, de cara eu soube que iriamos no dar bem. E eu não estava errada, éramos a inseparável dupla, a loira e a morena, assim nos chamavam os meninos da turma. Apesar de sermos totalmente diferentes, eu era agitada, agressiva, a loira atirada, enquanto a Ali era a morena doce, quieta, singela, de longos cabelos negros lisos, olhos castanhos redondos, corpo pequeno e alma grande. Ela era meu equilíbrio e ao mesmo tempo meu desiquilíbrio. Eu costumava dizer que ela era do contra, quando eu estava focada nos estudos, ela insistia em me levar para sair, dizia que eu tinha de relaxar, beijar na boca, ser jovem e quando eu fazia isso por tempo demais, me refiro a sair e beijar na boca, ela dizia que eu tinha que amadurecer e me focar nos estudos. Lendo um pouco do blog dela, hoje eu a entendo, na verdade era queria que eu encontrasse o equilíbrio, que eu deixasse de viver nos extremos, pois eu era sempre assim, ou tinha de ter tudo ou preferia ter nada.

O Fracasso não mora ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora