Capítulo 5

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A mesa do café estava literalmente posta. Havia café fresco, bagels tostado, queijo, geleia e mamão. Fique impressioanda.

- De onde saiu tudo isso?

- Da sua geladeira que não – ironizou ele – Saiu do mercado da esquina.

- Voce foi ao mercado agora pela manha? Que tipo de homen é você? Esta parecendo gente idosa – brinquei.

- O tipo de homem que tem fome pela manhã e que estaria comendo alguma coisa em seu proprio apartamento se a maluca da sua vizinha que tem um íma de geladira escrito "O fracasso mora ao lado", não tivesse atirado suas chaves pela janela do taxi – bufou – Alias, que coisa bizarra é essa? – apontou para o íma.

- Meu mantra - respondi confiante.

- Que tipo de gente tem um mantra desse estampado na geladeira, por Deus Naila. E que mausoléu é esse que voce vive?

- Como assim mausoléu? Esse apartamento foi decorado por uma das melhores decoradoras dessa cidade.

- Decoradora de museu né! Paredes cinzas, porcelanato cinzas, moveis cinzas. Porque voce brigou com as cores?

- Gosto do classico oras, classico e elegante. Não tenho culpa se você mora em um apartamento sem estilo.

- Não foi o que disse quando esteve lá.

- Tanto faz o que eu disse. E falando em "seu apartamento"quando você volta para lá?

- Quando encontrar um chaveiro para abrir a porta – ele respondeu enquanto saboreava tranquilamente seu café. Aquele ar de sossego me irritava profundamente.

Terminamos nosso café em silêncio e para minimizar a constrangedora situaçao de ter um estranho em casa, fui tomar um banho. Enchi a banheira, coloquei um pouco de sais, acendi uma vela, liguei meu ipod em uma selaçao de musica classica e ali fiquei por horas, relaxando, ou melhor, tentando, pois a presença do Alan em casa não me deixava relaxar completamente. Alguma coisa nele me mantinha inquieta. Despertei de um pequeno cochilo e tudo parecia quieto demais. Me troquei e voltei para sala, Alan não estava.

- Alan, esta aqui?

- Ahã.

Segui sua voz pelo corredor e o encontrei no meu estudio de fotografia.

- O que esta fazendo aqui? E o que esta fazendo de pijama e sem camisa na minha casa?

Ele me ignorou completamente.

- Isso é espetacular Naila.

- O que é espetacular?

- A maneira como captura as emoçoes da pessoas. Você é realmente muito boa nisso.

- Obrigada.

- Serio, você devia investir nesse talento.

- É só um hobby Alan, não exagera. Pode me dizer porque esta de pijama?

- Porque não gosta de cores?

- Como? – perguntei confusa com a pergunta.

- As fotos, são todas em preto e branco.

- Não tenho problema com cores, só tenho preferencia pelo preto e branco. Alan, por favor, pode pôr a camisa.

Ele continuou me ignorando.

- Discordo. Acho que tem medo das cores.

- Porque eu teria medo das cores?

- Porque as cores estão diretamente ligadas aos nossos sentimentos. Permite que expressemos nosso humor, temperamento, medos. Acho que você é cromofóbica.

O Fracasso não mora ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora