Réquiem

Prólogo

O que a humanidade faz ao passar dos anos? Encontrar a resposta para um problema e achar um problema pior? Sim. A 20 anos atrás eu pensava que doenças como o câncer iriam acabar finalmente. Que teríamos vida e saúde infinitas. A descoberta de uma nova bactéria no fundo de uma escavação na antártica fez toda a humanidade pensar isso...que idiota fomos. 3 anos depois da descoberta tudo desandou.
Agora no meio de uma sala de aula abandonada. Nos abrigando de uma chuva torrencial e dos monstros. Com um pedaço de madeira nas mãos e o braço com muitos cortes e arranhões, volto a lembrar de tudo o que ocorreu antes e vejo que aquela porcaria de bactéria foi o maior erro. Disseram que suas aplicações iriam tornar nossas vidas maravilhosas, finalmente as crises acabariam, um novo alvorecer para a humanidade. Papo furado. Algumas pessoas ficaram doentes e os médicos não tinham explicação. 5 anos depois os monstros começaram a surgir. De pessoas transformadas ou infectadas, o inferno veio a todos. E o diabo que era menor que meu dedo polegar não vivia no inferno e sim dentro de cada homem, mulher e criança.
Me sento em uma cadeira e lembro das aulas de biologia sobre evolução, onde as espécies se adaptavam ao meio para sobreviver. A "maldita bactéria milagrosa " fez isso. Salvou muitas pessoas de doenças ate se adaptar e devora-las por dentro, matando cada uma rapidamente. As células modificadas pelas aplicações da bactéria injetadas que não matavam seus hospedeiros causavam mutações genéticas horrendas. Talvez tenha sido uma reação a o nosso sistema corporal ou qualquer outra coisa, talvez até um castigo de algum Deus vingativo como muitos achavam. No fim ela se tornou a nossa destruição.
Monstros de aparências e habilidades assustadoras começaram a matar todos os humanos e animais que viam pela frente. Fazendo com que a raça humana se reduzisse a zonas de sobrevivência cada vez menores. Fomos obrigados a se esconder em todos os locais possíveis, primeiro nós esgotos e depois em cidades com muros altos e alta concentração de humanos. É para uma delas que estamos indo... eu e minha irmã de 12 anos que nem sequer consegue mais andar pelo cansaço, a fome e sede...não temos escolha. Sem armas e mantimentos a única saída que nos resta e ir a zona 17. A última e a maior em nosso país, cada país desenvolveu suas zonas de sobrevivência, mas aos poucos elas foram invadidas, ou destruídas de dentro para fora por pessoas infectadas, até poucas sobrarem.
--- Roger?
Olho para a porta da sala e vejo minha irmã com seu ursinho Ted nos braços.
--- Estou com fome.
--- Venha. Ainda tenho um pouco de sopa no meu cantil.
Abraço a pequena enquanto ela toma seu jantar. Um som alto me faz pular da cadeira. Cães entram no prédio sentindo nosso cheiro...
--- Roger.
--- Xiiii. Eles não vão nos achar se fizermos silencio. Claro que e uma mentira, esses desgraçados sempre acham todos. Rezo para que sejam no máximo dois, se forem mais estamos mortos.
Uma dúzia entra pela porta calmamente, com seus pelos pingando de chuva, seus corpos sujos e cheios de marcas de lutas e matança mostram que eles são os caçadores e nós humanos suas presas, eles evoluíram para matar, e nessa situação penso que eles sabem que seu jantar é certeiro.
---Roger... vamos sair daqui. Rápido. Minha irmã me puxa pelo tecido sujo da minha camisa para que eu corra com ela. Estamos a 15 km da zona 17, tão perto, se fugirmos, poderíamos sobreviver e na próxima manhã estar seguros.
O primeiro cão vem em nossa direção e pula para me atacar, com um golpe do meu porrete consigo afasta-lo, mas os outros começam a nos cercar.

--- Jane. Quando eu mandar, quero que você corra o mais rápido possível e não pare por nada ate achar ajuda ou encontrar um local seguro e fique lá até eu te achar.

---Mas e você?

--- eu vou ficar bem. Nos dois sabíamos que era uma mentira, iriamos morrer os dois naquela sala podre e suja, mas eu queria tentar salva-la. Outro cão nos ataca e eu acerto novamente o golpe, porém os outros não esperaram mais e me atacam. Começo a correr para o fim da sala e eles me seguem.

--- Corra Janne! Agora!

Jane começa a correr para a porta, mas um dos cães volta e corre atrás dela.

--- Nããããão!! Vejo minha irmã ser derrubada e ouço seus gritos. Tento correr ate ela mas os outros cães me cercam e me derrubam. Minha ultima visão de minha pequena irmã é a dela sendo desmembrada enquanto ouço seus gritos. Logo eu gritava de dor e ódio e o que eu via eram somente dentes me trazendo a morte.