Acordei com meu corpo balançando. Estava preso em uma árvore. Por sorte as mochilas de emergências tinham para-quedas e eram programadas para abrir na altura certa de evitar uma morte "pastosa". Vinham com mantimentos, duas caixas de munições, um pouco de corda, isqueiro,álcool, lanterna e pilhas reserva. Olhei para baixo. Devia estar a uns 2 m do chão. Puxei minha faca e usei para cortar as cordas que me prendiam. Tudo com cuidado para não ter que cair com força no chão e me ferrar todo. Demorou um pouco. Mas logo eu estava no chão. Olhei ao redor. Tudo calmo. A área parecia uma floresta normal. Tinha alguns insetos e pequenos animais. A célula do fim do mundo não tinha destruído tudo afinal. O que era algo bom. Mas tinham cobras por perto com certeza, aranhas e escorpiões. Eu trocaria esse cenário pelas grandes lutas no começo do inferno antes do quase fim da humanidade.
Olhei para cima. O sol estava quase se pondo. Deviam me restar ainda umas 4 horas de sol. Usei o treinamento e comecei a procurar um local "seguro" na mata. Nenhum local era seguro. Mas ter onde dormir e algo muito bom. Após uns trinta minutos encontrei uma pequena caverna grande o suficiente para mim. Tinham duas árvores grandes e resistentes do lado de fora da entrada da caverna. Peguei a lanterna e vistoriei todo o meu novo lar noturno. Estava seguro. Sem brechas, sem falhas. Maravilha.
Usei o pouco de corda que tinha e fiz uma cerca improvisada com cinco andares e amarrei a ponta ao meu pé direito. Se algo tocasse a cerca eu sentiria e estaria preparado. Peguei madeira e fiz uma fogueira simples e pequena. Estava muito cansado para tentar caçar algo. Usei a ração de emergência que era nada mais que duas barras de cereais sabor chocolate, macarrão instantâneo que cozi com um pouco de água que tinha em meu cantil usando uma mini panela que por sorte era sempre colocada nas mochilas. Tudo isso com uma garrafa de água. Econômico não?. Peguei o cobertor e me encostei no fundo da caverna. Usei algumas pedras para circular o fogo. Mantendo ele acesso e impedindo que a luz das chamas chamasse atenção.
Meu ultimo pensamento antes de dormir foi. Por que JB não falou sobre a situação da missão. Talvez ela soubesse que faríamos o que era certo. Ou era um treinamento de equipe. O garoto do avião parecia ser militar. Capaz de cuidar deles todos. Minha mente vagava lentamente para o mundo dos sonhos. Meus olhos estavam fechando devagar. Via uma imagem vindo em minha direção. Vestia vestido todo branco de algodão. Tinha cabelos prateados como a luz da lua. Olhos tão verdes quanto as folhas das árvores . ele me fitavam como um felino prestes a devorar sua presa. Mas tinha algo mais no olhar. Algo perigoso, Sensual." Ayumi" foi o nome que surgiu em minha cabeça antes das sombras me envolverem por completo.
Acordei num pulo quando senti a corda puxando meu pé. Mas no fim das contas era uma macaco pequeno. Ele podia arrancar meu dedo mas não passaria disso. Olhei ao redor e não vi nada de errado. A luz do sol entrava pela porta natural da caverna enchendo-a de luz matinal. O que eu não daria por um copo de café agora. Soltei meu pé da corda e joguei as coisas de volta na mochila. Desfiz acampamento e me preparei para ir embora. Olhei novamente ao redor. Nenhum sinal de monstros ou animais selvagens. E o pior, sem sinal de ajuda ou rastro nenhum. Tudo perfeitamente calmo. Andei uns quinze metros ate uma clareira. Era grande o suficiente para ser vista do céu e isso me deu uma ideia. Peguei gravetos e fui colocando eles em uma ordem que se tornou um de S.O.S bem grande. Aproveitei para deixar uma mini seta apontando para o sul. Se alguém viesse me procurar veria o sinal e poderia me achar. O que era bem difícil de acontecer. Já deviam estar preparando um pequeno funeral com duas velas e poucas palavras ou uma grande festa com JB brindando e dando altas gargalhadas. O que será que Ayumi estaria pensando sobre mim agora? E por que inferno eu estava pensando tanto nela? Jamais pensei em alguém tanto. Acho que sentia falta das pequenas brigas com ela. Ou do seu cabelo prateado, seu olhar doce que podia mudar para um olhar assassino a qualquer minuto, do jeito que ela segurava o rifle sem perder o jeito de mulher. Mas pensar tudo isso não era por estar gostando dela. Ela tinha uma aura estranha. Algo me dizia que ela escondia um grande segredo. JB sabia qual era. Mas não havia me dito. Talvez eu esteja perdendo meu posto de "queridinho" da JB. Ou so medo de tudo se repetir.
Minha mente me salvou de uma queda de no mínimo vinte metros de altura ao me parar automaticamente na beira de um penhasco.
---Não tenho tempo para idiotices. Tenho que voltar a base rápido. Antes que joguem minhas coisas fora. E acabem com o café.
Olhei para longe de onde eu estava. Bem para o sul e vi uma cúpula brilhando a luz do sol. Havia uma ponta no topo, bandeiras oscilavam com o vento. O projeto Amanhecer. Uma grande fundação subterrânea criada para manter a humanidade a salvo dos monstros. Antes um símbolo de esperança. Agora, so mais um plano que deu errado. Estava a uns sete quilômetros. Se eu chegasse lá teria que andar mais cinco e chegaria aos portões da zona dezessete. Andar tudo isso e passar por monstros, sobreviver e rezar para que o destino tivesse piedade da minha pobre existência. Fácil. Mas antes teria que atravessar a fissura natural que me separava de todo esse percurso de maratona. Andei pela encosta ate encontrar uma belíssima corda de madeira em estado deplorável. Deveria ter outra saída. Um som grutal me fez ficar arrepiado. Vinha da floresta por onde eu havia vindo. Arvores caiam e som de passos pesados e rápidos vinham em minha direção. Corri ate a ponto e comecei a andar nela. O barulho aumentava o que devia significar que o que inferno fosse estava perto. Comecei a andar com cautela mas com velocidade pela ponte. Ousei olhar para trás quando estava na metade e vi uma macaco parado numa pedra ao lado da ponte. Ri de mim mesmo e gritei para ele.
---Você quase me mata de susto,pequeno. Mas acho que não me machucaria. Em resposta ele fez um som que deveria ser uma ameaça mas pareceu um gato miando.
---E so o que tem? Gritei com um sorriso de deboche para ele. Acho que ele estava acompanhado. Por que no mesmo instante apareceu atrás dele um gorila de doze metros de altura. O rosto estava distorcido e o os olhos muito vermelhos. As mãos cabeludas vinham com o pacote completo de garras que pareciam facas afiadas prontas para dilacerar qualquer ser vivo. Dentes que deviam ter minha altura também super afiados. O bebe macaco me fitou e eu quase puder ver um brilho de vingança antes de correr a toda velocidade. O papai gigante veio ate a ponta e puxou a ponte fazendo-a em pedaços . por sorte num pulo nada gracioso e com uma aterrissagem pior ainda,cai do outro lado são e salvo. Acho que não me queriam no menu pois o grandão não me seguiu nem fez a tentativa. Tenho certeza que se ele deseja-se me pegar so teria de pular.
Agradeci a falta de fome deles ou ao meu estado precário por não demonstrar ser apetitoso. Andei ate uma arvore e me sentei apoiando minhas costas nela para respirar um pouco. Olhei para cima. Nenhum sinal de avião, helicóptero ou sinalizadores. Somente sons de pegadas gigantes indo embora. E alguns pássaros. Tomei folego e levantei. Olhei para trás novamente por alguns segundos e segui em frente adentrando a floresta. A vegetação era grande, as árvores seriam maravilhosas se a maioria tivesse vida. Andava prestando atenção em tudo e ao mesmo tempo pensando o por que de um criador divino deixar que a humanidade caísse em tal desgraça, talvez a humanidade estivesse mesmo se auto destruindo aos poucos e os monstros fossem uma forma de limpar o mundo... Mas a que custo? Se a maior parte da raça humana estava morta. Haviam perecidos ao lutar contra os monstros ou morreram pelo vírus ou so pela consequência da grande guerra.
Andar pela floresta de repente me pareceu uma boa alternativa a todo o stress da base. Se não estivesse tão preocupado em sobreviver talvez fosse um passatempo legal não somente para mim.
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Réquiem
Science FictionEm um mundo destruído por monstros mutantes. Sobreviver não é fácil. Lutar para viver e viver para lutar. Essa é a realidade do mundo atual. Cometer erros não e uma boa opção. E nesse cenário pós apocalíptico que se encontra os sobreviventes da Zona...