Kong me Salva

22 5 0
                                    

Os mosquitos já estavam me deixando bem irritado, em todos os sentidos. Bem que eles podiam ter ido embora desse planeta. Ainda não havia visto nenhuma cobra, escorpião ou aranha. O que era uma benção. Já estava andando a horas e nenhum sinal de ajuda ou monstro. O entardecer estava no começo e meu estomago já se queixava de estar sem nenhum tipo de comida. Por um momento a comida terrível da base me pareceu tão deliciosa.

Finalmente encontrei um lago e ao olho nu ele parecia bom para consumo. Tomei um banho rápido para tirar a fuligem e sujeira. descansei e reabasteci meu cantil. O monstro na minha barriga já chamava muita atenção. Andei mais uns dois metros ate ouvir um barulho de algo se arrastando por perto. Meu corpo se arrepiou todo. Andei mais rápido olhando para todos os lados e tentando ouvir de onde vinha o som. Parecia perto. Eu sabia o que era antes de ver. Subi em uma árvore o mais rápido que pude e me sentei no tronco olhando para baixo. Minha fobia era terrível, incontrolável. Ao ver uma aranha por menor que ela fosse eu travava, suava, ficava sem ação. As vezes ate desmaiava ou pegava um lança-misseis e explodia tudo. Na verdade isso só aconteceu uma vez. Me rendeu gritos da JB e um tempo sem poder tocar em armas dentro da base. Sem contar um dormitório em chamas.

Mas ali eu estava só. Sem lança-misseis. Ainda tinha meu equipamento. Pistolas e espada, sem contar a faca tática. Tudo isso contra uma cobrinha. O pensamento me fez rir ate que uma cabeça com trés olhos do tamanho de uma cama de solteiro apareceu no chão bem abaixo de mim. Ela era roxa e tinha linhas curvadas em vermelho como uma tatuagem tribal feita pelo diabo num demônio vindo do inferno, devia ter uns 15 metros. Minhas mãos suavam, a garganta seca. Eu precisava manter a calma ou ela iria me encontrar com aquela língua bifurcada. Minha mente me lembrou do grande gorila da ponte. Ele seria meu herói nesse momento. Eu precisava sair logo dali, mas meu corpo não reagia. A cobra seguiu em frente. esperei muitos minutos antes de pensar em descer. Tinha sido um milagre.

Desci e segui pelo sul rezando para não dar de cara com nada alem de humanos. Mas se a sorte existe, ela não gosta de mim. andei ate uma clareira, e olhei para cima. O céu estava laranja e eu precisava encontrar um abrigo rapidamente se quisesse um pouco de segurança noturna. Encontrei uma caverna e me sentei, grande erro. Meu corpo se arrepiou por completo, olhei para o lado e vi a alguns metro dois olhos amarelos me encarando. comecei a me levantar e andar de costas. Os olhos andavam lentamente em minha direção.

--- O....O..Oi bixinho, T..Tu..Tudo b...beem?. Ótimo contato quem iria me jantar. tentei correr mas tropecei nas minhas pernas e cai de bunda olhando para a cobra. Ela se adiantou e saiu da toca. Abriu a boca cheia de dentes que poderiam me dilacerar rapidamente. Abri a boca para gritar mas a voz não saia e mesmo que eu pudesse falar algo o grito da serpente gigante ecoou por vários metros e me calaria facilmente. Pela primeira vez eu rezei com toda a vontade por um milagre. E pela primeira vez meu pedido fora atendido. Do outro lado da clareira, pelo mesmo caminho que eu vim, Árvores caiam ao chão enquanto um gorila gigante aparecia e gritava enquanto batia no peito. Ele e a cobra deviam ser vizinhos que não se davam muito bem ou o gorila disse algo muito feio pois a cobra me esqueceu e foi indo na direção dele. Não. ele devia ter mais carne para aproveitar. Meu corpo agiu só e me levou para longe dos dois monstros que se atacaram numa violenta luta pelo delicioso jantar.

O meu salvador segurava a boca da cobra e apertava seu pescoço numa tentativa de arrancar sua mandibula. mas a cobra se enroscava nele apertando seu braço e perna. Ela iria matar o gorila. Tomei coragem e peguei minha pistola, mirei e disparei na cobra todo o pente. Fiz o mesmo com a minha segunda pistola fazendo a cobra soltar um pouco. Pensei em atacar com a espada mas um golpe com a sua calda me transformaria em pasta humana. O gorila conseguiu achar uma brecha e num giro sentou por cima da desgraçada e puxou sua boca com força. Fechei meus olhos para não ver a cabeça dela sendo arrancada e mordida. Olhei para o gorila e gritei agradecendo. Ele olhou para mim e gritou de volta. Acreditei que fosse em comemoração ate ele partir em minha direção. Meu corpo me salvou novamente me fazendo correr para a mata.

--- Achei que eramos amigos, Talvez parceiros. O grito estridente me fez perceber que nenhuma das opções era a correta. Pensei que a mata iria atrapalhar mas ele continuou a me seguir. Eu corria com os pulmões explodindo e as pernas queimando. Pulando, deslizando e me esquivando de galhos ou árvores no caminho. Meu cérebro repetia as ações e gritava uma palavra repetidamente. Fudeu, Fudeu, Fudeu... Corri ate dar de cara com uma cerca. Olhei para trás e não ouvi nada. Ele tinha desistido e voltou para a cobra. Agradeci por ele ter desistido de mim duas vezes e me salvado. Recuperei o folego e olhei para a cerca. Alguns metros a frente o projeto amanhecer estava. Calmo, vazio, silencioso. A lua já brilhava majestosa no céu. Subi a cerca e andei ate o portão principal do projeto amanhecer que por sorte estava inacabado e por esse motivo tinha uma entrada pela parede. Entrei e andei com a lanterna procurando algum perigo. Nada. Sem cobras ou qualquer outra coisa. Havia uma escada para o subterrâneo. Desci e encontrei um trem. O trem que levava a base, serviria como saída emergencial da base ate o projeto.

Achei a chave de ignição. Girei. As luzes se acenderam e um botão vermelho começou a piscar. Era o botão de ignição. Apertei e ele começou a andar indo em direção a base. Me sentei no chão e esperei. Finalmente eu estaria logo em casa, seguro. Olhei para cima e agradeci em pensamento ao kong do inferno. Talvez na próxima vez que eu o ver, poderia lhe dar umas bananas... Ri desse pensamento e lembrei da luta que ele havia vencido. Ele não precisaria de bananas por um tempo.

RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora