Luzes indicadoras mostravam que eu havia chegado ao meu destino. Levantei e andei até o elevador. Usei o código de acesso que todos sabíamos e subi. Cheguei a área dos dormitórios. Mas não havia ninguém por lá. Era estranho isso pois estava perto do toque de recolher. Procurei em todos os locais e não vi nenhum sinal de luta ou fuga. Desci ate a recepção e vi que não tinha ninguém. Corri ate a sala de JB mas ela não se encontrava lá. Olhei pela janela de sua sala e vi uma aglomeração de pessoas no pátio central. Algo havia acontecido. Corri até a área onde todos estavam. Pulava lances de escada e rampas. Ao passar pela porta que dava para o pátio ouvi a voz de JB no microfone "Morreu com atos Heróicos, fazendo o que sabia de melhor". Alguém havia morrido. Quem deveria ser? Meus ouvidos apitavam e minhas pernas e braços estavam quase sem forças.
Todos estavam lá para ouvir JB falando"Sempre defendeu a todos nós com a própria vida" talvez um general de alguma base ou amigo de JB. Vi um humvee parado e subi para ver todos melhor. Ao olhar para JB vi ayumi ao seu lado e outras pessoas que eu nunca tinha visto. Acima dele numa parede havia uma foto com o meu rosto. Era o meu velório. Eles nem tinham tentado me procurar. Pulei do humvee e corri em direção deles. Passei por todos e subi pela lateral esquerda do palco improvisado em que todos estavam. Minha voz falhou quando eu falei.
--- Jb. Ainda estou vivo. Por falta de água e o cansaço minha voz saiu esganiçada, rouca. Levantei os braços para lhe tocar. Todos me olharam e JB num susto gritou.
---Zumbi!!! Seu braço de metal acertou minha face e tudo ficou cinza.
Abri os olhos com certa dificuldade. Luzes amarelas pendiam acima da minha cabeça. Tudo doia. Especialmente meu rosto. Meu corpo todo estava coberto por gazes. Tentei chamar a enfermeira mas a minha garganta estava muito seca.
---Bom dia Bela Adormecida.
Olhei para o lado. JB estava de pé com os olhos inchados mas com um pequeno sorriso de felicidade escondido.
---Cuidou de mim esse tempo todo? Isso pode ser amor pela minha pessoa JB?
---Só não quero enterrar você duas vezes em uma semana. E antes que pergunte. Você dormiu por 3 dias.
---Eu estava tão ruim assim?
---Estava péssimo.
---Você me socou. Isso deve ter piorado.
---Pensei que estivesse morto, levei um susto. Onde esteve?
---Numa floresta. Onde mais eu estaria? Nem se deram o trabalho de me procurar.
---Procuramos você. Mas não achamos nada. Vimos o sinal... Procuramos mas, nada. Quando vimos a trilha de algo gigante na direção que você havia deixado a seta apontando. Pensamos que estava morto. Sabíamos que tinha sobrevivido a queda e a explosão.
---Todos chegaram bem?
---Melhores que você.
---Sendo assim a missão foi um sucesso.
---Não para você. Vai passar um tempo aqui descansando. O que fez na floresta? Estava num estado deplorável quando chegou.
---Nada de mais. King Kong tentou me devorar duas vezes e me salvou de uma cobra gigante... Não nessa ordem.
---E os cortes foram pelas árvores?
---Nem notei eles... Muito serios?
---Não. Acho que vou ter que aguentar sua presença terrível por mais um tempo.
---Obrigada JB.
---Me deve uma Erick.
---Ayumi. Onde ela está?
---Treinando.
---Entendo.
---Tenho muito o que fazer. Volto mais tarde. Até mais Erick. JB saiu do quarto com um andar que mostrava cansaço. Ela havia cuidado de mim por três dias. Talvez ela não me odiasse tanto.
---Até.
JB me deixou só. Tentei relaxar mas meu corpo todo doia. Talvez o desgaste fisico e psicológico junto da fome e sede tenham acabado comigo. Eu estaria bem logo. Talvez.
Dois dias se passaram até eu poder sair do hospital. Ja estava 97 % curado. A comida do hospital era bem pior que a normal, não sei como isso podia ser possível. Fui até meu quarto e deitei na minha cama. Ainda havia flores lá. Todos pensavam que eu havia morrido. Levantei e fui tomar banho, eu precisava muito de um. Lavei os cabelos e tirei toda a sujeira dos últimos dias. Peguei uma camisa preta mas não vesti. Olhei para as poucas roupas que eu tinha. Preto. Era a cor que eu tinha.
---Bom. Melhor eu dar uma passada na loja e fazer umas compras. A não ser que eu quisesse ficar de luto por mim mesmo.
Peguei a camisa preta e uma calça preta. Pus um par de sandálias brancas... As únicas que eu tinha. Sai do quarto. Andei até e elevador e apertei o botão. Segundos depois a porta se abre com um rangido pequeno. Ayumi estava linda com uma camisa cinza e calça jeans azul com alguns rasgos e um all star preto no pé. Quando ela olhou para mim teve um susto.
---Incrível. Sempre nos encontramos nesse mesmo lugar. Vai me apontar uma faca novamente?
---Pensei que estivesse morto Erick. Vejo que vou ser obrigada a aturar sua presença.
---Eu te salvei lembra? Disse ao entrar e apertar o botão do térreo. Ela tinha o mesmo senso de humor que JB... Seriam grandes amigas.
---Sim. E me fez me sentir culpada pela sua morte.
---Também senti saudades. Dei um sorriso.
---Onde vai? Não deveria estar lambendo as feridas?
---Acabei de perceber que só tenho roupa preta. Uma mudança ajuda não e?
---Deve ter sido forte...
---O quê?
---A batida que você levou na cabeça. Mudar tão rápido assim. Rimos os dois. O sorriso dela era lindo... Mas me trazia a sensação de algo errado em relação a ela.
---E a senhorita, onde vai?
---Ajudar os novatos. Os que trouxemos.
---Quem eram? Pareciam importantes...
---E São. Quatro cientistas, um piloto, uma cirurgiã e um cara bem forte.
---Acho que eu os vi antes de saltar para a possível morte.
---Como sobreviveu a tudo?
---Eu sou foda. Nada de mais.
---Idiota. Mais risadas.
A porta se abriu.
---Até mais Ayumi. Com um aceno de cabeça e um sorriso Ayumi se foi. Procurei o caminho até a loja. Não. Não era uma loja de departamento super gigante onde se tem tudo e você compra com dinheiro. Todos temos uma quantidade de coisas que podemos pegar num mês. Como eu raramente compro ou pego algo. Tenho algum credito. A atendente era uma senhora de uns 60 anos. Bem gentil e divertida. Seu sorriso amarelado de dez dentes era super acolhedor. Ela me mostrou algumas peças que haviam sido achadas em bom estado numa loja pela equipe de busca. Peguei duas camisas brancas de algodão. Três vermelhas e duas cinzas. Cinco shorts e roupas intimas. Meias e mais um par de sapatos que por sorte coube no meu pé. Peguei dois sabonetes e uma escova nova mais dois tubos de pasta. Roupas para um ano. E limpeza para um mês. Talvez um mês e meio. Agradeci a boa senhora e fui embora. Guardei minhas coisas no quarto e pensei em me exercitar um pouco. Fui até a academia que ficava no segundo andar do prédio principal da base... Que tinha quatro andares.
Ao chegar lá a sala estava vazia. Ótimo. Assim e bem melhor. Peguei meu meus fones e meu mp4. Por sorte ainda tinhamos internet. Um tempo antes de tudo vir abaixo a internet tinha se tornado bem estável. E as bases tinham que manter contato... E eu precisava de musicas. O mundo era uma droga. Mas ainda tinha um pouco da sombra do passado. Comecei a malhar ao som de heavy metal. Bandas de vários gêneros. Não importava. Eu so curtia as músicas. Ultimamente eu estava ouvindo muito Avenged Sevenfold. Terminei e fui tomar um pouco de água. O bebedouro ficava perto da janela que dava para o pátio. Olhei pela janela e vi Ayumi com o grandão e a garota correndo. Pensei em me apresentar a eles. E quem sabe correr um pouco. Meu corpo precisava no caso de cair na floresta novamente e não ter tanta sorte. Desci até o encontro deles.
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Réquiem
Science FictionEm um mundo destruído por monstros mutantes. Sobreviver não é fácil. Lutar para viver e viver para lutar. Essa é a realidade do mundo atual. Cometer erros não e uma boa opção. E nesse cenário pós apocalíptico que se encontra os sobreviventes da Zona...