Missão Suicida

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       Quando JB me disse que iriamos para uma missão no ar eu logo imaginei que seria atirar em monstros no céu como uma brincadeira de tiro ao alvo usando armas pesadas ou caças. E não salvar um avião cheio de pessoas que estava sendo seguido por varias harpías. Elas podem não parecer mas causam muito dano. Aquelas garras podem arrancar a fuselagem de um avião jumbo fácil se elas desejarem isso. Descemos ao saguão subterrâneo. Quando cheguei Ayumi já estava lá. Rifle preparado. Faca tática, coturnos, um ipod com fones. Ela ainda não me parecia uma mulher que ia ao campo de batalha. Isso me fazia pensar na missão. Como seria o procedimento. Será que ia dar tudo certo? Andei ate onde ela estava apoiada. Seu rosto tinha uma expressão de calmaria. Ou talvez ela fingisse muito bem.

--- O que está ouvindo?

---Musica. Ela me respondeu sem levantar a cabeça.

---Legal. Quando eu tento ser uma pessoa gentil recebo um tratamento assim. Talvez ela estivesse se concentrando. Ou não me queria por perto. Ou querendo me dar nos nervos—Que seja—Fui ate o armário pegar meus pertences. O saguão e so um grande galpão. Com 3 aviões que são usados para missões. 3 helicópteros militares reforçados com metralhadoras grandes, misseis e fuselagens bem grossas. Com arranhões e marcas de tiros mas ate que dão pro gasto. Cheguei ao meu armário, ou resto de armário. Já que era um cubo de metal de 90 cm de altura e 50 de largura. Perfeitamente torto e amaçado. E com ferrugem por todo lado. Nada de mais. O suficiente para guardar um colete a prova de balas( que eu não tenho). Um acoplamento para prender uma arma grande( o mesmo caso do coletes) e uma prateleira para colocar pistolas ,facas e coisas pequenas. Nunca pus nada lá além de fotos. Fotos antigas de pessoas que não estão mais por perto. E uma chave da minha moto. Uma Harley dadvision que estava na garagem a algum tempo.

---Atenção os dois. Gritou a gentil JB. ---Tragam eles vivos. Isso queria dizer. Tragam os que derem para trazer vivos ou a maior parte deles. Isso era obvio. Sempre morre alguém. A cada dia e um novo enterro. Não da para fugir. Esse e o dia a dia nessa terra de ninguém. Então algo me ocorreu. Olhei para JB que estava ao lado do piloto dando as ultimas ordens. Fechei o armário e corri em sua direção. Ayumi que estava ate o momento interessada em suas musicas já estava entrando no veiculo e se sentando ouvindo as instruções quando cheguei perto deles tomei folego e perguntei a JB.

---Quantas pessoas tem nesse avião. Vão caber no helicóptero? Não devíamos levar mais um?

---Estou mandando um helicóptero que cabem 7 pessoas. Se estou fazendo isso e por que devem caber mais 4 pessoas. Não acha?

---Entendo. Subi e me sentei em frente a Ayumi. O piloto começou o procedimento de decolagem . Olhei para JB em seus olhos. Eles estavam como sempre. Azuis. Mas era notável algo em seu olhar. Algo como desespero. Não, não era isso. Era uma angustia. Angustia por algo que não nos contou. Isso me fez pensar que pela primeira vez JB mentia para mim. E isso me deixaria mal. E com certeza arrasaria com ela. Mas que era necessário. Enquanto estávamos voando eu comecei a sentir uma sensação estranha. Como se estivéssemos indo para um banho de sangue. E esse sangue não seria so de monstros. JB estaria nos mandando para a morte iminente? Ou era uma informação que não fora dita?.

       Alguns poucos minutos depois o piloto disse que estávamos perto de interceptar o avião alvo. E que devíamos nos preparar. Ayumi preparou seu rifle. Ela estava muito calada. Ela estava estranha. O único som era o das hélices. E isso me deixava mais desconfortável ainda. Tinha algo errado com essa missão. Mas por mais que eu tentasse descobrir eu não conseguia. Faltava algo. Enfim, avistamos o alvo. Um avião pequeno. Um jatinho particular. Que mesmo sendo um avião pequeno era muito reforçado e preparado. E atrás deles uma nuvem de harpias. Uma nuvem gigante. Nunca havia visto tantas delas. Ayumi soltou um suspiro de surpresa. Ao ver a cena. Era de arrepiar. Quinze ou vinte eram fáceis de lidar. Mas deviam haver mais de mil. Se fossem comestíveis. Teríamos comida para meses.

---Como faremos? Perguntou Ayumi.

---Não sei. Não temos como entrar no avião.

---Não temos munição para protege-los ate a base. E so eu posso atirar com distância segura.

---Então, teremos que fazer o melhor. Piloto. Faça contato com eles. Entre na mesma frequência. Peguei o radio esperando o sinal de que estávamos na mesma frequência. Ao obter o sinal fiz contato. No inicio so ouvi gritos de uma mulher desesperada. Mas logo uma outra voz começou a falar.

---Aqui e a equipe de resgate da zona 17. Estamos aqui para ajuda-los. Vamos ter que atrair a atenção deles para vocês seguirem em frente. Ayumi me olhou nos olhos. Ela sabia que era a única chance. Mas não estava de acordo. Eu queria poder dizer que tinha um plano mas não tinha. Íamos morrer ali. Com grande sorte. Poderíamos pousar e lutar no solo, correr e se esconder ate a ajuda chegar. Mas isso não ia acontecer. A voz feminina do outro avião começou a falar. Mas so saiam ruídos.

--- pode repetir novamente por favor.

---Entrem pela porta.

Olhei para o avião. Como porra queriam que entrássemos lá? Se abrissem a porta o avião ia despressurizar e isso mataria todos eles. Ate que vi a porta se abrindo. Tinha uma pequena câmara com outra porta por dentro. Deviam ter feito essa modificação para coisas assim. Uma luta na asa sem que prejudicasse a parte de dentro do avião. Eles estavam preparados para tudo. Mas ainda assim isso seria perigoso. Então tive uma ideia. Era loucura. Mas era uma saída. Olhei para Ayumi. E contei meu plano. Ela ficou mais branca que o normal e me chamou de louco. Foi ate a porta e se preparou. O que devia significar que ela tinha aceito.

---Já que vamos morrer. Que seja atirando nesses desgraçados. Disse Ayumi.

---Obrigado por concordar.

     Pedi ao piloto que aproximasse um pouco e que ele colocasse o avião em piloto automático. Abri a porta. E mandei ele pular na asa do avião. Ayumi ficou cuidando para que nenhuma harpia se aproxima-se demais. Assim que o piloto chegou na asa e bateu na porta interior do avião um homem grande e musculoso abriu. Ele usava uma camisa branca limpa e jeans. Tinha cabelo grande e longo com dreads. Era moreno e estava com um fuzil nas mãos. Ajudou o piloto a entrar e fez sinal para que eu fosse.

---Estão chegando perto. Disse Ayumi derrubando uma harpia. Fui ate o assento do co-piloto e abri uma caixa verde que estava debaixo do mesmo. Dentro tinha uma bomba de estilhaços. Além de explodir ela espalhava pregos para todos os lados numa grande distância. Armei para 5 minutos. E gritei por cima do ombro para Ayumi.

---Vá!

---Mas e você? Ela estava realmente preocupada. Eu poderia fazer uma ótima brincadeira. Mas não agora que estava prestes a morrer se algo falhasse.

---Estou logo atrás. Tenho que dar um jeito para que elas não nos sigam.

     Felizmente ela me entendeu e foi. Pulou seguramente na asa do avião e entrou. Foi então que a merda foi pro ventilador. Quando cheguei na porta pronto para pular uma harpia bateu na lateral do helicóptero com forca para desestabilizar a aeronave e me fazer cair. Pode não parecer mas elas são fortes, bem fortes. Quando me dei conta elas estavam por todos os lados. Uma batida forte na hélice fez o helicóptero perder o controle. Olhei para o avião e vi que pelo olhar de todos a situação estava feia. Gritei para eles irem e fiz sinal. 30 segundos para a explosão. O piloto colocou toda força no avião e se afastaram. Agi rapidamente e peguei um dos para-quedas. Fui ate a porta e saltei. Poucos segundos depois uma grande explosão me impulsionou para baixo. Com gritos de agonia, penas, garras e pregos por todos os lados eu fui caindo. O chão se aproximava rápido. Algo bateu em minha cabeça com força me fazendo desmaiar. Minha ultima visão foi a de uma grande floresta se aproximando. Sim. eu ia morrer.


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