Capítulo 5

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Camila

Trabalhar a noite e ainda ter que acordar cedo para estudar era extremamente cansativo, mas fazer o que? Não tinha nascido em berço de ouro e não podia deixar de trabalhar. Servir mesas para um bando de gente esnobe não era o que eu tinha em mente, mas salário de estagio não dava para nada e o único lugar em que eu achei um trabalho que dava para conciliar com a faculdade foi o de garçonete em um bar da zona nobre da cidade. Para ser bem sincera eu tive muita sorte ( ou azar, dependendo do ponto de vista), pois por pouco eu não conseguia a vaga. Meu chefe, o Sr. Fernando, nunca escondeu que não ia muito com a minha cara. Ainda me lembro da minha entrevista com ele, o cara mal olhou na minha cara e já me dispensou, no entanto, três dias depois eu recebi um telefonema dele dizendo que a vaga de emprego era minha, eu sei que não era grande coisa o salario e muito menos o emprego, mas vibrei de alegria quando fui chamada para trabalhar ali. Na época eu e minha mãe estávamos passando um sufoco danado com as contas e eu já estava desesperada atras de um emprego. Não pensei duas vezes, aceitei logo de cara o serviço. Um trabalho no período de seis da tarde as uma da manhã e que pagava um salario e meio e ainda tinha a possibilidade de gorjetas altas era tudo que eu precisava. Parecia ter sido coisa vinda dos céus: eu poderia trabalhar e não largaria minha faculdade.  Na mesma noite eu fui para o bendito bar e descobri que na verdade a moça que tinha sido escolhida no meu lugar no dia da entrevista, uma ruiva cheia de curvas, tinha pedido demissão e, segundo a minha mais nova colega de trabalho, a causa do pedido foi que a moça não havia aguentado as grosserias do chefe. Resumindo: o Sr. Fernando só havia me chamado porque tinha ficado sem escolha e estava precisando de alguém para atender as mesas. Com certeza ele iria me mandar embora assim que conseguisse outra pessoa para ocupar o cargo, até porque eu claramente não me encaixava no perfil que parecia agradar o chefe, todas as meninas e rapazes que trabalhavam no bar seguiam o padrão de pele clara e cabelos lisos, mas por ironia do destino alguns clientes simpatizaram comigo e no fim das contas eu permaneci no bar. Confesso que não era fácil conviver com o meu chefe, até porque ele nunca parou de implicar comigo, mas os meus colegas de trabalham eram ótimos, especialmente a Charlotte que havia se tornado uma grande amiga. Se não fosse pelo pessoal eu não estaria trabalhando naquele lugar há um ano e meio e era justamente nisso que eu estava pensando enquanto ouvia a reclamação do meu chefe.

O Sr. Fernando estava me dando um sermão porque eu havia dado uma má resposta a um cliente que não parava de me aborrecer.

-...Essa é a ultima vez que eu tolero uma atitude dessas Camila. Você tem noção de quem é o homem que você xingou?- ele praticamente gritou enquanto eu estava parada na sua frente.

-Mas ele...- eu comecei a me defender, mas o Sr. Fernando me interrompeu com um grito.

-MAS NADA CAMILA.- ele explodiu e eu me calei.

Estávamos na pequena cozinha do pub, e os demais funcionários pararam para ver o que estava acontecendo.  Muitos nos olhavam com um olhar reprovador e o Sr. Fernando se recompôs e respirou fundo.

-Eu não quero saber o que o Dr. Olegário falou ou deixou de falar para você. Isso não me importa. A unica coisa que me interessa é que ele é um dos clientes mais antigos desse pub e é responsável por grande parte do meu lucro.  Uma garçonete a menos não me faz falta, você é descartável, eu encontro outra para ocupar seu lugar em menos de cinco minutos. Agora um cliente como ele, que não gasta menos de quinhentos reais por noite, eu não acho em qualquer esquina. Para ser muito sincero com você, eu só permiti que você continuasse trabalhando aqui, porque não sei que diabos o Dr. Olegário viu em você que me enche o saco para ser atendido apenas por você, porque se dependesse da minha vontade você estaria longe. Agora se você não quer ficar desempregada, vai até o salão agora e peça desculpas ao Dr. Olegário e diga que tudo não passou de um mal entendido.- ele falou mais baixo e entredentes.

A cura no amor #Wattys2018Onde histórias criam vida. Descubra agora