Capítulo 33

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SEM REVISÃO

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Cristiano

Cheguei em casa por volta de 20h00, deixei minhas chaves em cima da mesa e caminhei diretamente para a minha suite. Entrei no meu quarto e fui tirando a roupa e deixando pelo caminho enquanto ia em direção ao banheiro. Quando entrei no box eu já estava nu, liguei o chuveiro na água morna e suspirei cansado enquanto a água caia no meu corpo. Eu estava esgotado.

As cobranças vinham de todos os lados, mas a minha preocupação era só uma. As quarenta e oito hora que o Marcos havia dito se transformaram em cento e quarenta e quatro horas, eram quatro dias a mais do que o esperado devido uma complicação no quadro clinico da Camila. Seis dias que a minha pequena estava no CTI, seis dias de ansiedade e espera para vê-la. Minha presença no hospital era diária, sempre ia ao Vilela em busca de noticias da Camila e também para ver a Agatha. Nesse meio tempo minha vida tinha se transformado em um pandemônio. Os repórteres não saíam da portaria do meu prédio e a Vivian não parava de me ligar da empresa.

 Eu não colocava os pés na empresa desde o dia em que a Camila foi raptada. Durante esse período quem estava resolvendo os assuntos da presidência era o Enzo e isso, em conjunto com a queda das ações da empresa, devido a acusação de assassinado que havia sido aberta contra mim, estava deixando os acionistas inseguros. Agora meu nome era falado na TV de cinco em cinco minutos. Eu havia me transformado no assassino mais famoso do ano, afinal de contas não é todo dia que um empresário de sucesso executa um verme.

Depois de ficar por um bom tempo debaixo d'água, eu desliguei o chuveiro, enrolei a toalha na minha cintura e saí do banheiro. Me deitei na cama ainda de toalha e fechei os olhos cansado, mas assim que minha mente começou a se esvaziar dos acontecimentos do dia a imagem do quarto onde eu encontrei Camila veio na minha mente e eu abri os olhos rapidamente. Agora era sempre assim, eu mal conseguia dormir. Toda vez que eu fechava o olhos eu revivia o que tinha acontecido. Aquela noite ficava rebobinando na minha mente como um disco arranhando. Eu me lembrava de como eu havia encontrado a Camila algemada naquela  cama, nua e suja de sangue. Ficava imaginando a minha pequena grávida nas mãos daquele desgraçado covarde, sem comida, sem água, sendo espancada e violentada durante todo esse tempo...

Ver o Thiago agonizando com o corpo cheio de bala como uma peneira não foi o suficiente para aplacar meu ódio. Nunca pensei que fosse capaz de torturar alguém, mas eu queria ter feito aquele desgraçado sofrer. Eu queria ter arrancado o pau dele fora e deixado ele morrer sozinho e algemado na cama em um quarto imundo e úmido, talvez assim o meu ódio diminuísse.

Eu me levantei da cama e fui para a sala, me sentei no sofá e ligue a TV para ver se minha mente se desligava um pouco do que havia acontecido. Estava passando os canais da TV a cabo, quando vi meu rosto na tela. Pois é, a conversa que eu tive com o Marcos e com o Arnaldo no hospital havia sido filmada por uma das pessoas que estavam na recepção, agora em todo momento aquela gravação, onde eu afirmava que tinha matado o desgraçado e queria ter torturado o filho da puta, repetia nos jornais, revistas, site de fofocas...em todos os lugares.

Nas poucas vezes que perdi meu tempo vendo algum jornal ou entrando em algum site de noticias percebi que muitas jornalistas me pintavam como um homem vingativo e sanguinário. Isso porque nenhum daqueles filhos da puta haviam pegado a noiva grávida praticamente morta nos braços, aquilo ali fode com a mente de qualquer um. Acredito que até o mais cristão dos homens faria o mesmo que eu, se passasse por uma situação daquelas com alguém que amava.

Quando o repórter começou a falar eu voltei a mudar de canal, só parei quando encontrei um filme qualquer. Me deitei no sofá e tentei prestar atenção ao filme, fiz o máximo para não pensar em mais nada só então consegui dormir um pouco. Quando voltei a abrir os olhos o dia já estava amanhecendo. Eu me levantei do sofá, fui para o meu quarto, entrei para o banheiro e tomei um banho rápido apenas para despertar. Me vesti com uma calça jeans e uma camisa preta e sai do quarto. Fui para a cozinha e fiz um café expresso. Me sentei na mesa, olhei para a minha cobertura enquanto bebia o café amargo e respirei frustrado. Aquele lugar era silencioso demais e deprimente sem a presença da Camila. Eu terminei de tomar meu café, me levantei da cadeira e peguei as chaves do meu carro.

A cura no amor #Wattys2018Onde histórias criam vida. Descubra agora