— Huh?
— Mano, eu tô gaguejando? - ele perguntou gritando. — Passa a porra do dinheiro. LOGO!
— Cara, eu...
— Será que eu vou ter que te bater, é? - ele gritou, se aproximando de mim com o punho voltado para cima e me imprensando contra a parede.
— Solta ele agora. - disse Enzo na maior confiança no mundo. — E eu não quero ter que pedir de novo.
— Enzo... Olha, você não precisa se encrencar por minha caus...- gaguejei, tentando amenizar as coisas.
— Hahaha
Higor riu.
— Eu não tenho tempo para discussões de namorados. - debochou Higor. - Vamos logo passando essa porra, senão eu...
— Senão eu, o quê? Se acha muito valentão, não é mesmo? Quero ver você se achar valentão agora. - Disso Enzo se aproximando e enfrentando Higor.
Enzo dá o primeiro soco e Higor cai no chão.
— Vai embora daqui. AGORA! - ordenou Enzo.
Eu corri enquando Enzo enfrentava aquele rapaz para me defender. E eu mal conhecia ele. Os dois brigaram feio. Feio mesmo. Higor carregava sempre um canivete no bolso, então você já sabe o que aconteceu... O Enzo não morreu, se é o que quer saber. Mas teve um enorme arranhão no braço esquerdo.
Logo ele me procura e me encontra no banheiro.
— Ai meu Deus, você tá bem? - perguntei desesperado.
— Eu pareço bem? - Ele me perguntou sorrindo. Seu sorriso era lindo e seus lábios róseos o destacava mais ainda.
— Precisava tudo isso? Era só eu dar o meu dinheiro e tava de boa, cara, você é louco. - perguntei totalmente aflito e preocupado.
— Então é assim que você me agradece? Me dandro bronca? - Ele perguntou fazendo uma carinha de filhote de Vira-lata perdido e esquecido de seu dono, numa praça qualquer, num lugar qualquer.
— Olha, eu não pedi sua ajuda, tá legal? Eu mal te conheço. — disse passando água em seu braço ensanguentado.
— Eu não ia deixar você apanhar, além do mais, eu esqueci meu dinheiro, quem sabe você não poderia me emprestar? - ele disse dando uma gargalhada.
Nós dois sorrimos.
— Você é um idiota, sabia? - disse desligando a torneira e dando um tapinha em seu ombro. — Vamos, a próxima aula já vai começar. Você tá bem mesmo, não está?
— Vou ficar. Prometo. - Ele sussurrou em meu ouvido sorrindo. — Agora vamos. Já entramos em encrencas demais no primeiro dia de aula.
Nem tudo naquele dia acabou. Ainda tivemos mais algumas aulas e largamos. O Enzo perguntou se não queria companhia até a parade de ônibus, já que ele também ia para lá. E eu? Aceitei.
— Onde você mora? - Enzo me pergunta.
— Rua Walkstreet, 312. Não é muito longe daqui. - respondi.
— Espera... Você também mora lá? Como eu nunca te vi? - Ele me pergunta enquanto entramos no ônibus.
— Eu me mudei para cá não faz muito tempo. A minha família é daquele tipo de família que sempre está a viajar à trabalho. Mas dessa vez, viemos pra ficar.
— Nossa, como você consegue? Perder amigos, e tals não deve ser fácil. - ele diz passando a mão nos cabelos caídos em minha testa.
— Ahn... É por isso que eu não faço amigos. Sempre era excluido em trabalhos de escola, sempre sentava sozinho nos refeitórios...- falei totalmente constrangido pelo o que ele fez e triste por lembrar de cenas que eu queria apenas esquecer.
— Isso não vai mais acontecer. - Enzo diz com toda certeza do mundo.
— E como você sabe que não, bundão? - perguntei.
— Porque agora, você tem a mim. E vamos sempre estar juntos, não importa o que aconteça. - ele responde com a ele mesmo sorriso lindo de antes.
Vemos com clareza, um Ector corado.
— Esta é nossa parada. Vamos? - Enzo diz, me dando um murro não tão forte no ombro.
— Sim. - pego minha mochila e desço junto com ele.
Nós dois andamos um pouco, já havia escurecido. E enquanto andamos, jogavámos conversa fora e, eu pude perceber, o quanto o Enzo me entendia. E eu me sentia em casa com isso.
— A minha casa é essa aqui. - disse, estendendo a mão para um aperto.
— Meu trabalho está cumprido! - ele disse gargalhando.
Eu me viro para entrar, e vou em direção a porta. Quando de repente, ele pega em minha mão e me vira para a frente dele.
— Até amanhã, Ector. Te mando uma mensagem quando chegar.
— T-Tudo bem... Até amanhã. - naquele momento, eu tremi na base.
Algumas horas se passam, e me deito para tentar dormir. Quando o celular vibra.
"Boa noite, Ector. Tenha bons sonhos! :)"
"Terei sim, pode deixar. Boa noite. ^~^"
Eu sorrio. Fecho meus olhos.
— Boa noite, Enzo. - sussuro para mim.
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A Rua Walkstreet
Teen FictionA vida de Ector nunca foi realmente o que se espera da vida de um adolescente comum. Ele sempre passa por maus bocados e depressão com a falta de amizades e dos pais, que passam a maior parte de seu tempo viajando à trabalho. Um certo dia algo acont...