Esclarecimentos

146 17 11
                                    

Depois do que ouvi de meu "pai" não consegui me conformar. Decidi ir embora desse lugar que eu odeio. Hoje a noite seria o dia, ninguém me faria voltar atrás, ninguém! Comecei arrumar minha pequena mala, levaria somente o necessário. Já estava pronta para ir embora. A noite havia chegado e agora estava pegando minha mala para seguir em frente do meu quarto, mas de repente ouço alguém batendo na minha porta.

Resolvo ir abrir, pois deveria ser algo importante para baterem a essa hora da noite. Abro a porta e vejo Kath, ainda bem que não era Beatrice!

-Desculpe senhorita por vir à essa hora da noite, mas acho que isso aqui é algo de extrema importância para você! - ela diz me dando um envelope com uma carta de David.

-Muito grata Kath, muito mesmo!! Amanhã conversamos mais, agora vou me deitar.

-Claro, com a sua licença senhorita Ali! - ela diz sorrindo e segue seu caminho pelos corredores.

Estava ansiosa para ler esta carta. Peguei um cobertor, levei para a sacada em minha poltrona e acendi uma vela por lá. Abri a tão esperada carta que dizia:
"Cara princesa Ali,
Sei que é muito tédio viver em um reino onde mal conhece sua família. Sei o quanto se sente sosinha. Sei também que é muito ansiosa com tudo! Sinto sua falta e vejo o quanto se esforça para ser mais sofisticada e "perfeita", o problema é que você não tem de ser. Ali, você é a pessoa mais perfeita que já conheci, mais humilde quanto princesa e sabe muito bem ser uma palhaça (sem ofenças). Digo, não sou o melhor príncipe do mundo, mas a cada vez que te conheço vejo o quanto você é sensacional, pois você é a "desastrada" mais perfeita do mundo!
Por favor, me aguarde e me escreva cartas. Não se esqueça que eu existo e não pense que estou feliz por estar longe. Jamais te esquecerei Alison. Prometo que na próxima carta direi como que o reinado é por aqui. Só gostaria que soubesse o quanto me importo e como nunca fiquei tão ansioso para um baile de máscaras!
-David"
Comecei a chorar naquele momento pelo reconforto que ele me deu. Nunca pensei que David pensava isso a meu respeito, nunca pensei que gostava tanto dele e como nunca o deixaria. Antes dessa carta eu não iria deixar ninguém para trás se fosse embora, mas agora David decidiu preencher esse espaço vazio.

Voltei para dentro do meu quarto, dessarrumei toda minha mala e logo fui me deitar. Acordei com o sol refletido em meu rosto, coloquei meu roupão e desci as escadas direto para o café.

-Bom dia...- digo para todos na mesa, revirando os olhos ao meu "pai".

-Bom dia! - dizem em coro.

-Está tudo bem querida? Parece um pouco tristinha.- minha "mãe" diz.

-Está tudo ótimo! - digo já me levantando da cadeira.

-Me encontre em minha sala daqui cinco minutos, está bem Alison? - meu "pai" diz calmamente.

-Tudo bem... - digo e sigo para o meu quarto.

Coloco um vestido longo da cor azul marinho, um salto baixo preto e uma maquiagem leve. Segui para a sala do meu "pai". Chegando até lá, bato na porta.

-Entre! - diz ele, apenas entro e sento em um sofá de frente a sua mesa onde ele se encontrava.

-E então...? - digo tentando tirar esse clima frio que havia entre nós.

-Me desculpe por ontem. Aquela sala em que você se encontrou ontem é como um lugar secreto para mim - ele respira e continua - sei que alguma hora os segredos precisam ser ditos, mas não queria dizer aquela hora e eu preciso de um pouco de tempo, só tempo entende?

-Todos aqui me dizem para me conformar, que logo tudo será esclarecido e como sua esposa diz: "tempo é tudo". Mas estou cansada de chegar a este palácio, acordar nele, viver nele com nenhuma explicação. Sabe como é mudar de casa e família de um dia para o outro?! Isso parece até um sequestro, pois sinto saudade e raiva ao mesmo tempo daqueles seus agentes que me criaram. Isso dói muito! - digo meio gaguejando.

-Sinto muito minha filha, muito mesmo. Queria muito esclarecer tudo neste momento, mas ainda não posso. É muito sério. Promete que irá tentar nos ver como seus pais e viver como se fosse sua própria casa...? - ele respira para não chorar - você talvez não acredite, mas eu te amo Ali. Sempre te protegi com minha própria vida e se ontem gritei com você foi pelo mesmo motivo. Mesmo assim, me perdoe?

-Tudo bem...p-pai - digo gaguejando, mas as palavras saem e dou um enorme abraço em meu pai chorando.

-E-eu te amo muito, muito! - ele diz entre o nosso abraço, apenas assenti e quando nos separamos sigo até meu quarto. Fiquei muito feliz pelas palavras sairem finalmente. Não posso culpá-lo tanto assim, talvez ele tenha mesmo seus motivos.

Confissões de uma princesa nada sofisticadaOnde histórias criam vida. Descubra agora