Confissões de uma princesa nada sofisticada

Lembranças passadas

A janta foi deliciosa. Mesmo eu precisando ter que fazer boa impressão em comer pouco. Logo, fui até a cozinha para ver se por lá estava tudo bem com as coitadas das cozinheiras.

-Olá, o jantar estava ótimo! - digo para elas.

-Princesa Alison, foi um prazer cozinhar para você e sua familia! - uma delas diz sorridente, fazendo uma reverência.

-Por favor, me chamem apenas de Ali. Não sou tão formal assim! - digo lhe dando um sorriso.

-Como preferir, Ali!

-O que fazem com essas massas de bolos e docinhos?

-Estamos fazendo o que um soldado muito desastrado, chamado Tony, destruiu. Nunca vi tamanho desastre! - ela diz espantada com o fato. Quer dizer que realmente ele deixou que a culpa fosse total dele, mas acho que seria pior pensar que uma "princesa" fez isso!

-Entendo, acontece. - digo dando um sorrisinho de culpada - agora já vou indo meninas, bom trabalho!

-Obrigada. Tenha uma boa noite! - elas dizem em coro.

Segui pelos corredores para meu quarto. No caminho encontro Tony, assim resolvo ir falar com ele.

-Tony, obrigada por levar a culpa por mim! - digo o parando.

-Está me devendo essa "nem tão princesa assim!" - ele diz dando um sorriso e segue seu caminho.

Até chegar nesse quarto é meio dificil, pois sempre paro por algum motivo umas mil vezes!

-Ali, Ali! - Kath corre até mim desesperada.

-O que foi menina, fala logo!

-Adivinha de quem é esta carta que estou na mão? - ela diz levantando as sobrancelhas repetidas vezes.

-Para de fazer isso e me dá essa carta logo Kath - digo rindo da sua cara - David, como sempre não se esquece das prioridades! - sorrio pegando a carta de sua mão.

-Convencida. Agora vai para seu quarto e leia logo! - ela diz afobada. - o que foi, só estou curiosa! - ela diz e sai pelos corredores.

Finalmente chego em meu quarto super desesperada para saber o que estava escrito, mas não tanto quanto Kath é claro! Sentei em minha cama super fofa e "enorme" como sempre. Abri aquela carta que estava com cheiro de perfume delicioso! Assim, começo a ler:

"Querida Alison,
Não sabe o quanto estou com saudades! A parte triste é que ainda faltam três meses para o baile de máscaras. O importante é que possamos sobreviver até lá não é? - nessa parte sorrio com a delicadeza de David - finalmente, posso chegar onde quero nesta carta. Ainda não me esqueceu Alison? Me mande uma carta. Só para saber se realmente posso ficar aliviado quanto a isso.
-David."

Nesse momento já peguei um papel e uma caneta para começar a escrever para ele, mas as palavras sumiram da minha mente. Resolvi deixar isso para depois, afinal esperar um pouquinho não fará mal para ele. Até que adormeci.
*
-Vamos, levem logo a princesa para fora daqui! - um soldado diz me pegando no colo.
-Querida a mamãe te ama muito! - a rainha diz me dando um beijo na testa, chorando muito.
-Está na hora querida! - o rei diz abraçando a rainha.
-NÃOOO! - ela diz gritando e chorando, até que o rei é obrigado a levá-la a força para dentro.
-Você ficará bem mocinha, seus novos pais te esperam! - um soldado diz me segurando no colo, me levando até dentro de um helicóptero.
-Não! Eu quero minha mãezinha! - eu gritava e chorava descontroladamente, até que sinto tudo balançar e não vejo mais nada...
*
Acordo ofegante, nunca tinha tido este sonho antes. Essa lembrança nunca esteve em minha memória todos esses anos! Me levantei e vesti meu roupão, desci as escadas do palácio até a cozinha para beber uma água, pois não queria incomodar Beatrice. Fui lentamente nos corredores escuros para que ninguém me encontrasse. Cheguei até a cozinha finalmente. Peguei um copo de vidro e o recipiente de água, comecei a beber logo em seguida.

-Alison? - viro de costas dando um pulo de susto, era Tony.

-Oi, o que foi agora? - digo brava por ele ter me assustado mais do que eu já estava.

-Nada. O que faz aqui a essa hora da noite?

-Bebendo água, não está vendo?

-Disso eu sei, mas parece um pouco assustada. Está tudo bem mesmo? - ele diz preocupado.

-Acho que acabei de ter um pesadelo. - digo meio tremendo com o copo na mão.

-Se acalme, desse jeito irá derrubar o pobre do copo - ele diz sorrindo - venha cá. Precisa tomar um ar, só isso.

-Está bem. - ele me leva até o jardim. Sentamos em um banco e o silêncio toma conta do local.

-Quer falar um pouco sobre o que foi seu pesadelo? - ele diz.

-Foram lembranças passadas que eu nunca havia me lembrado. Foi horrível! - digo um pouco tremendo ainda - eu estava indo embora com um soldado que me pegou no colo. O rei e a rainha que são meus pais, se despediam de mim e choravam - paro para respirar - até que um soldado diz que logo eu teria uma nova família. Assim, entramos em um helicóptero e tudo começa a balançar e ficar escuro. Logo, eu acordo sem entender nada! - digo confusa, apenas o observo cabisbaixo parecendo conhecer esta história.

-Lembranças passadas realmente são horríveis - ele diz depois de uns minutos em silêncio.

-Sabe de alguma coisa a respeito?

-Talvez.- ele olha bem em meus olhos - sabe aquele soldado que te segurava e protegia?

-Sim.

-Era meu pai. Ele não sobreviveu ao ataque do helicóptero.

-Tony, sinto muito! Nunca soube que havia tantos mistérios neste palácio. Ninguém tem coragem de me dizer nada! - digo já cansada de ser a última a saber de tudo.

-Foram muitas coisas mesmo, mas o resto nem eu sei direito. Eles escondem o máximo que podem de todos sobre o passado deste lugar.

-Agora entendo as tantas preocupações de meus pais, pois devem esconder muita coisa!

-Só seja forte, beleza? - ele diz dando um sorriso como se soubesse que muita coisa ainda estava por vir.

-Beleza! - digo isso e ele já entra no palácio para seu trabalho que era vigiar o castelo praticante por vinte e quatro horas. Fiquei lá fora por mais alguns instantes, até que ouço um barulho atrás de mim.
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