Que horas são?!

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-Box, você me assustou danadinho! - digo pegando ele no colo. Logo, fui para meu quarto ver se ainda conseguiria dormir hoje.

Mesmo eu me esforçando muito o sono não veio. Fiquei em minha sacada até o dia amanhecer. Com isso, a hora do café da manhã chega. Depois de fazer meus afazeres fui em direção a mesa real.

-Bom dia querida, hoje temos visita para o café! - meu pai diz mostrando David e sua família.

-Bom dia!- disse pasma, pois não o esperava tão cedo. Aliás, me esqueci completamente de lhe mandar uma carta.

Me acomodo em minha cadeira para o café se iniciar. O problema é que eu não queria ver David, não agora! Acabara de tentar descobrir vários assuntos do palácio e isso eu não podia contar para ninguém. Apenas para Tony.

-O café está bom querida? - minha mãe diz me tirando dos meus pensamentos.

-Sim, estava ótimo! - digo já levantando da mesa.

-Mas já Alison? - ela diz me olhando, pois sabia que eu sempre comia muito.

-Sim. Apenas preciso tomar um ar, irei na sacada real!

-Está bem. - ela diz e já caminho até o local.

Fiquei sentada em um banquinho que lá se encontrava. Queria conversar com Tony, mas deveria estar ocupado com seu trabalho.

-Ali? - ouço uma voz suave entrando, era David.

-Olá...

-Posso ficar aqui com a senhorita?

-Claro, sente-se!

-É impressão minha ou está tentando se livrar de mim? - ele diz com um sorriso no rosto, mas logo se desmancha ao ver minha afeição.

-Não é isso David. Apenas estou com muitos problemas, e por favor não me pergunte sobre isso!

-Está bem. As vezes Ali, o melhor é deixar para lá coisas que não vão para frente.

-Sobre este assunto não posso fazer isso.- digo cabisbaixa.

-Senti muito sua falta. Por isso implorei ao meu pai para virmos tomar café aqui hoje, pensei que tinha te perdido. Sinto que está distante.

-Posso responder a carta agora? - digo com um sorriso.

-Seria ótimo!

-Saiba que pode ter certeza que não te esqueci. O baile de máscaras será mais um dos eventos que estaremos juntos, estou certa disso? - digo arqueando as sobrancelhas.

-Certíssima! - ele diz me dando um abraço de conforto - quando precisar de algo estarei aqui, está bem?

-Sei que sim! - depois disso ficamos ali por algum tempo. Logo, David teve que ir. Agradeci por ele não ter feito perguntas. Queria poupá-lo das minhas preocupações. Fui para meus aposentos que certamente Beatrice estaria me esperando. Quando entro me deparo com a mesma.

-Vamos mocinha, seu professor te espera no salão!

-Aula de dança? Que ótimo, já estou me trocando!

-Que animação toda é essa? - ela diz em reprovação, como se todos os seus pedidos tivessem de ser horríveis.

-Apenas quero aprender dança, não posso?

-Pode, mas agora vai logo! - ela diz voltando com seu tom de ignorância.

Coloco meu vestido para aula de dança. Ele era dourado, um pouco justo em cima e logo soltava um rodado até o joelho. Depois de uns dez minutos eu já estava pronta. Segui pelos corredores e cheguei finalmente.

-Hoje eu não sou o atrasado! - Tony diz ao me ver entrando.

-Vamos começar? - digo ignorando o que ele disse.

-Está bem. Já que está animada hoje será um pouco mais complicado - ele diz me puchando para si.

-Pode começar. - falo sussurrando.

-Você quem pediu! - ele diz e logo começamos a usar o salão inteiro com passos complicados e rápidos. Para esta aula eu havia treinado muito.

-Nossa, você foi ótima! - Tony diz ofegante, pelo simples fato de termos dançado uma hora sem parar.

-Já te disse que treinei muito? - digo e já nos sentamos no chão do enorme salão.

-Parabéns! Não pensei que fosse tão determinada.- ele diz arqueando as sobrancelhas.

-Tony, você não sabe muita coisa sobre mim! - digo rindo.

-E quer que eu descubra?

-Talvez com o tempo.

-Misteriosa, mas já sei do seu segredo na dança - ele dá um sorriso de lado - como que era sua vida fora desses muros?

-Quando eu vivia como uma garota normal você quis dizer?

-Sim.

-Bem, eu ia para o colégio, tinha amigos e pretendia cursar gastronomia.

-Por isso que adora uma cozinha! - ele começa a rir.

-Com certeza. Minha vida era razoávelmente normal, comparada a essa!- digo rindo.

-Disso você pode ter certeza.

-E você? Já teve uma vida fora desses muros?

-Por um tempo. Eu morava na cidade com minha mãe. Meu pai às vezes ia nos visitar, pois ele era soldado aqui no palácio como eu já te disse. Quando ele morreu continuei com minha vida normal de sempre ao lado da minha mãe, mas ela começou a ficar muito doente e faleceu. Logo, com meus treze anos fui convidado para vir até o palácio fazer o teste com outros garotos para soldado iniciante, até que passei. A partir daí comecei a morar no palácio.

-Sua vida por lá não foi nada fácil pelo que está me contando.- digo cabisbaixa.-sempre foi seu sonho ser soldado?

-Foi sim, meu pai sempre me ensinou desde pequeno.

-E dançarino? -digo rindo.

-É uma história bem engraçada na verdade. Eu deveria ter ainda uns dez anos quando minha família foi para o baile por causa do meu pai ser o soldado do palácio. Naquele dia todos dançavam, de repente comecei a dançar no palco conforme a música e todos gostaram e aplaudiram. A partir daí quando vim morar no palácio me fizeram como suposto "professor de dança", já que não tinham nenhum.

-Sério? Parabéns professor! - digo rindo sem parar.

-Já deu! - ele diz rindo novamente.

-Nossa! Que horas são?

-Hora de você estar almoçando!

-Não acredito que ficamos aqui tanto tempo! Já estou indo.- digo correndo em direção a porta.

-Cuidado para não cair! - Tony grita para mim. Apenas viro e faço lhe uma careta, continuando meu caminho para o almoço.

Confissões de uma princesa nada sofisticadaOnde histórias criam vida. Descubra agora