Regras...ODEIO REGRAS!

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No próximo dia acordei toda animada, pois foi muito bom conversar com o príncipe David. Me arrumei colocando um vestido rodado, mas dessa vez até o joelho. Quem disse que princesas só usam vestidos compridos?! Segui colocando um salto com estampa toda de veludo importado da França. Prendi meu cabelo em um coque e prossegui experimentando algumas jóias que nunca havia usado desde que cheguei.

Decidi que hoje não iria tomar café, mesmo Beatrice fazendo o maior escândalo, a ignorei. Peguei uns papéis e uma caneta, caminhei até minha sacada do quarto me sentando em uma pequena escrivaninha que ficava por lá. Comecei a pensar o que poderia escrever para David, é claro que eu não iria esperar até o fim do ano para dizer algo. No começo estava um pouco sem idéia, mas logo escrevi o que me veio à cabeça. Ficou assim:
"Caro príncipe David,
Acho que não poderei esperar até o baile de máscaras para lhe dizer algo, pois você me conhece (um pouco) e sabe o quanto fico ansiosa com as coisas. Nesta carta estou tentanto ser o mais sofisticada possível, afinal não seria digno da minha parte por ser uma suposta "princesa".
Ficaria muito feliz de saber como que é por aí pelo seu reinado. Só para descontrair não é? Pois o tédio aqui no palácio não vai embora, espero que entenda o meu desespero ( desnecessário) para vê-lo.
Atenciosamente, Alison."

Sei que não é uma das melhores cartas, mas aqui não tem NADA para fazer! Sério, eu sei que agora vocês podem me achar uma maluca por dizer que não há nada para se fazer em um "enorme" castelo, mas definitivamente aqui só tenho que seguir regras e mais REGRAS!

Agora, querendo ou não, irei para minha aula super chata de etiqueta. Sigo pelos corredores do palácio com a carta na mão, encontro Katherine e digo:

-Mande essa carta para o príncipe David. Pode fazer isso por mim? - digo a ela quase implorando.

-Claro que sim Ali, além de ser sua criada você é minha amiga! - ela diz e dou lhe um abraço.

-Muito obrigada, fico feliz de ter uma amiga por aqui! - digo deixando a carta em suas mãos e já caminho até aquela aula mega chata da Beatrice.

Os corredores estavam vazios hoje, que milagre! Isso nunca acontece. Olhei às horas e percebo meu atraso. Comecei a correr (muito normal para uma princesa!). Como sou super desastrada dou um escorregão e caio com tudo no chão, mesmo não estando com vestido comprido essa sou eu, prazer!

-O que faz aí no chão Ali? - meu irmão diz olhando para mim não entendendo nada (claro que ele não iria entender, ninguém ou melhor, nenhuma princesa fica caída ou dá super escorregões em corredores) ele estende sua mão para me ajudar, logo levanto.

-Um dos meus escorregões sabe! - digo rindo.

-Estou vendo. Deveria ter gravado esta cena única Alison! - ele diz morrendo de rir.

-Ei, eu ainda sou sua irmã seu bobão! - digo lhe dando um empurrão de leve.

-Impossível! - ele não se contia à rir da minha cara de: "já acabou?".

-Ok, já acabou a graça Edgar!

-Está bem, já vou indo irmãzinha. Se cuida em! - ele diz ainda irônico. Me dá um beijo na testa e continua seu caminho pelos corredores.

Agora eu não correria para chegar a aula, mas receberia umas mil broncas de Beatrice. Entrei na sala, abrindo a porta com cuidado e entrei.

-Alguma explicação mocinha? -Beatrice diz batendo os pés.

-Nenhuma. Me desculpe, isso não irá acontecer de novo!

-Espero que não! - ela diz me olhando com aqueles olhos que estavam vermelhos de tanta raiva. Fiquei até com um pouco de medo daquela mulher.

Quando finalmente a aula que parecia não ter fim acaba, sigo pelo castelo procurando o que fazer. Encontrei uma sala cheia de livros antigos, bem antigos! No momento em que eu ia pegar um ouço uma voz entrando pela porta.

-O QUE FAZ AQUI ALISON? - era o rei, quer dizer meu "pai".

-Estava dando uma olhada e... - ele me corta.

-NADA DE EXPLICAÇÕES, JÁ PARA O QUARTO MENINA INTRUSA! - ele diz gritando.

-Está bem... - digo quase chorando, pois ele foi muito grosso comigo. Mal havia chegado e já estava assim com uma filha que ele não teve coragem de criar? Como ele pode!

Segui para meu quarto, pulei em minha cama e chorei um mar de lágrimas. Nunca fui de chorar muito, mas ele me chamou de intrusa. Sempre senti que não fazia parte dessa família, mas agora eu tinha certeza!

Confissões de uma princesa nada sofisticadaOnde histórias criam vida. Descubra agora