CAPÍTULO 15

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Henry


Alicia não parava de observar cada detalhe da decoração durante o jantar e me encheu de perguntas como: onde eu havia achado tudo aquilo, quanto tempo levei para organizar tudo e se eu precisei ir ao Brasil pegar alguma coisa. Eu apenas respondi que era segredo, mas a verdade é que eu tinha tudo guardado no sótão da casa da minha mãe desde que me mudei para Seattle, pois mesmo depois de tantos anos e de tantas mudanças em minha vida eu nunca fui capaz de jogar fora qualquer coisa relacionada a tudo que vivi no Brasil, principalmente ao lado de Alicia, porque seria como se desfazer de um pedaço de mim. Mesmo que todas essas memórias fossem meu ponto fraco ou mesmo eu sendo um covarde por não ter coragem de tirá-las da caixa ao longo desses anos, eu sabia que ali dentro, junto com todas as fotos, cartas e objetos estava guardado também uma parte de mim que há muito tempo achei ter morrido, mas com a volta de Alicia para minha vida percebi que essa parte ainda existe e agora mais viva do que nunca, pois a tenho por perto.

Eu estou parecendo um retardado, sentado em frente a ela e admirando cada detalhe do seu rosto, a forma como se move e quase babando com o sorriso que está estampado em seu rosto.

Me diz se eu sou ou não sou um filho da mãe sortudo? Essa mulher é a perdição de qualquer marmanjo e eu, Henrique Becker, estou tendo a honra de poder passar a noite ao lado dela.

E não estou falando de passar a noite no sentido de sair do jantar e ir direto pra cama com ela, não! Por incrível que pareça a única coisa que eu queria quando preparei essa noite era fazer Alicia entender que eu me importo com ela. Mais do que isso! Que eu a amo e que não medirei esforços para reconquistá-la.

Mas se no fim da noite acabarmos juntos, entrelaçados um no outros na minha cama, eu não iria achar nada mal.

O que? Ainda sou homem e tenho minhas necessidades.

Ok, voltando ao foco!

Eu fiquei muito nervoso para saber como que ela iria reagir a esta noite e o que ela iria achar de tudo que havia planejado. Se ela iria gostar, se ia achar romântico ou se ia achar um exagero, que eu estaria forçando a barra... Mas toda essa insegurança foi embora assim que olhei em seus olhos e vi o quanto ela estava balançada.

Ponto para mim!

Mas preciso confessar algo aqui.

Não foi toda minha a idéia do jantar! Isso tem o dedo de mais dois enxeridos que não podem ver uma brechinha que já querem se meter na minha vida. Mas como eu estava realmente precisando de ajuda deixei só dessa vez que eles metessem o nariz. Minha mãe, dona Teresa, me deu a idéia das fotos, já o pentelho do meu irmão, Luke, me deixou usar sua cobertura já que está sem uso desde que se mudou de Seattle.

Depois de comermos, levei Alicia até um banco perto da piscina e ficamos por ali conversando. É incrível como tudo ao lado dela se torna mais especial. Até uma simples conversa se transforma em algo único. Percebi então que nunca havia sentido isso com qualquer outra mulher que esteve ao meu lado. Nenhuma foi capaz de me tocar tão fundo quanto Alicia consegue. Nenhuma conseguiu ver o meu coração, enquanto Alicia o tem em suas mãos!

Sorrio com a idéia que vem em minha mente. Peço para que Alicia me espere e corro até o quarto do meu irmão pedindo aos céus que ele tenha um violão por ali e agradeço quando encontro encostado na parede de seu escritório. Enquanto percorro o caminho de volta para Alicia afino o mesmo e dedilho algumas notas.

- Em todo lugar que você está tem que ter um violão não é? – Ela brinca enquanto sento ao seu lado.

- Claro! É uma extensão minha. – Digo, ajeitando o violão em meu colo.

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