Teen

169 25 2
                                    

Depois de seis semanas trancada no quarto somente dormindo, escuto alguém bater na porta, era Luna.

Eu não queria ver ninguém, mas achei que explicando a ela como eu estava me sentindo, ela poderia ir embora.

Infelizmente me enganei, ela era teimosa demais e achava que baladas iam me animar.
Só o Felipe me animaria e ele não está aqui agora.

- Todos achavam que você tivesse morrido sua louca. - diz me abraçando.

- Era minha vontade.
- Não diga isso, você tem pessoas maravilhosas com você.

- Mas do que adianta ter pessoas maravilhosas, se a que eu amo não está comigo me diz? - pergunto
- Eu sei que dói, mas a gente supera.

- Não quero superar, até porque não quero aprender a viver sem ele. - fecho meus olhos e o vejo em meus pensamentos.

- Você passou muito tempo aqui dentro, precisa conhecer gente nova.

- Não preciso conhecer ninguém.

Eu estava deprimida, não queria conhecer ou até mesmo olhar para alguém. Eu queria dormir, para sempre. Parecia um exagero, mas não era.

Havia um buraco em meu peito e eu sabia que ninguém nunca mais preencheria aquele vazio.

- Nós vamos sair hoje à noite e não adianta dizer não. Você vai.

- O que deu em você?

- Eu estou me sentindo culpada pelo que fiz, acho que você deve me odiar.

- Se eu te odiasse você não estaria conversando comigo agora. - digo e a abraço.
- Está doendo não é?

- Não sei mais o que é dor, acho que me acostumei a me sentir vazia de novo.

- Então vamos preenchê-la. Hoje a noite, as 22h esteja pronta. - diz e se levanta
- Eu não...
- Não quero saber, até logo - ela diz e então finalmente desce.

Ouço um barulho, abriram à porta.
Droga deve ser Luna.
O que será que essa menina quer novamente?

- O que quer aqui Luna? Já disse que não vou sair. - digo e me viro para a porta.
- Oi filha.

Ah era minha mãe.

- Olha não quero brigar, estou meio ocupada e não quero ninguém aqui.

- Calma, eu só me preocupei. Você não sai desse quarto a semanas e de repente nem te vejo comer.
Quer conversar?

- Não quero conversar, eu só quero ficar sozinha.
- Tudo bem, eu te amo. - me deu um beijo na testa e saiu.

Não precisava de conversa, não precisava de carinho, eu só precisava dele aqui comigo.
Eu faria tudo para ter ele de volta.

Levanto-me para tomar um banho e tentar esquecê-lo.

Saio do banheiro e me olho no espelho.
Olhos inchados e a pele mais branca que nunca, pareço estar doente.

- Que se dane você. Você o machucou, tem que passar por tudo bem quieta. - digo e volto à cama.

Tomo mais alguns remédios e apago.
Acordo com um barulho estrondoso. Arrombaram a droga da porta do meu quarto.

- O que fizeram aqui? - digo sonolenta

- Filha, eu achei que tivesse se matado. - minha mãe diz nervosa e com os olhos vermelhos.
- Ainda não, mas precisavam arrombar a porta? - reviro os olhos.

- Nós ficamos 30 minutos batendo na porta e gritando você. - Ouço meu pai dizer.

- Agora já sabem que pela tristeza de vocês eu estou aqui, já podem sair.
- Não vou deixar você falar assim com sua mãe, ela se preocupa com você.

- Obrigada mãe, mas eu estou bem. Pode se retirar, por favor?
- Deixa Vinicius, ela está certa. Não deveríamos ter invadido assim. - ela diz se levantando.

- Amanhã eu peço para colocarem outra. - ele diz e sai.

Eu a amo, mas precisava ficar sozinha.
Deito e fecho meus olhos.
Meus pensamentos vão longe, e eu começo a lembrar de tudo o que ele disse.

"No momento em que você beijou a Luna, você perdeu a chance de querer qualquer coisa de mim".
"Você vai ficar bem."

Eu pareço bem Felipe?
Eu pareço satisfeita?
Eu pareço alegre ou até agradecida?

Não pareço, porque não estou.
Eu sinto falta dele e não vou esconder isso.

Essa dor não passa, meu coração parece que se escondeu, pois nem sinto ele bater.

Estou escura como um beco à noite, estou apagada como um poste no final da rua deserta. Ninguém se importa em ligá-lo.

Escuto meu celular vibrar.
Era Luna.
Atendo.

- O que foi?
- Sei que mereço sua grosseria, mas se arruma agora.
- Eu já disse que não vou.
- Você vai sim, não vou suportar te ver assim por minha causa.
- Não é por sua causa.
- Você o traiu, ele foi embora.

Desligo o telefone.
Não preciso que me joguem na cara o quão idiota eu fui, não preciso de ninguém.
Eu preciso dele e só.

Fantasy [Em Construção]Onde histórias criam vida. Descubra agora