Capitulo 39

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Nesses últimos dias que se passaram tenho tratado de evitar Bernardo, ele tentou falar comigo pelo telefone e até na empresa, mas deixei bem claro que enquanto não estiver disposto a ser sincero comigo é melhor ficar longe.
As palavras de Melissa ainda martelam na minha cabeça me fazendo pensar todos os dias no que ela quis dizer e o por quê de seu tom frio com o irmão.
Sei que por trás disso tudo há algo que eu preciso saber, mas como descobrir se as únicas pessoas que sabem nunca me contariam? Eu realmente perdi as esperanças.
Nesses 10 meses de namoro Bernardo sempre foi como um enigma pra mim, pensando bem o mais perto que cheguei de saber algo foi quando ele me levou ao zoológico, fora isso ele é um completo desconhecido. Em todas as nossas brigas o nome de Mariane aparecia, ela podia não estar presente mas sua sombra sempre pairava sobre nós.
Isso sempre me incomodou, pois sempre fui daquele tipo que prefere não ter nada do que ter só a metade. Se é para ter alguém que seja por inteiro, para que eu possa me entregar por inteiro também.
Deitada agora na minha cama me vem várias dúvidas, como: o por quê de Mariane aparecer outro dia na empresa dizendo a Bernardo que o assunto era sério, o por quê de ela aparecer na casa de seus pais no outro dia e o por quê de ter aparecido no jantar a alguns dias atrás. Pelo que parece é esse o grande mistério por trás de tudo, a notícia, a qual ela falou quando me aproximei da mesa no jantar.
Eu queria saber qual seria essa notícia, queria saber o por quê de todos me esconderem, mas, o que eu queria mesmo saber era o por quê de essa notícia deixar Bernardo tão mudado e tão distante de mim.
Bom, tudo bem que eu não conhecia o seu passado, nem os seus pensamentos e pontos de vista, mas mesmo assim eu sentia uma conexão fortíssima entre nós dois. Eu o amava de todo o coração e estava verdadeiramente disposta a me entregar e ver onde isso poderia me levar. Mas depois daquela noite da qual tenho certeza que minha surpresa foi adiada pelo fato de Mariane ter aparecido eu não sei mais se estou disposta a ir até o final disso, pois não sei o que encontrarei no fim, talvez se eu insistir nisso eu tenha que juntar os meus cacos mais tarde como Estela está tendo que fazer agora, talvez eu sofra, sofra como quando Léo me machucou, ou talvez sofra mais, pois o amor que sentia por Léo não é nem um terço do que eu sinto por Bernardo, por esses motivos e duvidas eu me vejo desistindo de tudo, tudo o que eu pensei que seria a minha salvação, que seria a minha libertação, libertação de um passado conturbado que deixou marcas que nunca mais serão apagadas, mas pensando por esse lado, vendo o outro lado da moeda, talvez não seja nada disso, talvez Bernardo seja a pessoa que destruirá tudo o que eu consegui construir depois de Leonardo, talvez Bernardo seja a minha perdição, seja a passagem só de ida para o lugar mais escuro da minha alma, talvez ele seja aquele que vai trazer todos os meus pesadelos de volta, e isso eu realmente não posso permitir.
Minha cabeça dói com tantos "talvez", odeio ter dúvidas e não ter as respostas certas para cada uma delas.
Como não adiantará em nada ficar deitada nessa cama olhando para o teto e vegetando eu decido tomar um banho e sair um pouco para espairecer a minha cabeça, ver gente, comer algo que me agrade e fazer algo que me alegre.
Entro no chuveiro e tomo um banho demorado, lavo meus cabelos e faço um banho de creme embaixo do chuveiro mesmo.
Saio e pego um vestido soltinho, hoje está um dia quente, adoro domingos assim.
Meu vestido vai até o meio da coxa, e sua cor mescla entre o branco o amarelo e o rosa. Coloco uma sapatilha branca, solto o meu cabelo e bato o secador para não sair com o cabelo molhado. Prendo minha franja em um topete e passo um batom nude, estou pronta.
Saio de casa e vou caminhando mesmo para o shopping, andar faz bem para acalmar os nervos.
Depois de uns bons 25 minutos caminhando chego, e vou até a praça de alimentação. Me demoro um pouco escolhendo o que quero comer, por fim me decido por uma comida mineira, tentar matar um pouco da saudade de casa. Entro no restaurante e logo vem um garçom me atender, faço o meu pedido e ele logo sai às pressas para atender uma outra mesa.

"Olha quem eu encontrei perdida". Ouço uma voz familiar atrás de mim.

Me viro e encontro os olhos negros de Leonardo me encarando.

"Oi Léo". Digo me levantando para o cumprimentar.

"Veio almoçar?". Me pergunta.

"É, matar um pouco da saudade de casa às vezes faz bem não é mesmo?"

"Coincidência, também estou aqui por sentir saudade". Ele dá um sorriso de lado.

"Pois é, às vezes é bom voltar às origens"

"Na minha opinião a maior burrice do ser humano é não continuar nas origens"

"É pode ser". Dou de ombros.

"Está sozinha Cat?"

"Sim, estou"

"Posso me sentar com você?"

"A, claro". Abro espaço para que ele se sente na cadeira vaga a minha frente.

Depois que nos sentamos, Léo chama o garçom e faz seu pedido, peço para que traga o meu junto com o dele.

"Então como anda o trabalho?". Ele pergunta.

"Estamos indo bem, a Arquitec é uma grande imprensa, sempre me surpreendo sabia?"

"Imagino". Ele fala.

"E você como anda?". Pergunto.

"Vou indo". Ele diz com um sorriso melancólico nos lábios.

"Essa resposta foi meio triste não acha?". Pergunto.

"É como estou me sentindo Cat, meio triste, mas deixa esse assunto pra lá, quando vai ir ver seus pais?"

"Entro de férias daqui duas semanas, aí vou passar o mês lá com eles"

"Que bom Cat, deve estar morrendo de saudades não é?"

"Você não imagina o quanto".

Nossa comida chega e comemos conversando sobre diversos assuntos, foi bom encontrar Leonardo aqui, bom para ocupar minha cabeça e tirar Bernardo um pouco dela.
Assim que terminamos de almoçar Léo diz que tem que ir, pois vai viajar daqui a alguns minutos para o Rio de Janeiro, amanhã bem cedo terá uma reunião de negócios por lá.

"Foi bom ver você Cat". Ele diz me dado um abraço e um beijo no rosto.

"Digo o mesmo". Retribuo o abraço.

"Até mais linda"

"Tchau"

Vejo ele se afastando, ele se vira joga um beijo no ar e eu aceno com um sorriso no rosto, nem aparece o Leonardo de alguns anos atrás, penso alto.
Olho em meu relógio e já se passam das 14:00, vou em direção ao cinema e há uma sessão que começará as 14:50, faltam exatos 25 minutos, compro o meu ingresso para um filme qualquer e sento para esperar que ele comece.

Sem barreiras para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora