Capitulo 9

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Hoje o dia não começou muito bem, acordei atrasada, não consegui achar um táxi de forma alguma então tive que vir a pé pro trabalho e pra completar uma vadia ruiva jogou quase que a garrafa de café inteira no meu vestido, esse vestido foi caro e ainda por cima e bege, vai dar trabalho pra tirar essa mancha.
Depois de xingar mentalmente todos os palavrões que me vieram à cabeça eu me acalmei e decidi que na hora do almoço passaria em alguma loja e compraria outro vestido, já que as 14:00 teríamos uma reunião com os donos de um outro projeto do qual eu não tenho conhecimento. Quando Carlos me disse que eu trabalharia no prédio iluminado eu não imaginei que no intervalo disso teríamos outras obras para executar, mais pelo que vejo vamos trabalhar em mais 4.
Mais enfim, aqui estou eu sentada na sala do senhor Montenegro com Carlos ao meu lado e Bernardo a minha frente, eles discutem animados a proposta que farão para os tais empresários, já eu? Não estou entendendo nem a metade do que estão dizendo.

"Algum de vocês poderia me deixar a par da situação? Por que pelo que eu vejo vou participar de uma reunião às 14:00 e não sei nada sobre o projeto"

As atenções são viradas pra mim, e Bernardo pede para que Carlos me explique os detalhes dos quais estavam discutindo a quase uma hora. Carlos me diz que será um prédio residencial de 45 andares e que todos os apartamentos serão de luxo, e que nossa equipe terá que trabalhar com uma empresa de decoração para que saia igual ao combinado. Depois de uns trinta minutos me explicando tudo Carlos encerra sua falação e eu fico mais calma e confiante para a reunião. Onde já se viu? Uma profissional ir para uma reunião onde não sabe nem o que será tratado?!

"Agora vocês podem continuar a falação"

"Agora você já tirou o foco senhorita Gonçalos." Bernardo diz

"Ué, você queria o que? Que eu fosse como uma gigolô atrás de vocês? Eu precisava saber do que se tratava a reunião, e o senhor ficou o dia todo comigo ontem e poderia ter explicado não acha?"

"Não, não acho. É a sua obrigação saber dos compromissos da empresa"

Depois que ele diz isso eu me altero, como assim minha obrigação? Eu cheguei aqui a menos de uma semana, e ele quer que eu saiba tudo de cor e salteado? Que cara babaca.

"Minha obrigação? Minha obrigação?". Altero a voz. "Se o senhor não se lembra eu cheguei aqui a menos de uma semana, como queria que eu soubesse de todos os seus projetos? E para a sua informação eu não sou sua secretária para saber dos seus compromissos, quando Carlos me disse que trabalharíamos aqui em cima ele falou também que seria apenas o prédio da cosméticos, não em disse nada sobre outras obras".

Carlos olha pra mim boquiaberto, e tenho certeza que foi pela minha petulância de aumentar a voz para o meu chefe, que por sinal é o dono disso tudo até da cadeira onde estou sentada.

"Mais até ontem trabalharíamos só no prédio da cosméticos mesmo Catarina". Carlos tenta se desculpar, ou melhor me explicar o por que desse tanto de obra.

"E não acha que eu deveria ter sido consultada? Para poder estudar as plantas e ver os horários das reuniões?"

"Sim devia, mais foi tudo muito rápido o senhor Montenegro me passou um e-mail ontem explicando que a partir de agora não trabalharemos mais lá em baixo, ele quer agente aqui em cima definitivamente".

Bernardo observa tudo calado olhando hora pra mim hora pra Carlos que está mais branco que papel, pelo que eu posso ver ele está morrendo de medo da reação do senhor Montenegro a minha gritaria.

"Pois é Carlos, ninguém me avisa nada, e esse idiota vem dizendo que é minha obrigação saber de reuniões das quais eu nem sabia que teria que fazer parte."

"Carlos pode me dar um minuto com Catarina por favor?" O idiota pede e Carlos se levanta calado e sai pela porta.

"A senhorita sabe que eu posso te despedir agora mesmo não é?"

"Estou pouco me lixando pra isso, quer despedir? Despeça. Emprego é o que não falta"

Bernardo olha pra mim com um olhar divertido, dá uma gargalhada e volta a se pronunciar.

"Não te despeço por que me divirto  com os seus surtos"

"Meus surtos? Tenha dó né. Não vai despedir? Então façamos assim, se dirija a mim só quando necessário, e eu farei o mesmo com os senhor por que na boa eu tentei ser legal, tentei ter uma relação amigável mais você só dificulta ainda mais, então de agora pra frente sejamos profissionais.

Me levanto e caminho em direção à porta, giro a maçaneta e quando vou abrir ouço:

"Catarina?"

Olho pra trás e vejo Bernardo me encarando.

"Sim?"

"Desculpa pela grosseria"

"Tanto faz"

Saio dali com uma vontade incontrolável de chorar, droga, por que eu sempre choro quando as coisas não saem do jeito que eu planejei? Mais que merda, eu não vou chorar, não tem o por que disso, foi só uma discursão no trabalho e não será a última. Não tem como esse dia ficar pior.

Sem barreiras para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora